Tereos dispara 54% na semana com discussão sobre Cide; Vale e bancos caem e Gol sobe 6%

Confira os principais destaques de ações do pregão desta sexta-feira (4)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Ibovespa fechou em baixa de 1,83%, a 46.497 pontos, nesta sexta-feira (4), seguindo as bolsas internacionais, que caíram com o Relatório de Emprego nos Estados Unidos, enquanto por aqui o cenário é de incerteza no cenário político, mesmo após a presidente Dilma Rousseff mostrar apoio ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy. A fala do vice-presidente Michel Temer afirmando que seria difícil que a presidente permaneça no poder com uma popularidade baixa acirrou os ânimos do mercado. 

Na Bolsa, pressionaram o índice os papéis da mineradora Vale – que recuam após relatório do BofA destacar uma pressão vendedora para os ativos da companhia – além dos bancos, que recuam mais de 4% e prejudicam o desempenho do benchmark por serem as ações com maior participação na carteira teórica do Ibovespa.

Confira os principais destaques da sessão desta sexta-feira:

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Petrobras (PETR3, R$ 9,90, -3,32%; PETR4, R$ 8,51, -2,85%)
As ações da Petrobras caem, refletindo a baixa dos preços do petróleo no mercado internacional. O petróleo WTI, do Texas, recuou 1,56%, a US$ 46,02, enquanto o Brent cai 2,17%, a US$ 49,58. 

Sucroalcooleiras
As ações do setor sucroalcooleiro – São Martinho (SMTO3, R$ 34,51, +1,50%) e Tereos (TERI3, R$ 0,37, +12,12%) – voltaram a ganhar força após forte queda pela manhã seguindo a volta de discussões sobre aumento da Cide. Dentro do Ibovespa, a Cosan (CSAN3, R$ 19,33, +3,92%) também segue o movimento. Na quinta-feira, essas ações subiram 10,18%, 37,50% e 5,08%, respectivamente. Na semana, as ações da Tereos subiram 54,17%. 

Uma medida que seria bem vista pelo setor de etanol. Segundo o BTG Pactual, Cosan e São Martinho, após fortes quedas recentes, poderiam oferecer um “ótimo” ponto de entrada para surfar o rali de preços. 

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Se o aumento da Cide for de R$ 0,05 por litro, o banco vê um impacto positivo de 4% no Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) consolidado da São Martinho; 4%, no da Cosan; e 2%, no da Tereos.

CSN (CSNA3, R$ 4,03, +4,68%)
A CSN anunciou ontem que concluiu acordo com a Caixa Econômica Federal para alongamento de parte de sua dívida com o banco, no valor de R$ 2,57 bilhões, e está perto de acordo semelhante com o Banco do Brasil,. O vencimento da dívida com a Caixa passou de entre 2016 e 2017 para entre 2018 e 2022.

Segundo a equipe do BTG Pactual, a notícia é marginalmente positiva, já que ajuda a companhia a ganhar um pouco mais de tempo, mas que não resolve problemas de estrutura de capital. “A companhia ainda depende de mais de R$ 5bilhões em vendas de ativos para reduzir perfil de dívida líquida total”, disseram em relatório. Enquanto isso, as ações da Usiminas (USIM5) dispararam, fechando com alta de 8,13%, a R$ 3,46. 

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Santander (SANB11, R$ 14,83, -4,75%) e BTG Pactual (BBTG11, R$ 28,75, -2,54%)
As units do Santander e BTG Pactual iniciaram o pregão em forte derrocada de 7% e 11%, respectivamente, e logo entraram em leilão. Após retomarem as operações na Bovespa, os papéis mostraram uma queda bem mais amena, mas fecharam em expressiva baixa. 

Sobre o movimento, analistas destacaram que pode ter ocorrido um “dedo gordo” (erro de ordem) na abertura com essas ações, já que depois retomaram com queda bem menor.

Em relação ao BTG Pactual, o estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Placido, destacou ainda que o papel tem sido um dos mais procurados no mercado de aluguel de ações nos últimos dias. Em mesas de BTC, a taxa para “tomar” o papel já bate entre 35% e 40% ao ano. 

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Vale mencionar que os demais papéis do setor bancário também caíram forte hoje – Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 26,42, -4,07%), Bradesco (BBDC3, R$ 24,39, -4,17%; BBDC4, R$ 22,36, -4,24%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 17,14, -3,87%). Segundo o analista Felipe Brandão, da MyCap, embora estivesse “no preço”, a aprovação da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) na véspera contribui para esse sentimento negativo no setor. 

Apesar da queda das units do Santander, hoje a BM&FBovespa divulgou sua terceira e última prévia, com a novidade que elas não sairão da carteira (que passa a vigorar na terça-feira), conforme apontado na segunda prévia. 

Vale (VALE3, R$ 18,24, -2,62%VALE5, R$ 14,75, -2,96%)
As ações da Vale caíram nesta sexta-feira (4) depois de subirem 4% no último pregão, acompanhando o bom humor das mineradoras internacionais em meio à melhora na perspectiva da Rio Tinto. 

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Hoje, no entanto, um relatório do Bank of America Merrill Lynch aponta para uma grande pressão vendedora nas ações da Vale com o minério de ferro abaixo de US$ 50 a tonelada, lembrando que atualmente as ações estão sendo negociadas 10% acima dos preços atuais da commodity. 

Merece menção ainda que o mercado chinês está parado desde ontem por conta de feriado no país. As bolsas e commodities só voltam a ser negociadas na segunda-feira.

Gol (GOLL4, R$ 4,49, +6,40%)
A companhia disparou nesta sessão após fortes perdas nas últimas semanas. Apesar de caminhar para um início de mês positivo, os papéis da empresa acumulam queda de 21% nos últimos 30 dias. A Gol vem sendo prejudicada pelo cenário macroeconômico desafiador e alta do dólar, que encarece sua seu endividamento. Por conta da crise, a própria empresa reduziu, há mais de um mês, sua projeção de oferta para 2015 para retração entre 2% e 4%. No ano, as ações da companhia de aviação desabam mais de 70% na Bolsa.

Eletrobras (ELET3, R$ 5,15, +2,39%; ELET6, R$ 8,44, +6,16%)
A Eletrobras informou na quinta-feira que reapresentou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pedido de indenização de rede de transmissão da Eletronorte no valor de R$ 2,926 bilhões, abaixo dos R$ 3,547 bilhões pleiteados à autarquia no ano passado. A indenização a ser paga pelo governo federal refere-se a investimentos não amortizados em ativos de transmissão que tiveram concessões renovadas em 2012. 

“Novo” Ibovespa
A nova carteira do Ibovespa entrará em vigor a partir da próxima terça-feira e contará com 2 novas ações e a saída de outros 4 papéis. Fugindo à regra do que normalmente acontece, os ativos que entrarão no índice estão em queda, enquanto as ações que estão se despedindo da carteira teórica marcam alta.

As novas entrantes são Raia Drogasil (RADL3, R$ 38,31, -1,74%) e Equatorial (EQTL3, R$ 32,70, -3,02%). Sairão do Ibovespa a Duratex (DTEX3, R$ 5,53, +2,79%), Eletrobras (ELET6, R$ 8,44, +6,16,04%), Marcopolo (POMO4, R$ 2,19, +4,29%) e Gafisa (GFSA3, R$ 2,30, +1,77%).

Essas mudanças no Ibovespa costumam trazer volatilidade para as ações devido ao movimento que os fundos que acompanham o Ibovespa fazem – quando um papel entra na carteira, eles precisam encarteirá-los para seguir acompanhando o benchmark, e vice-versa quando um papel sai da carteira.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.