Publicidade
Enquanto o calendário se aproxima do período mais intensivo de testes da Eve Air Mobility, a subsidiária da Embraer (EMBR3) reforça sua capacidade de financiamento para colocar o primeiro “carro voador” no ar. Com cerca de US$ 550 milhões entre caixa e dívida disponíveis para os anos de 2026 e 2027, a companhia prevê mais interesse pelas suas ações — nos Brasil e nos EUA — após um aumento de capital em agosto.
Na última terça-feira (9), uma das principais apostas globais no desenvolvimento dos chamados eVTOLs (aeronaves de decolagem e aterrissagem vertical elétrica) anunciou uma nova linha de financiamento de R$ 200 milhões com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“É um dinheiro que é desembolsado à medida que o projeto avança. Assinamos e, conforme avançamos, esse dinheiro fica disponível. É uma linha pré-operacional longa, de 15 anos”, explica o CFO da Eve Air Mobility, Eduardo Couto, ao InfoMoney.
Em valores totais, a Eve já levantou US$ 1 bilhão, dos quais cerca de US$ 700 milhões vieram de ações e pouco menos de US$ 300 de financiamentos — a maioria, como o último feito pelo BNDES, de longo prazo. “A maior parte do recurso vai para o desenvolvimento do nosso eVTOL. É claro que tem a estrutura, mas 80% ou mais vão para o desenvolvimento”, diz Couto.
Do lado do caixa, a companhia fez um aumento de capital de R$ 230 milhões em agosto deste ano, resultando em sua dupla listagem, com a emissão de BDRs na B3 (EVEB31). Liderado por BNDES e Embraer, o movimento diluiu a participação da fabricante de aeronaves controladora da Eve para perto 70%.
Emissão de ações
Por enquanto, uma nova emissão não está nos planos da companhia e não vê sinalizações de uma nova diluição da Embraer, que pagou US$ 20 milhões. Entre outros efeitos, a operação de agosto buscou trazer mais liquidez para os papéis da companhia negociados em Nova York e em São Paulo.
Continua depois da publicidade
“Nossa liquidez total na bolsa, aqui e lá fora principalmente, era de menos de US$ 1 milhão de dólares por dia. Hoje, tem negociado de US$ 5 milhões a US$ 10 milhões”, conta Couto. “Já é um volume interessante para vários fundos de investimento, principalmente internacionais.”
- Leia também: Eve, da Embraer, não descarta fábrica nos EUA para driblar guerra comercial
- Leia também: Embraer registra bons resultados no 3º tri, mas por que as ações caíram?
Embora os BDRs emitidos em 2025 tenham sido comprados em sua maioria pelo BNDES, com cerca de US$ 75 milhões, os títulos tem movimentado entre R$ 200 milhões e R$ 500 milhões na B3.
“Estamos bem capitalizados e cobertos para 2026 e 2027. Não temos planos de levantar recursos no curto prazo depois de fazer essa operação”, afirma Couto. Ele explica que o foco da companhia agora está na execução e nos ensaios, que devem dar mais visibilidade para a companhia.
Continua depois da publicidade
Consumo de caixa
No terceiro trimestre de 2025 o consumo total de caixa da Eve foi de US$ 60,7 milhões, contra US$ 34 milhões no mesmo período de 2024. Quando considerados os nove meses até setembro, o consumo foi de US$ 143 milhões — em linha com a estimativa mais baixa na faixa projetada pela companhia em 2025, de US$ 200 milhões.
“Nós temos acelerado ano a ano. Em 2025, temos o guidance de US$ 200 milhões a US$ 250 milhões e devemos ficar próximo à parte mais baixa, algo como US$ 200. Ano que vem devemos acelerar um pouco, não muito”, explica Couto. “Agora vamos entrar nessa fase de ensaios, então continuamos tendo bastante investimento no desenvolvimento com os engenheiros, mas também teremos muito gasto com os ensaios de voo, então é possível gastarmos mais do que gastamos neste ano.”