Cabo Daciolo pode ter um papel mais importante do que parece na eleição, diz Financial Times

Segundo o texto, ao surgir como o candidato da extrema direita, Daciolo está fazendo com que Bolsonaro pareça "mais moderado"

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Para um político que até pouco tempo ninguém sabia quem era, o candidato à presidência Cabo Daciolo já evoluiu bastante desde o primeiro debate há duas semanas. Após ganhar protagonismo nas redes sociais com uma pergunta sobre a “Ursal”, o presidenciável agora é destaque em uma matéria do Financial Times.

Em artigo publicado na segunda-feira (20), o enviado especial da publicação britânica diz que lutava para se manter acordado no debate da Band, mas que despertou quando Daciolo fez sua pergunta sobre a Ursal (União das Repúblicas Socialistas da América Latina) para Ciro Gomes, explicando aos leitores internacional que esta espécie de União Soviética da América Latina não passa de uma grande mentira espalhada na internet.

Porém, este que poderia ser apenas mais um dos vários candidatos folclóricos que o país já teve, pode desempenhar um papel mais importante nestas eleições, aponta o texto. Em um cenário bastante dividido, com Lula liderando as pesquisas, mas estando preso, e Geraldo Alckmin sem muita força, Daciolo já deixa dúvidas se não poderia acabar pegando uma fatia de eleitores de Jair Bolsonaro, deixando a disputa mais acirrada ainda.

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O Financial Times diz que Daciolo está longe de ser “o candidato mais maluco destas eleições”, já que no campo dos deputados, existem nomes como “Bin Laden” e até mesmo o “Pica-pau” como candidatos. Além disso, ele não tem a força para substituir, por exemplo, o famoso Enéas.

“No entanto, alguns acreditam que com a corrida tão aberta, Daciolo, cujas mais recentes brincadeiras incluem rezar e jejuar em uma montanha depois de afirmar que ele havia recebido ameaças de morte, poderia ter mais impacto do que candidatos marginais anteriores”, afirma a publicação.

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Segundo o texto, ao surgir como o candidato da extrema direita, Daciolo está fazendo com que Bolsonaro pareça “mais moderado” e, assim, aumenta o apelo do deputado diante de eleitores indecisos. Por outro lado, há quem acredite que o candidato do Patriota esteja roubando votos do ex-capitão do Exército.

O FT encerra ressaltando que recente levantamento da Paraná Pesquisas mostrou que o candidato saiu do zero para 1,2% das intenções de voto. “Numa eleição em que cada ponto percentual contará, Bolsonaro não pode conceder quaisquer votos a Daciolo, por mais que pareça marginal”, conclui.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.