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Europa 2017: Terrorismo e a geração mimimi

Enganam-se aqueles que acreditam que o maior problema da Europa é o terrorismo em si. O buraco é muito mais embaixo. O grande problema da Europa é que ela está deixando de ser a Europa que conhecemos. A nova geração de jovens europeus, a "geração mimimi", não está preocupada em preservar valores, princípios e costumes que fizeram da Europa este continente tal como ele é hoje.
Por  Alan Ghani
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Infelizmente, uma previsão fácil de acertar é que haverá terrorismo na Europa em 2017. No atentado de Paris em 2015, este blog havia antecipado (aqui) que seria o primeiro de muitos ataques – como de fato foram -, e que o recebimento em massa de refugiados, por mais nobre que seja a intenção, traria um problema para o continente: a entrada de uma série de terroristas islâmicos infiltrados na Europa.

Enganam-se aqueles que acreditam que o maior problema da Europa é o terrorismo em si. O buraco é muito mais embaixo. O grande problema da Europa é que ela está deixando de ser a Europa que conhecemos. A nova geração de jovens europeus, a “geração mimimi”, não está preocupada em preservar valores, princípios e costumes que fizeram da Europa este continente tal como ele é hoje.  Na visão de José Ortega y Gasset (Rebelião das Massas) – ainda muito atual para entender a realidade -, a nova geração de europeus acredita que a Europa nasceu pronta, que não houve um esforço monumental de gerações passadas para chegarem num nível tão avançado de civilização (conforto material, democracia, liberdades individuais). Não entendem que todas estas conquistas se apoiaram em difíceis virtudes dos homens.  Não tem um respeito pelo passado e muito menos uma visão de construção de futuro. Nas palavras de Gasset, este novo europeu (o homem massa) é o homem cuja vida carece de projeto e caminha ao acaso. Vivem apenas para desfrutar, pela busca do prazer obsessivo e diversão imediata, acreditando que seu pseudo hedonismo salvará o mundo. De acordo com Gasset, vivem pela “livre expansão de seus desejos vitais e a radical ingratidão a tudo quanto tornou possível a facilidade de sua existência”, componentes psicológicos da criança mimada. Entendem que o Estado de bem estar  é “um direito natural”, mostrando um total desconhecimento do passado recente e de princípios básicos de Economia.

O escritor e psiquiatra inglês Theodore Dalrymple, no Roda Via da TV cultura (29.12.2016), também toca na questão, dizendo que o jovem europeu carece totalmente de uma falta de sentido para a sua própria vida. Este sentido poderia ser dado pelo instinto de sobrevivência, espiritualidade, senso de família, patriotismo  (no  melhor sentido da palavra), etc…Nada. O principal objetivo desta nova geração é que homens e mulheres possam usar o mesmo banheiro e se exibir no Facebook.

Se de um lado, temos uma geração que carece de sentido; por outro, existe uma gama de imigrantes que tem um sentido de vida muito bem definido: querem impor uma cultura islâmica dentro da Europa. No passado, o imigrante respeitava a cultura local e se acomodava a ela. Hoje, na Europa, boa parte dos imigrantes, além de ser recebido pelo país, se sente no direito de transformar a cultura local de acordo com seus valores, crenças e visão de mundo sob a tutela da esquerda progressista e da geração mimimi. Em outras palavras, o imigrante de hoje se sente no direito de alterar a cultura daqueles que o receberam. Tal situação só é possível porque os europeus que os receberam não estão preocupados em preservar sua própria cultura diante de um total esvaziamento do sentido da vida.

Não é à toa que o filósofo Roger Scruton diz que a democracia exige fronteiras entre os países para preservar o convívio de indivíduos que tem um projeto comum de sociedade. E isso não tem nada a ver com o fato de ser imigrante ou não. Os EUA são uma nação de imigrantes, mas que bem ou mal compartilhavam os mesmos valores e um mesmo projeto de sociedade. A Europa de hoje é um continente no qual apenas um grupo tem um projeto bem definido: a islamização da Europa

Por fim, é um erro monumental acreditar que os países não mudam. Basta olhar o que era o Irã antes da Revolução de 1978/79 e o que ele se tornou hoje. O Líbano era conhecido como a Suíça do Oriente Médio. Já a Síria poderia ser chamada de país. Estes são apenas alguns exemplos de países que mudaram (para pior) na história recente. Infelizmente os ataques terroristas islâmicos continuarão na Europa em 2017, mas a maior ameaça para esta Europa que conhecemos hoje é a geração mimimi que acredita que a vida é uma grande canção de John Lennon (Imagine all the people…)

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Alan Ghani É economista, mestre e doutor em Finanças pela FEA-USP, com especialização na UTSA (University of Texas at San Antonio). Trabalhou como economista na MCM Consultores e hoje atua como consultor em finanças e economia e também como professor de pós-graduação, MBAs e treinamentos in company.

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