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Logo depois que o ChatGPT foi lançado ao público, no final de 2022, o presidente-executivo da OpenAI, Sam Altman, disse aos funcionários que estavam no auge de uma nova revolução tecnológica.
Altman afirmou que a OpenAI poderá em breve se tornar “a empresa mais importante da história do Vale do Silício”, segundo dois ex-funcionários da companhia.
Não falta ambição no setor de tecnologia dos EUA. O presidente da Meta, Mark Zuckerberg, e o fundador da Amazon, Jeff Bezos, falam frequentemente em transformar o mundo. Elon Musk, presidente da Tesla, tem como objetivo colonizar Marte. Mas, mesmo para esses padrões, as aspirações de Altman se destacam.
Após um acordo com a Microsoft na terça-feira, que removeu os limites sobre como a OpenAI arrecada dinheiro, Altman apresentou planos ainda mais ambiciosos para construir uma infraestrutura de IA capaz de atender à crescente demanda.
A reestruturação marca um momento crucial para a OpenAI, consolidando sua transição de um laboratório focado em pesquisa para um gigante corporativo estruturado para levantar grandes somas de capital, podendo, eventualmente, abrir capital na bolsa.
Em uma transmissão ao vivo na terça-feira, Altman disse que a OpenAI está comprometida com o desenvolvimento de 30 gigawatts de recursos de computação, que exigirão investimentos de US$ 1,4 trilhão. Eventualmente, ele gostaria que a OpenAI fosse capaz de adicionar 1 gigawatt de poder de computação por semana — uma soma astronômica, já que cada gigawatt atualmente tem um custo de capital superior a US$ 40 bilhões. Altman afirmou que, com o tempo, os custos poderão cair pela metade, sem detalhar como.
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“A IA é um esporte de reis”, disse Gil Luria, analista da D.A. Davidson. “Altman entende que, para competir em IA, ele precisará atingir uma escala muito maior do que a OpenAI opera atualmente.”
No entanto, o executivo ofereceu poucos detalhes sobre como a OpenAI poderá realizar suas maiores ideias.
Altman já havia dito que a OpenAI está explorando uma série de opções criativas de financiamento. A empresa também fechou acordos incomuns e aparentemente circulares com empresas de capital aberto, como a Nvidia. Essas transações atraíram críticas por criarem a ilusão de um crescimento maior do que o real, levantando o espectro de uma bolha no mercado de IA.
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Trilhões de dólares
Em janeiro, Altman foi até a Casa Branca para anunciar o Stargate, um projeto de infraestrutura de IA de US$ 500 bilhões, no qual a empresa trabalha com Oracle, SoftBank, Nvidia e o provedor de serviços de computação em nuvem CoreWeave.
Ao lado do presidente dos EUA, Donald Trump — que ele já havia criticado como “irresponsável” — Altman disse que a iniciativa criará centenas de milhares de empregos. “Não conseguiríamos fazer isso sem o senhor, Sr. presidente”, afirmou na ocasião.
Na época, Altman disse que o projeto Stargate construiria 10 GW de capacidade de data center, que agora triplicou, segundo seus comentários recentes.
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Esses planos são apenas o começo, disse Altman. Para apoiar o investimento maciço, ele afirmou que “eventualmente precisamos chegar a centenas de bilhões por ano em receita”.
Isso exigirá que a OpenAI — que deve atingir uma taxa de execução anual de US$ 20 bilhões em receita até o final do ano — cresça dez vezes mais rápido que o ritmo atual.
A recém-formada Fundação OpenAI dirigirá a missão da empresa e usará seus recursos para aplicar a IA na cura de doenças e em uma nova iniciativa para financiar a “resiliência da IA”, disse a OpenAI, embora não esteja claro onde a empresa deficitária encontrará o dinheiro.
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Caminho para IPO
O ChatGPT provocou a mania da IA, forçando as grandes empresas de tecnologia a gastar bilhões para acompanhá-la. Desde então, Altman conduziu a OpenAI de uma organização sem fins lucrativos dedicada à pesquisa para uma empresa avaliada em US$ 500 bilhões, que tenta desenvolver sistemas de IA tão poderosos que podem alterar fundamentalmente a sociedade.
Altman, que cogitou brevemente concorrer ao cargo de governador da Califórnia em 2017, não detém participação acionária na OpenAI e ganha apenas US$ 76 mil por ano da empresa. A maior parte de seu patrimônio líquido vem de investimentos em grandes empresas de tecnologia, como Stripe, Airbnb e, mais recentemente, startups que buscam lucrar com o boom da IA provocado pela OpenAI.
Mesmo aos 20 anos, ele já era uma força. Em 2008, Paul Graham, fundador da Y Combinator, resumiu Altman, então com 23 anos: “Você poderia jogá-lo de paraquedas em uma ilha cheia de canibais e, em cinco anos, ele seria o rei.”
Altman, hoje com 40 anos, sucedeu Graham como presidente da aceleradora de startups em 2014.
A notícia da reestruturação de terça-feira, junto com o comentário de Altman de que uma oferta pública inicial (IPO) é o caminho mais provável para a OpenAI, sugere que ele está se preparando para financiar suas ambições mais grandiosas.
Na busca por seus objetivos, Altman fez alguns inimigos, incluindo o bilionário Elon Musk, cofundador da OpenAI e apoiador inicial que deixou a empresa em 2018.
Musk processou a OpenAI, alegando que ela se desviou da missão de ser uma entidade sem fins lucrativos. Ele também criticou o projeto Stargate por falta de financiamento.
Neste ano, vários ex-funcionários da OpenAI apoiaram o processo de Musk, argumentando que não se podia confiar em Altman para priorizar a segurança pública em detrimento dos lucros.
Há dois anos, Altman foi afastado da OpenAI após desentendimentos com a diretoria, mas foi reintegrado alguns dias depois.
Esse período será tema do filme de Hollywood “Artificial”, com lançamento previsto para o próximo ano. O ator Andrew Garfield, que interpretou o brasileiro Eduardo Saverin em “A Rede Social”, estrelará como Altman, segundo o IMDb.
