Com quase R$ 500 bi sob gestão, BTG Asset mira produtos com capacidade global

Gestora completa 25 anos com destaque na Premiação Outliers InfoMoney, destacando o momento para a diversificação internacional e o crédito privado estruturado

Jamille Niero

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A BTG Asset vê na diversificação de portfólio a principal oportunidade para investidores no momento, especialmente diante de um cenário econômico em constante mudança. Segundo Tiago Lima, head de distribuição da gestora, ampliar a exposição a ativos globais e alternativos — ainda pouco presentes nas carteiras dos brasileiros — é um movimento essencial para quem busca se preparar para diferentes cenários.

“Estar preparado para diversos cenários é fundamental, e a diversificação é um caminho essencial para isso”, observa o executivo em entrevista ao InfoMoney.

A BTG Asset foi uma das gestoras que se destacou na Premiação Outliers InfoMoney, sendo reconhecida em duas categorias. Obteve o terceiro lugar entre as melhores gestoras de alternativos e também foi top 3 na categoria melhor fundo de previdência de renda fixa crédito privado, com o BTG Pactual Yield Prev.

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Completando 25 anos com quase R$ 500 bilhões sob gestão, além de presença em mais de oito países, a casa pretende aproveitar sua estrutura internacional para desenvolver produtos com capacidade global, seja com exposição ao Brasil como mercado acessório ou com estratégias puramente estrangeiras.

Lima conta que a ideia é oferecer soluções que contemplem desde perfis conservadores até alocações mais sofisticadas, passando por renda fixa, multimercados e crédito estruturado. Outro pilar estratégico é o fortalecimento da franquia de crédito privado, que já representa uma parcela significativa dos recursos sob gestão.

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Confira abaixo a íntegra da entrevista com Tiago Lima, head de distribuição da BTG Asset:

InfoMoney: Para começarmos, pode contar sobre a trajetória da BTG Asset e em quais verticais vocês atuam hoje?

Tiago Lima: A BTG Pactual Asset Management completa 25 anos de atuação agora em 2025. A asset nasceu no início dos anos 2000 e sempre cresceu de forma orgânica, salvo recentes aquisições. Nosso mantra é preservar o capital dos clientes no longo prazo, com grande alinhamento entre sócios, colaboradores e cotistas. Todos pagam as mesmas taxas, e nossos recursos estão investidos nos fundos também.

Começamos com produtos de renda fixa e fomos evoluindo para multimercados. Queremos ser uma power house de asset management. Hoje temos uma prateleira completa: desde produtos mais conservadores de renda fixa, crédito privado, multimercado, renda variável e uma estrutura robusta em alternativos – como Real Estate, Timber (investimento florestal) e Private Equity.

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Recentemente, também desenvolvemos outras estratégias. Estamos chegando a cerca de R$ 500 bilhões sob gestão, considerando recursos próprios, de terceiros e de clientes. Estamos animados com o potencial e o futuro, a respeito dos desafios que sempre vivemos e viveremos no Brasil.

IM: E em relação à governança? Quais boas práticas vocês adotam e qual delas você destaca?

TL: Uma das principais práticas é o nosso mantra de preservar o capital. Utilizamos a estrutura do banco, mas com áreas apartadas – como a administradora e a área de risco. Criamos um ecossistema de forte de processos. Cada vertical de gestão tem seu próprio comitê de investimentos e tomada de decisão. Todas elas com esse foco não só de preservar o capital, mas de gerar consistência de retorno e resultados ao longo do tempo.

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A presença local é outro ponto importante. Estamos em mais de oito países, com hubs internacionais e uma força grande na América Latina, mas sempre com times locais e conhecimento na ponta. Isso garante que as decisões sejam rápidas e bem fundamentadas.

Uma asset management é feita de pessoas, então valorizamos muito o capital humano e o partnership como forma de governança. Ter o banco como sócio nos permite focar na infraestrutura de gestão e não em questões operacionais, como pagar a conta de luz.

IM: A BTG Asset ficou entre as três melhores na categoria gestora de alternativos no prêmio Outliers. Qual você acha que foi o diferencial da casa nessa conquista?

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TL: Acredito que não tem milagre, o diferencial é o foco, a dedicação e o tempo de trabalho conjunto das equipes. Aprendemos com os erros e incentivamos a busca por inovação e conhecimento. Isso gera um efeito de compounding em conhecimento e qualidade de gestão.

Já atingimos a nota máxima de excelência pela Fitch Ratings, e o maior desafio é manter esse patamar. Esse reconhecimento avalia não só governança, mas também a consistência dos resultados e a capacidade do time. Nosso objetivo é sempre estar no primeiro quartil da indústria, entregando bons resultados constantes a médio e longo prazo com menos volatilidade.

IM: A BTG Asset também ficou no top 3 na categoria melhor fundo de previdência de renda fixa crédito privado. Como avalia esse mercado e por que o fundo da casa se destacou na premiação? O que torna ele atrativo?

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TL: A previdência tem um foco muito estratégico para nós. Entendemos que há uma oportunidade muito grande nessa categoria, especificamente, porque ainda tem menos produtos, o grau de competitividade acaba sendo menor e sempre nos preocupamos em estruturar produtos com foco no longo prazo aos investidores, que é o que a previdência propõe, uma aposentadoria de qualidade. Nos preocupamos muito com o design desse tipo de produto e conseguimos utilizar todo nosso ecossistema de gestão, principalmente de crédito.

Nossa franquia de crédito privado é muito forte. Boa parte dos nossos quase R$ 500 bilhões sob gestão vem desse segmento. Temos muita inteligência vinda do banco e um ecossistema sólido que nos permite transitar capital humano entre áreas. Isso nos ajuda a construir produtos resilientes, e a previdência tem crescido de forma consistente dentro da casa.

IM: Para encerrar, que oportunidades você vê hoje para os investidores? E qual dica você daria para quem quer aproveitá-las?

TL: Diversificação é a palavra-chave. Olhando para os últimos 20 anos e para os próximos 5, 10, 15 anos, é essencial estar preparado para diferentes cenários. Temos muito foco hoje, olhando para a frente, em desenvolver produtos com capacidade internacional.

Aproveitar o footprint [ou ‘gráficos de pegada’, que transforma os dados de volume em um mapa visual do comportamento do mercado] que temos em outras regiões e países para desenvolver produtos que tenham o Brasil como mesa acessória ou não. Produtos pure play [ações emitidas por uma empresa que opera em um setor], seja dos Estados Unidos, Chile, Colômbia, México ou Europa.

Novamente, a diversificação é importante. É uma mensagem para o investidor, porque a despeito de todas as mudanças na política macro e fiscal, e os desafios econômicos que o Brasil vem tendo, não ocorrem só aqui, mas lá fora também, então a diversificação vale para os dois lados.

Só que o investidor brasileiro ainda é pouco exposto a ativos globais e alternativos. É importante não concentrar tudo em crédito privado ou renda fixa conservadora. Na pandemia vimos os juros em 2% e agora estão na outra ponta, mas isso pode mudar daqui a alguns anos.

“A grande mensagem é estar preparado para os diversos cenários que podem ser impostos daqui para frente.”

Isso sempre vai acontecer, é normal, e nossa proposta de valor é oferecer produtos que consigam abarcar todos os perfis de clientes e eles consigam se servir, seja também no produto ali de emergência, o money market, um pouco mais de pimenta ali com crédito, um multimercado.

Daqui a pouco vamos voltar a falar de bolsa, olhando para frente começamos a ver uma luz voltando para esse tipo de produto, mas hoje vejo um grande momento para crédito mais estruturado, com perfil de robustez no design do produto. Essa parte de internacionalização, alguns produtos também voltados para carteiras mais passivas e personalizadas. Temos trabalhado bastante a diversificação de carteira.

Também reforço a importância de delegar a gestão para profissionais. Mesmo eu, que sou da distribuição, prefiro deixar a alocação nas mãos de quem vive isso no dia a dia. Isso traz mais tranquilidade e proteção de capital no longo prazo.

Jamille Niero

Jornalista especializada no mercado de seguros, previdência complementar, capitalização e saúde suplementar, com passagem por mídia segmentada e comunicação corporativa