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SÃO PAULO – Conforme esperado pelos analistas, o resultado trimestral do Banco Santander (SANB11) de fato não agradou. Que diga a equipe do Credit Suisse que, após ver números bem abaixo do esperado, optou por reduzir a recomendação das units de neutra para “underperform” (o retorno das ações deverá ficar entre 10% e 15% abaixo do mercado nos próximos 12 meses). O preço-alvo de R$ 28 foi mantido, sugerindo um upside de 46,75% em relação ao fechamento da última quarta-feira.
Divulgado na manhã desta quinta-feira (3), o balanço do Santander referente ao último trimestre de 2010 mostrou um lucro líquido de R$ 1,016 bilhão em BR GAAP (norma contábil brasileira), número 26% aquém do que era esperado pelo Credit. Excluindo os benefícios fiscais decorrentes da amortização, o lucro ficou em R$ 1,317 bilhão – o equivalente a R$ 0,35 por ação -, 18% abaixo do R$ 1,605 bilhão (R$ 0,42 por ação) estimado por Marcello Telles e Victor Schabbel, que assinam o relatório do banco de investimentos suíço.
Outro ponto destacado pela dupla refere-se ao RoE (Retorno sobre o Patrimônio, na sigla em inglês) do Santander, que ficou em 10% no último quarto do ano passado, mostrando queda em relação aos três meses anteriores, quando o indicador ficou em 11,4%. O número decepcionou Telles e Schabbel, que esperavam que o retorno sobre o patrimônio subisse para 11,9% no período.
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Para os dois analistas, o resultado do RoE levanta algumas dúvidas sobre o sucesso do modelo de negócios do banco, tendo em vista a incapacidade do Santander crescer em linha com seus pares brasileiros, apesar da sua agressiva estratégia comercial e dos preços mais baixos. “Nós vemos uma chance significativa de reduzir nossas projeções de lucro para 2011, o que pode deixar o valuation do Santander substancialmente menos atrativo em comparação aos seus pares”, afirma a dupla, justificando o corte de recomendação.
Crédito cresce abaixo do mercado
O Credit Suisse também ressalta o fraco crescimento da carteira de crédito do Santander, que se expandiu em apenas 4% na comparação entre o terceiro e o quarto trimestre de 2010, enquanto a média do setor ficou em 5,6%. A fraca evolução do financiamento de veículos (+2,6%) e do crédito às grandes corporações (+1%) ofuscou a forte expansão em SME (empresas de pequeno e médio porte, +7,4%) e em cartões de crédito (+14,7%).
Somado a isso, o banco também postou um crescimento de 4,9% no custo operacional, o que mais que compensou a queda de 2,6% nas despesas administrativas. Essa alta nos custos, embora menor que a dos seus pares nacionais, superou as estimativas dos analistas do Credit Suisse em 6,5%.