Embraer (EMBJ3) registra bons resultados no 3º tri, mas por que as ações caíram?

Analistas apontaram expectativa de possível revisão para cima em projeções - o que não aconteceu

Lara Rizério

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As ações da Embraer (EMBJ3) registraram queda forte na sessão pós divulgação dos resultados do terceiro trimestre de 2025 (3T25). Os papéis EMBJ3 fecharam com baixa de 3,60%, a R$ 84,13.

Segundo o Itaú BBA, a Embraer reportou receita e EBIT (lucro antes dos juros e impostos) do 3T25 em linha com as expectativas, com efeitos pontuais positivos sustentando um lucro líquido 21% acima do consenso.

A fabricante de jatos reportou lucro líquido ajustado de R$ 289,4 milhões no terceiro trimestre de 2025, queda anual de 76,4%. O Ebit ajustado foi de R$ 927,2 milhões com margem de 8,5%, excluindo R$ 67,5 milhões de itens extraordinários, em comparação com R$ 1,649 bilhão com margem de 17,6% no ano anterior. No entanto, a empresa pondera que houve um item não recorrente significativo (US$ 150 milhões do acordo de arbitragem com a Boeing) no terceiro trimestre de 2024, que elevou a margem Ebit ajustada em cerca de 900 pontos-base.

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O Ebitda ajustado da fabricante somou R$ 1,276 bilhão entre julho e setembro, 35,4% menor do que um ano antes. A margem Ebitda ajustada caiu de 21,1% para 11,7% na mesma base comparativa.

Já a receita consolidada de R$ 10,9 bilhões, recorde histórico para o período, representou um aumento de cerca de 16% em relação ao mesmo período do ano anterior. 

A empresa reiterou sua orientação para o ano, e, considerando que as ações podem ter se valorizado nos últimos dias pela antecipação de uma possível revisão para cima dessa orientação, o BBA já esperava uma reação contida hoje.

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Nos nove primeiros meses, foram entregues 46 aeronaves comerciais, contra a previsão anual de 77 a 85 (73 em 2024). No segmento de aviação executiva, foram 102 entregas, ante previsão de 145 a 155 (130 em 2024). A margem EBIT ajustada ficou em 8,6%, dentro da faixa prevista (7,5% a 8,3%) e próxima dos 8,7% de 2024 (excluindo Boeing). O fluxo de caixa livre acumulado foi negativo em US$ 247 milhões, abaixo da meta de mais de US$ 200 milhões e do resultado positivo de US$ 676 milhões em 2024.

A companhia divulgou um impacto negativo de US$ 17 milhões relacionado às tarifas de importação dos EUA no 3T25, concentrado principalmente na divisão executiva, e antecipou na teleconferência que perdas adicionais de US$ 35 milhões podem ser registradas no 4T25, com possibilidade de redução desses impactos devido a esforços mitigatórios.

Para o Bradesco BBI, os resultados foram positivos no geral, com Ebitda ajustado 2% acima em relação à sua estimativa, mas significativamente (+7%) acima do consenso. Além disso, a Embraer reportou uma margem EBIT ajustada de 8,6% tanto no 3T25 quanto nos primeiros nove meses de 2025, reiterando também a projeção para 2025, que inclui uma margem EBIT de 7,5% a 8,3%.

“Lembramos que o 4T costuma ser sazonalmente mais forte, portanto, esperamos que a Embraer esteja em linha com sua projeção, com uma possível surpresa positiva. Também estimamos uma margem EBIT ajustada de 8,9% para 2025, que está acima do limite superior da projeção”, aponta.

Analistas de mercado seguem otimistas com a ação EMBJ3, que até a véspera subiam mais de 50% no acumulado de 2025. O BBI mantém recomendação equivalente à compra, com preço-alvo de US$ 72 para o ADR (recibo de ações negociado nos EUA) EMBJ. Já o BBA tem preço-alvo um pouco menor, de US$ 69, mas também possui recomendação de compra.

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O JPMorgan também possui avaliação semelhante, ressaltando que os múltiplos de negociação estão abaixo das concorrentes como Boeing e Airbus.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.