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Nascer pobre e morrer pobre nunca funcionou no Brasil

Em novo livro, escritor Jorge Caldeira diz que riqueza do País foi formada por imigrantes com o propósito de empreender
Por  Um Brasil
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Formado por imigrantes, o Brasil foi a primeira sociedade a receber pessoas de diversas partes do mundo que compartilhavam o mesmo objetivo: empreender. E, de acordo com o jornalista e escritor Jorge Caldeira, diferentemente do que pregava a história econômica clássica, foram os pequenos empreendedores que produziram a riqueza brasileira durante o período colonial.

Em entrevista ao UM BRASIL, o autor do livro História da riqueza no Brasil — cinco séculos de pessoas, costumes e governos diz que a nação brasileira nasceu com o espírito do empreendedorismo, divergindo do costume feudal vigente na Europa.

“O sentido da vida de empreender não era o sentido da vida europeia na época. Lá, era nasceu nobre morre nobre, nasceu pobre morre pobre. No Brasil, isso desde sempre não funcionou”, afirma o escritor.

Caldeira explica que instrumentos de pesquisas aperfeiçoados nas últimas décadas, como a econometria, permitiram fazer uma nova leitura sobre a riqueza brasileira. “Quem fez o passado foram novas técnicas de estudar o passado”, comenta, sobre suas pesquisas.

Fruto de 40 anos de estudo, o livro traz uma abordagem que mostra que a economia interna do País se desenvolveu muito mais do que se imaginava durante o período colonial.

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“A noção que os clássicos partilhavam era a de que se vivia em uma economia de subsistência. Contudo, o retrato que emerge da colônia é de um Brasil completamente diferente da ideia de que toda a riqueza ia para fora”, comenta. “A medida da economia colonial, no seu fim, era de que a economia brasileira era quase o dobro da metropolitana portuguesa. Isso quer dizer que, dado o regime de monopólio de comércio externo, o mercado brasileiro cresceu mais do que o setor exportador”, completa.

De acordo com seus estudos, Caldeira afirma que a economia brasileira era mais ou menos do mesmo tamanho da dos Estados Unidos em 1800. No entanto, como o País retardou a expansão do capitalismo ao manter a escravidão por mais tempo, ficou para trás, e no fim do século 20, a produção brasileira já era 15 vezes menor do que a americana.

Ele também ressalta que o crescimento do Estado brasileiro começou após a crise de 1929, quando o governo central respondia por menos de 2% da economia, e foi se encorpando com o passar das décadas, tendo se intensificado durante a ditadura militar. Desde então, o Estado seguiu se expandindo.

“O que tentei fazer nesse livro foi não olhar a produção de riqueza por meio de ideologias. Então, só tem duas análises: o tamanho de ontem em relação ao de hoje diz se crescemos ou diminuímos; e o tamanho do Brasil comparado ao resto do mundo diz se fomos para frente ou não. Nós temos de olhar o que deu certo, quando e por quê, e não ficar achando que a ideia ‘A’ sobre o mundo produz o certo.”

Um Brasil Convida empresários, especialistas, pensadores e acadêmicos de todo o mundo para análises precisas e aprofundadas sobre as questões mais importantes nos cenários econômico e político do País. Uma realização da FecomercioSP, a plataforma UM BRASIL reúne uma gama variada de visões, trabalha pelo aprimoramento do senso crítico do cidadão brasileiro e funciona como um hub plural de conexão de ideias transformadoras.

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