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Americanas: Balanço de 2023 não altera estratégia de recuperação judicial, reforça CFO

Camille Faria mantém playbook apesar de prejuízo de R$ 4,6 bilhões até o terceiro trimestre do ano passado

Felipe Mendes Rikardy Tooge

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A Americanas considera que seu desempenho, apresentado nesta segunda-feira (26) por meio dos balanços até setembro do ano passado, foi positivo. Isso porque deve-se levar em conta toda a crise que a envolveu desde o dia 11 de janeiro de 2023 e que foi selado por um prejuízo líquido de R$ 4,6 bilhões no acumulado até o terceiro trimestre.

“Esse resultado tem que ser olhado com cautela porque foram seis meses de reação a um pedido inesperado de recuperação judicial. Não tinha estratégia naquele momento, você nem conseguia entender o que era a operação”, relembra Camille Faria, CFO da Americanas, ao IM Business. “Somente no terceiro trimestre é que conseguimos implementar a nossa estratégia de reorganização.

Além do prejuízo, o patrimônio líquido ficou negativo em R$ 31,2 bilhões –  o que tornaria a empresa inviável financeiramente, não fosse a recuperação judicial. “A dívida que aparece neste balanço [cerca de R$ 50 bilhões], no fim das contas, pouco importa porque o plano de RJ será executado e vamos encerrar com uma dívida de R$ 1,87 bilhão, com todos os descontos e acordos que fizemos”, explica a executiva.

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Homologado nesta segunda-feira, o plano de recuperação judicial prevê a injeção de R$ 24 bilhões para a companhia, entre o haircut de dívidas e a entrada de recursos no caixa. Com isso, a Americanas projeta 2024 como um ano de transição para voltar a registrar números positivos em 2025, conforme último guidance informado ao mercado, em que prevê alavancagem de 0,75 vez e Ebitda de pelo menos R$ 1,5 bilhão.

Entre outros objetivos, a Americanas assumiu o compromisso de, até 24 meses, realizar processos competitivos para a venda da Uni.co, dona da Imaginarium, e da Hortifruti Natural da Terra (HNT), embora Camille reforce que não há pressa para fechar qualquer negócio. “Nós paralisamos as sondagens porque julgamos que não era o momento certo. Temos esses 24 meses para conduzir os processos, mas não somos obrigados a vender a qualquer preço. Hoje, estamos mais focados em colocar em prática nossa estratégia de reorganização”, afirma a CFO.

Camille Faria, CFO da Americanas (Divulgação)

Outro foco da gestão é reduzir ainda mais os custos operacionais da companhia (SG&A, em inglês). Com uma queda de apenas 7,5% até o fim do terceiro trimestre, Camille diz que uma parte dos cortes ainda não pode ser vista por conta de despesas não-recorrentes, como rescisões de contratos de funcionários, lojas e centros de distribuição – número que deverá ser visto com maior clareza no balanço do quarto trimestre. Para 2024, a CFO diz que não há uma decisão tomada sobre redução de lojas ou cortes de funcionários, mas que seguirá avaliando oportunidades para capturar maior eficiência.

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Por fim, Camille Faria destacou que, apesar dos desafios de reorganização, a empresa conseguiu incrementar em mais de 10 pontos sua margem bruta, em uma estratégia que priorizou produtos mais rentáveis nas lojas físicas, que foi a vertical do negócio que menos sofreu com a fraude contábil. 

A CFO da Americanas também minimizou o fato da BDO, auditoria externa contratada para avaliar o balanço, ter se negado a opinar sobre os resultados. “Era esperado que isso ocorresse porque, sem a homologação da RJ, eles não poderiam atestar que a empresa teria continuidade operacional. Os outros dois itens [auditoria na AME e investigação sobre a fraude] eles ainda não tiveram acesso e é normal que eles adotem esse conservadorismo.”

IM Business

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