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Preços dos grãos recuam em 2023 em Chicago, enquanto cacau e suco têm fortes altas em NY

Cacau e suco superaram alta do Ibovespa e S&P500, enquanto soja, milho e trigo acumularam queda ao longo do ano

Alexandre Inacio

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O ano de 2023 foi de bastante oscilação de preços para as commodities agrícolas. Enquanto praticamente todos os grãos acumularam perdas nos últimos 12 meses, produtos como cacau, açúcar, café e gado ofereceram ganhos significativos nas bolsas americanas.

A maior alta entre os produtos agrícolas foi a do cacau. O fruto viu suas cotações acumularem uma valorização de quase 60% em 2023 em Nova York, superando investimentos tradicionais do mercado financeiro como Ibovespa, S&P 500 e o dólar.

O motivo para uma valorização tão intensa foi a menor produção, especialmente nos países africanos, onde um vírus se espalhou pelas lavouras. Esse cenário indica que 2024 será, novamente, um ano de preços elevados para o cacau.

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Foi a terceira safra consecutiva em que a oferta de cacau foi inferior à demanda. Assim, os grandes importadores do fruto mantiveram a estratégia de reduzir seus estoques para atender à demanda.

Na bolsa de Nova York, o contrato de segunda posição – geralmente os de maior liquidez – terminou o último pregão do ano valendo US$ 4.167, queda diária de 1,28%. Porém, a alta anual foi de 61%. Os ganhos no cacau se intensificaram a partir de outubro, diante do aumento sazonal da demanda no Hemisfério Norte.

Em segundo lugar no ranking das commodities agrícolas que mais subiram no ano aparece o suco de laranja. Maior exportador do mundo, o Brasil viu sua safra de laranja encolher para perto de 305 milhões de caixas, 314 milhões na safra 2022/23.

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Aliado a isso, a qualidade das frutas também foi inferior. Também por causa da ameaça do greening, sobretudo nos EUA, o mercado aceitou pagar valores elevados, que superaram pela primeira vez US$ 4 por libra-peso em Nova York em novembro. Assim, a commodity encerrou 2023 com ganhos acumulados de 54,57%.

Completando o pódium das maiores altas entre os produtos agrícolas nas bolsas americanas aparece o gado confinado nos Estados Unidos. A oferta de animais para abate caiu vertiginosamente nos EUIA, levando os preços a atingirem patamares históricos e a acumularem ganhos de praticamente 20% em 2023.

A queda no abate de animais nos Estados Unidos este ano aprofundou o cenário negativo para JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3) no mercado americano. O volume mensal de animais enviados aos frigoríficos foi inferior ao registrado em 2022 e ficou abaixo da média dos últimos cinco anos.

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Mesmo fora do TOP 3 das altas, café e açúcar merecem destaque. Durante boa parte do ano, os exportadores brasileiros tiveram dificuldades logísticas para manter o ritmo de embarques de café, reduzindo a disponibilidade do produto no mercado.

Paralelamente, as incertezas sobre os efeitos do clima sobre as lavouras do Brasil, Vietnã e Colômbia contribuíram para a alta dos preços em Nova York. O Brasil, maior produtor e exportador do mundo, inclusive elevou, ao longo do ano, as vendas para países, em tese, concorrentes.

A queda nos estoques certificados da bolsa, aliás, também pesou para a alta das cotações. Na bolsa americana, o café acumulou em 2023 uma valorização de quase 10%.

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No caso do açúcar, durante boa parte do ano, as cotações dispararam e chegaram a atingir o maior patamar em 12 anos, como consequência dos problemas climáticos na Índia e na Tailândia.

Porém, a safra recorde no Brasil no ciclo 2023/24, com crescimento superior a 10%, e as usinas investindo para produzir mais açúcar em detrimento do etanol, acabaram limitando a alta. Em Nova York, os ganhos anuais acumulados foram de aproximadamente 8% em 2023.

Entre as maiores quedas do ano entre as commodities agrícolas estão as dos grãos. Depois de praticamente dois anos operando acima das médias, as cotações de soja – e seus derivados -, milho e trigo, aos poucos, se acomodaram em patamares mais baixos na bolsa de Chicago.

A maior perda acumulada foi a do milho. O cereal amarelo registrou uma queda de 29% no ano, diante de uma oferta muito acima do normal na segunda safra do Brasil. Além disso, 2023 foi um ano em que a oferta global voltou ao normal. 

Em segundo lugar, o óleo de soja registrou recuo de 27,4% no acumulado do ano. A baixa acompanhou a queda dos preços de praticamente todos os óleos vegetais no mundo durante o ano, resultado da boa oferta de girassol, canola e palma.

Aliado a esses fatores, o Brasil colheu uma supersafra de soja em 2023, garantindo o abastecimento das indústrias ao longo do ano. Outro ponto de pressão veio do petróleo, que também terminará o ano com queda nos preços.

Com perdas superiores a 18%, o trigo ocupa a terceira posição entre as commodities agrícolas que mais caíram em 2023 nos EUA. Apesar das tensões no Mar Negro, as perspectivas do mercado para a colheita na Rússia e na Ucrânia se mantiveram bastante positivas.

Ainda que a Rússia mantenha ataques a portos ucranianos no Rio Danúbio, a nova rota de escoamento permitiu que a Europa se mantivesse abastecida com o cereal durante todo o ano. Paralelamente, a safra americana se manteve em condições favoráveis, sem oferecer risco ao abastecimento.

Soja e farelo de soja também recuaram. Com uma desvalorização da ordem de 15%, as duas commodities sentiram os efeitos do aumento da oferta do Brasil e dos Estados Unidos, ainda que a Argentina tenha registrado perdas em sua produção.

O Brasil vai registrar um novo recorde no volume exportado. Porém, a queda dos preços começa a chamar atenção, sobretudo depois dos níveis recorde alcançados em 2022.

Apesar da considerável queda nos preços ao longo de 2023, o mercado ainda aguarda para ver os efeitos que a seca em Mato Grosso – maior produtor do Brasil – e no Centro-Oeste em geral terá sobre a oferta nacional e, consequentemente, mundial.

Há quem diga que o Estado terá a maior quebra de produção da história, o que possivelmente provocaria em 2024 um efeito oposto ao observado nos preços de 2023.

Por enquanto, as projeções indicam colheita em 2024 levemente maior do que o recorde de 2023. Porém, as estimativas têm sido revisadas constantemente, sempre para baixo.

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