Quem é Ricardo Magro, alvo de megaoperação que mira o Grupo Refit

Empresário alvo da operação já foi citado anteriormente em outras investigações que miram fraudes no setor de combustíveis

Caio César

Ricardo Magro é dono da empresa Refit, investigada na operação Poço Lobato. Foto: reprodução/ Magro advogados.
Ricardo Magro é dono da empresa Refit, investigada na operação Poço Lobato. Foto: reprodução/ Magro advogados.

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Ricardo Magro, 51 anos, é advogado e o empresário a frente do Grupo Refit. Ele é um dos alvos centrais na megaoperação deflagrada na manhã desta quinta-feira (27) que investiga fraudes no setor de combustíveis.

Batizada de Poço de Lobato, a megaoperação cumpre mandados de busca e apreensão contra 190 suspeitos ligados ao grupo Refit, apontado como maior devedor de ICMS de São Paulo e o segundo maior do Rio de Janeiro. Segundo investigação, o esquema já teria causado prejuízo de R$ 26 bilhões aos cofres estaduais e federais.

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Magro é oficialmente dono da Refit, empresa responsável pela antiga refinaria de manguinhos desde 2008. A empresa, atualmente em recuperação judicial, acumula dívidas bilionárias em vários estados e levou o empresário a diversas investigações.

Ele também é apontado como sócio no escritório Magro Advogados, focado no setor de combustíveis. Na descrição, a empresa destaca que seus clientes “atuam em diferentes segmentos da indústria, desde o refino, passando pela distribuição e transporte, até a revenda dos combustíveis”.

Segundo a Receita Federal, a refinaria não recolhe tributos há anos, além de ter declarado falsamente importações de combustíveis e utilizar sua recuperação judicial para encobrir financiadores e manter atividades deficitárias.

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A refinaria está interditada desde setembro, após a Agência Nacional de Petróleo ter constatado tanques não autorizados, importação irregular de gasolina e ausência de registros de controle das operações.

Citado na Carbono Oculto

Em agosto, Magro foi citado na Operação Carbono Oculto, que investigou a infiltração do Primeiro Comando da Capital (PCC) no segmento de combustíveis e no mercado financeiro por meio de fintechs. À época, a companhia não chegou a ser alvo de busca e apreensão.

Em dezembro do ano passado, o empresário foi um dos envolvidos em outra investigação da Polícia Civil de São Paulo. A suspeita é de que ele teria utilizado 188 empresas distintas para cometer crimes fiscais e lavar dinheiro.

Em entrevista à Folha de SP, Magro negou associação com o PCC e afirmou, inclusive, sofrer constante ameaças de membros da facção por tentar combater os esquemas irregulares no setor.

Offshores e prisão em 2016

A extensa lista de investimentos de Ricardo Magro não se limita ao setor de combustíveis. Em 2016 ele foi preso por fraude em investimentos dos fundos de pensão. Neste caso, os desvios chegaram a somar R$ 90 milhões dos fundos Petros e Postalis.

Ele também foi citado na lista de brasileiros com offshores em paraísos fiscais no caso Panama Papers, um conjunto de 11,5 milhões de documentos confidenciais divulgados na investigação feita pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos.

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