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Terror em Paris: o que não se debate na grande mídia

É mais fácil intelectualmente e mais confortante psicologicamente nos escondermos atrás dos belíssimos termos "pluralidade", "relativismo cultural" e "livres fronteiras" do que tentarmos debater as medidas de contenção do Estado Islâmico que passam por temas nada politicamente corretos
Por  Alan Ghani
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Eu me pergunto se, na década de 30, as pessoas que viram o nascimento do Nazismo na Europa tinham noção naquela época das consequências que o regime traria à humanidade? Eu aposto que não, tamanha a adesão da população aos discursos de Hitler antes dos extermínios de judeus.  

Hoje, eu me pergunto se as pessoas têm noção do risco que o Estado Islâmico representa para a civilização ocidental? De outra forma: quais são as diferenças do Nazismo para o Estado Islâmico na essência? O Nazismo queria construir uma civilização baseado na raça ariana sob um regime totalitário, no qual quem se opusesse a ele era assassinado. O grupo Estado Islâmico quer construir uma nação em nome do Islamismo radical, no qual quem não o seguir é assassinado com requintes de crueldade. Percebam a existência de uma essência comum no Nazismo e no Estado Islâmico: movimentos totalitários que exterminam qualquer opositor à sua ideologia.

Temos uma péssima mania de achar que as mesmas barbáries que ocorreram no passado (não tão distante) não se podem repetir sob outros nomes, outras bandeiras, outras ideologias. Enxergar a realidade ou a busca pela verdade nem sempre é um processo intelectual e psicologicamente confortante. É mais fácil rotularmos que os atentados são casos isolados de um pequeno grupo extremista ou que os intelectuais que falam em 3º guerra mundial (ex: Glenn Beck) não passam de exagerados e teóricos da conspiração. Claro, ninguém gosta de ter fama de louco e exagerado, não é mesmo? 

Também é mais fácil intelectualmente e mais confortante psicologicamente nos escondermos atrás dos belíssimos termos “pluralidade”, “relativismo cultural” e “livres fronteiras”, do que tentarmos debater a questão de verdade com todas as contradições envolvidas. Claro, ninguém quer correr o risco de ser rotulado injustamente de “reaça”, “racista”, “fascista”, “islamofôbico”, não é mesmo?

Gostaria de uma explicação lógica de como falar em tolerância e relativismo cultural com pessoas que visam a destruir a civilização Ocidental? 

Então, qual a solução para frear o Estado Islâmico? Não faço a menor ideia e acredito que estamos muito longe de uma solução desde que resolvemos fugir de um debate aberto, adulto, racional e sem medo da patrulha politicamente correta.  Só entendo que a contenção do Estado Islâmico passará pelas seguintes questões:  

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É louvável e generosa a ajuda humanitária a refugiados islâmicos de países em guerra. Mas evidentemente que junto dos refugiados entram agentes infiltrados do Estado Islâmico. Como separar o joio do trigo? 

De acordo com a pesquisa do Instituto Pew  (vídeo aqui) existem 600 milhões de radicais no mundo a favor da sharia, a mesma lei que fala em morte de homossexuais e apedrejamento de mulheres adúlteras. 1,6 milhão de muçulmanos que vivem na França afirmam que atentados terroristas suicidas podem ser justificáveis ocasionalmente. Será que temos apenas uma minoria radical de islâmicos no mundo?

Num mesmo continente (europeu) temos pessoas tolerantes em relação às opções religiosas e que defendem o Estado Laico; do outro, milhares de pessoas que defendem que a leis de Estado sejam baseadas na sharia. Como irão conviver esses dois mundos? Será que os filhos dos novos radicais islâmicos irão incorporar os valores da cultural local ou os valores da civilização ocidental entrarão em declínio (já estão)? Lembrando que a taxa de natalidade dos países europeu é baixíssima.

Goste ou não dos EUA, mas a retirada das tropas americanas por Barack Obama levou à região ao caos, possibilitando o surgimento do Estado Islâmico. Por que será que o grupo não surgiu durante a presença americana? Aliás, por que será que o Estado Islâmico não conseguiu ainda dominar Israel: eficácia da diplomacia israelense ou preparo do seu exército?

Esses só são alguns exemplos da complexidade e dos desafios em debater o tema, separando os bons muçulmanos (a maioria) dos muçulmanos radicais, e o Islamismo como religião, do Islamismo político-radical utilizado como massa de manobra para atrair inocentes úteis a serviço de um projeto totalitário. 

Como observou o intelectual Flavio Morgenstern, o Nazismo não nasceu de Adolf Hitler, mas Hitler é um produto do Nazismo (veja aqui). Analogamente, o Estado Islâmico já produz psicopatas em série sob o silêncio ou o relativismo cultural da mídia politicamente correta e dos intelectuais progressistas. Não será nenhuma surpresa aparecer um novo Hitler falando árabe e vestindo um capuz preto.

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Alan Ghani É economista, mestre e doutor em Finanças pela FEA-USP, com especialização na UTSA (University of Texas at San Antonio). Trabalhou como economista na MCM Consultores e hoje atua como consultor em finanças e economia e também como professor de pós-graduação, MBAs e treinamentos in company.

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