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As lições de uma small cap para poder se reerguer na maior crise do seu setor

Apesar das enormes dificuldades enfrentadas pela empresa, identificamos iniciativas que podem no médio prazo gerar valor e estancar o atual processo de downsizing
Por  João Paulo Reis
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Retomando a análise de empresas com um valor real, comentaremos sobre a Mills, companhia com 50 anos de experiência.

A Mills é a maior locadora de equipamentos ligados a serviços de engenharia do país. É líder nas grandes obras ocupando 50% deste mercado.  Além disso, está presente na construção de edificações locando todo tipo de formas e escoramentos.

Também tem uma área de aluguel de equipamentos de elevação à altura (plataforma aéreas), que atende tanto seus principais clientes da construção civil, quanto os clientes chamados de não construção.

O diferencial da Mills em relação à concorrência é a disponibilidade de um vasto mix de produtos, que muitas vezes são únicos no Brasil, não apresentando diferenças em relação às máquinas utilizadas nos EUA.

Ao contrário das principais concorrentes internacionais, ela não é fabricante de equipamentos, e isso traz uma vantagem. Permite oferecer aos seus clientes as melhores soluções não se prendendo a uma tecnologia própria.

Isso a faz concorrer de igual para igual com grandes empresas estrangeiras, que com a ajuda da legislação, impede que as mesmas importem e utilizem em suas operações locais equipamentos usados, já locados na America Latina. Isso não deixa de criar uma reserva de mercado.

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Outro ponto relevante em seus negócios é foco total na assistência técnica. O objetivo é evitar que suas máquinas e equipamentos fiquem mais de 1(um) dia parados, prejudicando a operação de seus clientes.

Logo, o investimento em manutenção preventiva é fundamental para o sucesso dessa estratégia.

Outro grande diferencial da Mills está na sua equipe de projetistas. Estes buscam a todo tempo soluções de engenharia para os seus clientes, que incluem por obvio a utilização de seus equipamentos.

A fim de contornar a crise que derrubou suas receitas dramaticamente (+ de 50% desde 2013), como foi dito, a Mills vem atuando em novas áreas, apresentando soluções para clientes que nunca haviam pensado em usar plataformas de elevação em seus negócios.

Eventos, limpeza de vidros e manutenção de ar condicionados em shopping, manutenção de parques industriais, são exemplos de negócios que já veem utilizando as máquinas, amenizando assim, as quedas de receitas.

Outra utilização que demonstra que a empresa está atenta a esse novo mercado foi a solução apresentada para PespiCo em suas fazendas de coqueiros no Nordeste. A produtividade da extração de coco aumentou brutalmente com a utilização de plataformas elevatórias. Assim, apesar de ser uma iniciativa recente, a Mills vem tendo gradual sucesso.

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O objetivo dessa iniciativa é garantir a utilização das máquinas, visando uma receita recorrente enquanto a empresa aguarda a recuperação da construção civil, área que sofre uma grande crise no país.

Mas mesmo com essas novas iniciativas, hoje, 50% das máquinas alugadas ainda são utilizadas na construção civil, e outras tantas são alugadas no mercado Spot, que são contratos de menos de 1(um) mês( Rock In Rio, Globo), com menor previsibilidade, apesar de mais rentáveis.

Outro negócio prejudicado com a crise foi a venda de máquinas usadas. Mas mesmo com a retração do mercado interno a empresa conseguiu vender 207 máquinas (de 6000) no mercado externo.

Em conjunto com as iniciativas de incremento de receitas e venda de ativos, a Mills vem fechando filiais de edificações leves, onde já não há um diferencial, restringindo o negócio a  uma batalha de  preço.Já foram fechadas 5(cinco) filiais no Brasil.

Outro problema sério que vem sendo enfrentado com eficiência é a inadimplência das empresas envolvidas na operação lava a jato. Além da cobrança das mesmas, a Mills já está buscando um posicionamento nas construtoras médias.

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 A Mills entende que o vácuo deixado pelas grandes construtoras será preenchido pelas construtoras médias associadas a empresas estrangeiras. Muitos dos engenheiros das grandes que possuem relacionamento com a Mills foram para as médias e estrangeiras, mantendo boas as perspectivas de negócios quando o mercado melhorar.

Assim, apesar das enormes dificuldades enfrentadas pela empresa, identificamos iniciativas que podem no médio prazo gerar valor e estancar o atual processo de downsizing.

Entendemos que vale a pena acompanhar de perto esse processo de redesenho da empresa diante da enorme crise, pois há valor para se extrair caso o seu mercado volte a prosperar.

Até mais!!!!

João Paulo Reis É gestor do Venture Value FIA, sócio da Biguá Capital desde o seu surgimento em 2006, acumulando experiência na seleção e análise das empresas listadas na Bolsa

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