Operação prende suspeitos de cobrar “mensalidades” no entorno da Reduc, no Rio

Investigação aponta que grupo comandado por traficante e pastor extorquia empresas da região industrial de Duque de Caxias; ação ocorre no mesmo dia da ofensiva nacional contra a Refit

Paulo Barros

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A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou nesta quinta-feira (27) a Operação Refinaria Livre para desarticular um grupo acusado de extorquir empresas que atuam no entorno da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), na Baixada Fluminense. Segundo informações da TV Globo, a quadrilha era comandada pelo traficante Joab da Conceição Silva e por um pastor que se apresentava como líder comunitário. Até o início da manhã, três homens haviam sido presos.

O inquérito indica que as empresas da área industrial eram obrigadas a pagar mensalidades ao tráfico sob ameaça de incêndio de caminhões, agressões a funcionários, paralisação forçada das atividades e bloqueio de acessos. A polícia afirma que o pastor visitava as companhias como mediador comunitário, mas impunha regras determinadas por Joab, como restrições à circulação de caminhões, contratações de moradores ligados ao tráfico e ofertas de suposta proteção.

Relatos de representantes empresariais, atas do Ministério do Trabalho e outros documentos apontam que algumas empresas chegaram a suspender operações por dias devido às ameaças. A investigação também identificou o uso de sindicatos e associações de fachada para pressionar empresários. Entre os contratados impostos pelo grupo estava a companheira de Joab, que teria atuado sem critérios técnicos. Ela ingressou em uma das empresas pouco antes do ataque à 60ª DP, em fevereiro de 2025, atribuído ao traficante.

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A polícia também apura a atuação do pastor fora do estado. No início de novembro, ele foi preso em Betim (MG) portando pistola, munição, dinheiro e granadas artesanais. Segundo os agentes, ele admitiu ter levado os artefatos de Duque de Caxias para intimidar trabalhadores e interromper serviços na Refinaria Gabriel Passos (Regap), sob o pretexto de apoiar um movimento grevista conduzido por sindicatos alinhados ao grupo criminoso. Para a investigação, o uso de explosivos reforça o padrão de intimidação e o risco ao transporte de combustíveis.

A ofensiva ocorre no mesmo dia em que uma megaoperação em São Paulo, Rio de Janeiro e outros estados cumpriu 190 mandados de busca contra suspeitos ligados ao Grupo Refit, maior devedor de ICMS de São Paulo, em investigação sobre fraudes no setor de combustíveis.

(com G1)

Paulo Barros

Jornalista, editor de Hard News no InfoMoney. Escreve principalmente sobre economia e investimentos, além de internacional (correspondente baseado em Lisboa)