Focus revela “abismo” entre visões de mercado e Governo, diz economista

Analistas enfatizam a influência externa na redução de projeção do PIB no aumento da projeção de inflação

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SÃO PAULO – As novas projeções do relatório Focus divulgadas na manhã desta segunda-feira (21) trouxeram aumento da expectativa de inflação e queda da projeção do PIB (Produto Interno Bruto) para este ano, o que não chega a ser uma surpresa, entretanto, há uma distância nítida entre o cenário de mercado e o discurso do Governo, avalia o economista André Perfeito, da Gradual Investimentos.

“Não que esta distância entre projeções seja tão grande, afinal quando se trata de projeção de séries temporais nós sabemos quão voláteis podem ser os resultados, mas o verdadeiro abismo entre o mercado e o governo é em relação às consequências dos valores encontrados”, afirma Perfeito.

LCA prevê apenas mais um aumento da Selic
A LCA Consultores destaca a resistência das expectativas de inflação, que continuam apesar das projeções de crescimento do PIB para 2011 e 2012 terem começado a ficar abaixo do ritmo potencial estimado pelos próprios integrantes do Focus.

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Para a próxima quarta-feira (23), data em que será divulgado o IPCA-15 de março, a equipe da LCA espera ver uma alta nos preços de produtos agropecuários, embora um avanço do segmento alimentação e bebidas em escala semelhante à registrada no final de 2010 seja pouco provável.

Dessa forma, a consultoria segue projetando “um derradeiro aumento da Selic, de 50 pontos-base, em abril – o que levará as condições monetárias a patamar capaz de garantir a convergência da inflação ao centro da meta”.

No entanto, a LCA destaca que caso elementos de pressão inflacionária não sejam contidos, há alta probabilidade do Banco Central editar novas medidas macroprudenciais, principalmente no que se refere à contenção do consumo de bens duráveis.

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Cenário internacional conturbado mexe com PIB
Neste sentido, a MCM Consultores dá ênfase ao conturbado cenário internacional como fator de maior influência para a redução da perspectiva de crescimento, apenas a catástrofe ocorrida no Japão deverá impactar em até 0,3% do PIB mundial.

Por outro lado, os EUA contribuem para conter o pessimismo na medida em que o ritmo de recuperação de sua economia sugere crescimento de 3,5% em 2011 e 3,8% em 2012.

Inflação importada
No campo da inflação, as preocupações externas tomam corpo com a instabilidade no Oriente Médio, que gera alta do petróleo, além das taxas de crescimento da China e o aumento das importações japonesas frente à necessidade de reconstrução do país.

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Por isso, a MCM crê que “a inflação importada continuará tendo papel significativo na determinação da inflação interna”, finaliza a equipe da consultoria.