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Tesla: após mais um resultado com “tudo” ruim, perspectivas são cada vez piores

A Tesla é uma companhia com sérios problemas operacionais e financeiros e não vai ser fácil – se conseguirem – reverter o quadro
Por  Marcelo López
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Num post ano passado eu já havia avisado que o relatório de desempenho da Tesla referente ao terceiro trimestre de 2018 seria o melhor da sua história, e que a partir de então seus números passariam a frustar as expectativas.

Os únicos que não estão desapontados somos eu e aqueles que realmente estão acompanhando a história – não os admiradores incondicionais do fundador e CEO da companhia, Elon Musk, que mais se assemelham a partidários fundamentalistas.

Pois bem, a Tesla divulgou nesta semana seu resultado referente ao primeiro trimestre de 2019 e, como esperado, foi um desastre. O mercado esperava lucro por ação de US$ 0,69 e, apesar dos maiores esforços dos contadores, a empresa registrou uma perda de US$ 2,90 por ação. Isso apenas semanas após a divulgação do guidance que apontava para lucro em todos os trimestres vindouros.

Na verdade, nenhuma linha dos demonstrativos veio com bons números. O caixa da empresa, por exemplo, caiu em cerca de US$ 1,5 bilhão, para US$ 2,2 bilhões. Vale a pena lembrar que ela tem dívidas superiores a esse montante e, para piorar, dívidas off-balance sheet ainda maiores.

Agora eles terão que reduzir o CAPEX, o que significa que não haverá muito desenvolvimento, algo nada condizente com uma empresa que se proclama “growth”.

Aliás, falando em “growth”, nos primeiros três meses do ano houve queda nas receitas dos automóveis – e uma queda brusca, por sinal. As vendas nesse período totalizaram US$3,7 bilhões, frente a US$6,3 bilhões no último trimestre de 2018. E as vendas no segmento de energia e bateria caíram 38%.

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Os estoques, que, na minha opinião, tendem a aumentar, já que a demanda está caindo, foram reprecificados para baixo, após mais um corte no preço dos carros. Como novos cortes foram feitos ainda nesse mês, podemos esperar mais uma remarcação no valor dos estoques nos próximos demonstrativos.

Durante a conferência de resultados, Musk disse que está pensando em começar a oferecer seguros aos compradores de Tesla. Como os carros da marca são os menos confiáveis de todos, as seguradoras cobram mais para segurá-los.

Então a ideia é que a fabricante de automóveis passe a oferecer a todos os carros com maior risco (Tesla) e maiores custos de reparação (Tesla), apólices a preços menores que as seguradoras, que têm experiência, conhecimento e escala para lidar com esse mercado? O que poderia dar errado com isso?

Segundo Elon, a empresa fabricaria cerca de 500 mil veículos por ano já em 2018. Foram somente 146 mil, com problemas na produção, diga-se de passagem.

Também durante o call, o CEO disse que a produção do semi-truck vai começar no próximo ano. Só tem um detalhe: a fábrica ainda não está nem montada! Ele se recusou a responder questionamentos sobre a quantidade de veículos pré-reservados. Eu tenho uma opinião: um número muito baixo.

A pergunta fica: como que alguém, em sã consciência, compraria antecipadamente e faria um depósito para um carro de uma fabricante extremamente endividada, com um péssimo track record de execução, inúmeros problemas na linha de montagem (e na tenda ao lado) e nos serviços, com entregas atrasadas, um CEO lunático com um histórico de mentiras que faria Pinóquio ter vergonha e que pode ser afastado a qualquer momento?

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Como já mencionei, a Tesla é uma companhia com sérios problemas operacionais e financeiros e não vai ser fácil – se conseguirem – reverter o quadro. Ela já dava prejuízo quando tinha créditos abundantes do governo e nenhuma competição.

Agora, com menos subsídios e mais competição de gigantes do setor, como Audi, Mercedes, Jaguar e Porsche, a demanda deve diminuir ainda mais. A Tesla não terá somente um problema de produção, mas, como já mencionei (e estamos vendo agora), ela terá um problema de demanda.

O track record de Musk é impecável: nenhuma empresa dele jamais deu lucro enquanto ele ocupava a cadeira de CEO e sua fama veio depois que foi expulso do Paypal por Peter Thiel, que recuperou o negócio, que estava a beira da bancarrota, e o vendeu por US$ 1,5 bilhão ao Ebay.

Não fosse por Thiel, nós nunca teríamos ouvido falar de Elon Musk. Não fosse pelos bancos centrais e pelas taxas de juros absurdamente baixas, investidores nunca teriam financiado uma máquina de destruir capital como a Tesla.

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Disclaimer: Esse texto reflete a opinião do autor e não constitui uma sugestão, recomendação, indicação e/ou aconselhamento de investimento. Nenhuma decisão de investimento deve ser tomada com base nas informações ora apresentadas, cabendo unicamente ao investidor a responsabilidade sobre qualquer decisão que venha a tomar.

O autor detém ou está engajado na negociação de valores mobiliários relacionados ao terma abordado nessa publicação para sua carteira proprietária e/ou para a de clientes sob sua gestão remunerada.

Marcelo López Marcelo López tem certificação CFA, é gestor de recursos na L2 Capital Partners, com MBA pelo Instituto de Empresa (Madrid, Espanha) e especialização em finanças pela principal escola de negócios da Finlândia (Helsinki School of Economics and Business Administration). Atuou como Gestor de Carteiras e de Fundos em grandes gestoras internacionais, tais como London & Capital e Gartmore Investment Management.

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