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Exportações do agro caminham para um novo recorde, mas queda de preços preocupa 

Segundo a CNA, montante deverá alcançar R$ 164 bilhões em 2023

Fernando Lopes

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Diretamente responsáveis pelos superávits da balança comercial brasileira, as exportações do agronegócio deverão bater um novo recorde em 2023, impulsionadas pelo crescimento dos volumes de vendas de carros-chefes como soja, milho e carne bovina, e também pela valorização de commodities como açúcar e suco de laranja. Mas a continuidade da escalada no ano que vem está ameaçada, a depender da extensão dos reflexos negativos do clima sobre a oferta de grãos nesta safra 2023/24, principalmente, embora nem por isso o país deverá perder o posto de maior exportador líquido de alimentos do mundo.

Carg de soja no Porto de Paranaguá (foto: Reuters/Rodolfo Buhrer)

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela Consultoria Agro do Itaú BBA, em novembro os embarques do agro renderam US$ 13,3 bilhões, 9,7% mais que no mesmo mês de 2022. Com isso, nos primeiros 11 meses do ano o valor chegou a US$ 151,8 bilhões, um aumento de 2,8% ante igual intervalo do ano passado. Em um ano de queda de preços de grãos e carnes, produtos que lideram as exportações setoriais, trata-se de um resultado expressivo, mas a redução de margens desses segmentos nesse comércio, fundamentais para os resultados das agroindústrias exportadoras, tira um pouco do brilho do número isolado, embora robusto. Para 2023 como um todo, a CNA espera US$ 164 bilhões.

Em novembro, o preço médio dos embarques de soja em grão ficou em US$ 524,6 por tonelada, 14,5% inferior ao do mesmo mês de 2022. A tonelada do milho caiu 19,9%, para US$ 226,4. Nos dois casos, os balanços globais confortáveis entre oferta e demanda sugerem pouco espaço para altas expressivos das cotações, o que poderá restringir os resultados no ano que vem. Nas carnes, as cotações também continuam pressionadas. A tonelada da carne bovina in natura enviada ao exterior registrou queda de 12,1%, para US$ 4.593,4, enquanto a carne de frango in natura recuou 13,7%, para US$ 1.793,1. Nessa frente, o cenário pode melhorar, em parte por causa da queda de custos.

Fernando Lopes

Cobriu o setor de energia e foi editor do semanário Gazeta Mercantil Latino-Americana até 2000. Foi editor de Agro no Valor Econômico até fevereiro de 2023