A hora e a vez da educação financeira de crianças e jovens.
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Acreditar que a prosperidade acontece por meio do estímulo ao consumismo e ao acesso ao crédito fácil é insustentável.
Primeiro porque prosperar significa, antes de tudo, desenvolver-se pessoalmente e não necessariamente enriquecer. Portanto, enriquece aquele que prospera.
Segundo, porque, de acordo com Henry Ford, para se desenvolver pessoalmente e passar a gerar riqueza para si é preciso ter “uma reserva de sabedoria, de experiência e competência” e é aqui que entra a educação financeira, que está muito mais ligada à forma como as pessoas lidam com o dinheiro do que puramente com contas matemáticas.
A ausência da educação financeira, portanto, leva as pessoas a um comportamento financeiro desconectado da realidade financeira. A verdade se mostrou em números diante da atual crise que, na verdade, já havia se iniciado muitos anos antes.
50 milhões de inadimplentes devem dar uma ideia de como faz falta a educação financeira na vida das pessoas desde cedo.
Um país que estimula seus cidadãos a consumirem mais, que se endividem mais para ter mais, que se tornem dependentes dos recursos financeiros do sistema financeiro e que usem essa bandeira como o símbolo da prosperidade, está apenas repaginando a escravidão, por meio da cultura da armadilha financeira.
Sabe aquela sensação de estar andando em círculos?
Criar uma cultura financeira próspera significa estimular a organização e o planejamento financeiro, fomentando a poupança, para que o cidadão alcance seus sonhos de forma consciente e tranquila e, para isso, é necessário que ele não somente conheça, mas que entenda sobre a dinâmica do mercado, sobre como circula o dinheiro, sobre os tipos e formas de investimentos, sobre as diversas possibilidades que o mercado oferece, a fim de que ele possa ter, inclusive, a oportunidade de escolher o nível de risco que ele está disposto a correr, com relação às suas opções financeiras.
É injusto, senão desumano, sabendo como a economia é cíclica e como se movimenta ao longo dos tempos, fazer com que as pessoas permaneçam em total cegueira e dependência do sistema, sem lhes mostrar os caminhos e as opções financeiras.
O brasileiro médio não consegue sequer manter uma poupança.
Graças à cultura da armadilha financeira – tudo o que se ganha é para ser gasto – o brasileiro, que já não tem o hábito de poupar e tem aversão ao risco, mal conhece outro tipo de investimento além da caderneta de poupança e quando conhece, acredita que aquilo não é para ele. Por que? Porque esse nosso modelo de dependência financeira que reforça a crença do imediatismo, do viver o “aqui e agora” a qualquer custo, em função do alto endividamento de seus cidadãos, não tem interesse em criar de fato uma cultura financeira que promova o entendimento de que, para prosperar e gerar riqueza para si e para o próximo é preciso, primeiro, ter uma reserva de sabedoria que só se dará com o desenvolvimento de conteúdos, habilidades e atitudes.
Educação financeira de crianças e jovens. Se não for agora, quando?