Brasil precisa de parceria entre poderes para não haver retrocesso fiscal, diz Ceron

Secretário do Tesouro Nacional repetiu que governo não tem espaço para renúncia de receitas ou ampliação de gastos públicos; novas medidas de cunho fiscal serão anunciadas em "momento oportuno"

Reuters

O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron (Thiago Vianna)

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SÃO PAULO (Reuters) – O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse nesta quinta-feira que o Brasil precisa de “compactuação entre poderes” para que não haja retrocesso na recuperação fiscal, com a qual, segundo ele, o governo tem um compromisso “irretratável”.

Em entrevista à GloboNews, Ceron disse que o governo não tem espaço para renúncia de receitas ou ampliação de gastos públicos na atual situação fiscal. Ele disse que estão sendo discutidas novas medidas de cunho fiscal para lançamento em “momento oportuno”, e disse que o governo avaliou jeitos de revisar gastos.

Ele afirmou que compreende pedidos “meritórios” por parte da sociedade e do Congresso para investimentos em determinadas áreas, mas ponderou que o governo não tem espaço para renúncia de receitas ou ampliação de gastos públicos na atual situação fiscal.

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No início da semana, ao apresentar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025, o governo propôs uma meta de superávit primário zero para o próximo ano, em uma redução do esforço fiscal anunciado anteriormente, e diminuiu o ritmo do ajuste das contas públicas para os anos seguintes.

Ceron indicou que as novas metas fiscais ainda apontam para um “processo desafiador” de ajustes das contas, mas admitiu que o ruído gerado pela alteração dos objetivos trouxe dúvidas sobre o compromisso fiscal do governo.

“Retroceder, é muito difícil de entender a razão para isso. Por que nós vamos colocar em risco com o país algo que estamos conquistando com tanto esforço?”, questionou.

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Oscilações no câmbio

Ele comentou ainda que os recentes desenvolvimentos no cenário cambial e seus possíveis reflexos para a inflação “ligam um alerta para todos os Poderes”, indicando que um retrocesso na questão dos preços pode penalizar a camada mais pobre da população.

“Acho que essa semana a questão do câmbio e o reflexo que isso pode gerar sobre a inflação liga um alerta para todos os Poderes”, disse Ceron.

Nesta semana, o dólar teve uma sequência de ganhos expressivos ante o real, atingindo seu maior valor em mais de um ano. Na quarta-feira, a moeda norte-americana se aproximou do patamar de R$ 5,27 reais na venda, antes de recuar no dia seguinte e fechar em R$ 5,2445.

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Os avanços do dólar no Brasil têm ocorrido em meio ao ganhos generalizados da moeda norte-americana no exterior, com investidores reagindo à perspectiva de juros altos nos Estados Unidos por mais tempo e às tensões no Oriente Médio, além de, localmente, às preocupações com as contas públicas.

Cenário estressado

Ceron apontou que o cenário externo está “muito estressado” no momento e argumentou que qualquer ruído, seja no exterior ou internamente, pode impactar o câmbio e, em consequência, prejudicar as famílias com uma alta da inflação.

Para evitar uma piora na situação econômica, o secretário defendeu que o país siga no caminho de aprovação de “reformas corretas”, o que garantirá a sustentabilidade do crescimento com uma inflação baixa.