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Quebra da safra de soja em Mato Grosso poderá ser a maior da história

Itaú BBA prevê redução de 20% em relação ao potencial inicial

Fernando Lopes

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As chuvas irregulares que ainda prejudicam as plantações de soja de Mato Grosso continuam a motivar cortes em estimativas para a colheita do grão no Estado e no país. Em relatório divulgado nesta quarta-feira, a Consultoria Agro do Itaú BBA reduziu sua projeção para a produção nacional para 153 milhões de toneladas, ante as 158 milhões previstas no início deste mês e volume já menor que o do ciclo 2022/23, que foi recorde (154,6 milhões de toneladas).

No início da semeadura de soja no Brasil em 2023/24, em meados de setembro, os analistas do banco trabalhavam com um potencial produtivo de mais de 163 milhões de toneladas. Mas uma quebra expressiva em Mato Grosso, provocada pela combinação entre El Niño e aquecimento das águas do Atlântico Tropical, não estava nos radares na época. A escassez de chuvas no Estado que lidera a produção brasileira de grãos, marcante também em dezembro, atrasou o plantio de soja, exigiu replantio em algumas áreas e está reduzindo a produtividade.

O Itaú BBA agora estima uma quebra em Mato Grosso da ordem de 20% em relação ao potencial, e prevê uma colheita inferior a 40 milhões de toneladas no Estado. “Cabe destacar que a maior quebra já ocorrida em Mato Grosso, de acordo com os dados da Conab, foi da ordem de 11% (safra 1989/90). Se estivermos corretos, este deverá ser o pior ano da história da oleaginosa no Estado”, diz o relatório do Itaú BBA.

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O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea/Famato) também reduziu sua projeção para a colheita de soja no Estado nesta safra, mas ainda trabalha com mais de 40 milhões de toneladas. Em boletim divulgado na segunda-feira, o órgão passou a prever 42,1 milhões de toneladas, 7% menos que em 2022/23.

Com a queda do cálculo para a produção, o Itaú BBA também diminui a previsão para as exportações brasileiras de soja em 2023/24, para cerca de 95 milhões de toneladas, ante 100 milhões em 2022/23. Embora o Brasil seja líder em produção e exportação de soja, as retrações no país não deverão gerar problemas para a relação global entre oferta e demanda, em boa medida graças à recuperação da produção na Argentina.

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