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Equatorial: como uma das melhores empresas da bolsa conseguiu decepcionar tanto o mercado?

Mesmo sendo um caso "premium" dentro de um setor tão previsível como o de energia, empresa trouxe números muito abaixo da expectativa e ações derretem na B3
Por  Rafael Souza Ribeiro
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

SÃO PAULO – Decepcionante. Esse adjetivo define o sentimento do mercado com o resultado divulgado pela Equatorial Energia (EQTL3) na manhã desta quarta-feira (10). A empresa, que é um dos símbolos de eficiência e qualidade dentro de um setor que já é considerado previsível (o que diminui muito as chances de surpresas nos resultados trimestrais), vê suas ações despencarem até 4,2% na B3 nesta sessão, retornando aos patamares de R$ 53,50 pela primeira vez desde 17 de janeiro – em fevereiro, esses papéis já chegaram a valer R$ 61. Isso tudo em um dia de forte euforia nos mercados: o Ibovespa subia mais de 1% ao mesmo tempo que a Equatorial derretia.

Mas o que explica tamanha decepção com essa empresa, que é tida como uma das preferidas das grandes gestoras do Brasil e que só nesta década valorizou-se em 500% na bolsa, enquanto o Ibovespa caiu 5% de 2011 pra cá? Não só explicaremos nas linhas abaixo, como vamos dizer o que os analistas estão recomendando fazer com as ações EQTL3 após o balanço do 1º trimestre de 2017. Confira:

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Vendas caíram, custos aumentaram: como se salvar?
Vamos começar entendendo os números: a receita operacional líquida caiu 2,1% na comparação com o 1º quarto de 2016, para R$ 1,408 bilhão, ficando bem abaixo da média das projeções compiladas pela Bloomberg (R$ 1,68 bilhão). O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) ajustado alcançou R$ 263 milhões, 11,7% menor que do 1T16 e 32% abaixo das expectativas (média de R$ 387 milhões).

Fechando com “chave de ouro”, o lucro líquido ajustado mergulhou 38,9% na comparação ano-a-ano, fechando o 1º trimestre de 2017 em R$ 74 milhões, menos da metade do que a média da Bloomberg apontava: R$ 166 milhões. O lucro só não foi pior por conta da menor alíquota de imposto, explica a equipe de análise do Credit Suisse em relatório enviado aos clientes.

Segundo a própria Equatorial explicou, o volume de energia faturada pelas distribuidoras – que correspondem a 95% do resultado da Equatorial – explica bem a decepção: o volume faturado pela Cemar recuou 4,2% frente ao primeiro trimestre do ano passado, enquanto o volume de Celpa ficou estável. A fraqueza nos volumes de vendas foi reflexo das menores temperaturas registradas no Maranhão e Pará no período – estados onde estão localizadas as plantas – e também da recessão da economia brasileira. Sobre a recessão: dois dados retratam bem o problema: no mercado cativo, as vendas à classe industrial pela Cemar caíram 28% na comparação com o 1º tri de 2016; já na Celpa, a queda foi de 81% no mesmo período.

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Se nas vendas a Equatorial decepcionou, nos custos e despesas… também. Frente ao primeiro trimestre do ano passado, o número cresceu 42%, com destaque para o incremento de 148% na linha de provisões, passando de R$ 37 milhões para R$ 92 milhões, reflexo das medidas da empresa para frear o nível de inadimplência crescente, resultado de tarifa mais altas e o desemprego, segundo o time do Credit Suisse. “A primeira impressão é de resultados bem decepcionantes para o padrão histórico da companhia”, diz o Credit em relatório.

De acordo com a empresa, “o nível de provisão para crédito de liquidação duvidosa (PCLD) deve ainda permanecer acima da média durante o primeiro semestre de 2017, retornando gradativamente aos níveis históricos na segunda metade de 2017”. Ou seja, essa ocorrência deve prejudicar o resultado da empresa. Refletindo isso, a dívida líquida da empresa saltou de R$ 1,98 bilhão no primeiro trimestre do ano passado para R$ 2,71 bilhões nos primeiros três meses deste ano, o que representa um salto de 37%. 

Resultado ruim se tornará “regra?” Analistas dizem que não
Apesar do fraco resultado, para os analistas do Credit Suisse, o case de longo prazo da empresa continua muito forte, considerando que a empresa irá conseguir mitigar as perdas de energia, angariar novos clientes e haverá um aumento do consumo per capita onde as plantas estão localizadas. Na visão deles, o fraco desempenho deve ser temporário, já que outras empresas do setor já começaram a apresentar sinais de recuperação.

“Pelo jeito houve um efeito retardado dos resultados da Equatorial. O lado bom disso é que as outras empresas já mostram vários sinais de recuperação, indicando que este movimento deve ser realmente temporário”, afirmam os analistas do Credit. Já o BTG reconhece que o resultado foi fraco e o 2º tri não será diferente, “mas a natureza do business de distribuição limita o impacto da recessão”.

O BTG é um dos seis analistas que recomendam a compra das ações da Equatorial, segundo a Bloomberg. Outros 6 analistas possuem recomendação “manter” para o papel (na prática: quem tem não venda, quem não tem fique de fora) e nenhum analista atribui recomendação de venda para EQTL3.

Análise gráfica
Em termos gráficos, o Gap de Baixa aberto nesta quarta-feira com volume muito acima da média e com a abertura das Bandas de Bollinger para baixo (aumento de volatilidade na venda) refletem a decepção do mercado. Agora, o investidor deve ficar atento com a região dos R$ 53,45, pois a perda deste suporte acionará um pivô de baixa e abrirá caminho para a faixa de R$ 49,00, fundo sacramentado em dezembro do ano passado.

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Se você quiser saber mais sobre Equatorial, confira a partir do minuto 16:30. Guilherme Aché, fundador da Squadra Investimentos, explica por que tem ação da companhia desde o IPO:

 

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