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Das novelas ao trade: Márcio Kieling revela como o mercado expôs emoções e propósito

Trader e influenciador relata como o day trade revelou emoções e um novo propósito de vida

Bruno Nadai

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Depois de mais de 30 anos explorando emoções como ferramenta de trabalho no teatro e na televisão, Márcio Kieling acreditava se conhecer profundamente. No entanto, foi no day trade — e não nos palcos — que ele se deparou com seus maiores desafios emocionais e comportamentais.

Nesse contexto, Márcio Kieling concedeu uma entrevista ao InfoMoney durante o evento Profit Summit, na qual detalhou como a vivência no mercado financeiro redefiniu sua relação com dinheiro, disciplina emocional e propósito de vida, além de influenciar diretamente sua atuação como educador e comunicador.

O choque do autoconhecimento

Kieling explica que, por ser ator há mais de três décadas, acreditava ter domínio profundo sobre suas emoções e reações. Contudo, ao se sentar diante da tela do mercado financeiro, percebeu que o trade expunha sentimentos de forma amplificada, exigindo uma consciência emocional que nunca havia sido necessária antes.

Esse processo o levou, inclusive, a buscar acompanhamento psicológico e mapeamento comportamental. “Eu vi que realmente eu não me conhecia e fui me conhecer na frente da tela”, afirma.

Além disso, nesse ambiente, o trader observa que o mercado tem a capacidade de intensificar emoções negativas, como medo, insegurança e ganância, tornando-as mais difíceis de administrar em momentos de pressão.

Nesse sentido, ele ressalta que o gráfico funciona como um espelho emocional, no qual falhas internas ganham escala e impacto direto no resultado financeiro. “Os sentimentos ruins tomam uma proporção maior, como por exemplo a ganância, o medo, a insegurança, tudo na frente do gráfico torna o negócio maior”, explica.

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Crenças antigas que limitam resultados

Nesse ponto, Kieling aprofunda a análise ao afirmar que muitas das dificuldades enfrentadas no trade não têm origem no gráfico ou na estratégia, mas em crenças construídas muito antes do primeiro contato com o mercado financeiro. Segundo ele, essas ideias costumam ser herdadas ainda na infância, transmitidas de forma não intencional pela família e pelo ambiente social.

Além disso, o trader explica que uma das crenças mais comuns é a associação direta entre dinheiro e esforço excessivo, como se prosperar exigisse necessariamente jornadas longas e exaustivas.

No mercado financeiro, porém, essa lógica se rompe, já que o desempenho está ligado à eficiência, leitura e tomada de decisão, e não ao tempo absoluto diante da tela. “Para ganhar dinheiro a gente precisa trabalhar das 8 horas da manhã às 18 horas da tarde. Isso não é real”, observa.

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Na sequência, Kieling ressalta que outras crenças negativas relacionadas ao dinheiro também funcionam como travas emocionais. Ideias como associar dinheiro a algo sujo ou moralmente errado acabam gerando culpa no momento do ganho e dificultando a construção de uma relação saudável com resultados financeiros consistentes. “Uma das crenças que ‘ah, dinheiro é sujo’. Não, o dinheiro não é sujo”, afirma.

Por fim, dentro desse contexto, o trader faz uma distinção clara entre ambição e ganância, destacando que o desejo de evoluir financeiramente não é um problema, mas sim uma força necessária para crescimento.

Segundo ele, a falta de ambição costuma ser mascarada por discursos moralizantes, enquanto o verdadeiro desafio está em aprender a controlar excessos e impulsos destrutivos. “Isso para mim é desculpa para pessoas que não têm ambição na vida e ambição é diferente de ganância”, observa.

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A tríade do trader consistente

Por outro lado, o influenciador alerta que atribuir os erros exclusivamente ao emocional é uma armadilha comum.

Conforme explica, o desempenho sustentável depende do equilíbrio entre técnica, comportamento e gerenciamento de risco. Quando um desses pilares falha, o resultado tende a ser frustrante, independentemente da estratégia utilizada. “Se esses três pilares estiverem desconexos, você com certeza não vai ter o resultado que você almeja no mercado”, alerta.

Ainda assim, Kieling reconhece que, entre os três pilares, o emocional é o mais difícil de dominar. Isso ocorre porque envolve reações humanas instintivas, que muitas vezes só são percebidas após o erro acontecer.

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Por esse motivo, ele defende a importância de acompanhamento externo para corrigir comportamentos recorrentes. “É difícil a gente controlar um momento de fúria, de raiva, quando ele surge. Você só vê depois que aconteceu”, explica.

O mercado como descoberta de propósito

Por fim, Kieling explica que o contato com o mercado financeiro ocorreu em um momento decisivo de sua vida, durante a pandemia, quando buscava uma atividade que dependesse exclusivamente de suas próprias decisões.

Diferentemente da carreira artística, que envolve múltiplos fatores externos, o trade lhe apresentou um ambiente meritocrático, no qual o resultado é consequência direta da execução e da responsabilidade individual.

“Eu buscava uma atividade que só dependesse de mim, porque a carreira de ator precisa de várias situações para você conseguir fazer um filme, uma novela. E o mercado financeiro não, o mercado financeiro só depende de você”, afirma.

Do trade ao impacto social

Além disso, o trader ressalta que essa descoberta não representou apenas uma mudança profissional, mas a construção de um propósito que antes não existia.

Com o passar do tempo, ele passou a enxergar o mercado como uma ferramenta de transformação pessoal e social, especialmente por meio da educação financeira e do impacto direto na vida de outras pessoas. “Eu não encontrei só mais uma função, só mais uma profissão para mim. Eu encontrei um propósito que eu não tinha”, observa.

Segundo ele, essa mudança também alterou a forma como o público passou a reconhecê-lo. Se antes o retorno vinha majoritariamente por seus trabalhos artísticos, hoje as interações refletem histórias de transformação financeira, realização de sonhos e mudança de mentalidade promovidas pelo conteúdo que compartilha.

“Hoje as pessoas vão na minha rede social e falam assim: ‘Pô, Márcio, você está me ajudando a mudar de vida, eu estou conseguindo realizar sonhos’”, relata.

Ao falar sobre sucesso, por sua vez, o trader amplia o conceito para além do ganho financeiro ou da visibilidade pública.

Segundo ele, o sucesso está diretamente ligado ao reconhecimento do impacto gerado e à validação de grandes instituições do mercado, que passaram a enxergá-lo como um agente capaz de fazer diferença na vida das pessoas.

“O sucesso é você poder agregar com o seu conhecimento, com o seu trabalho na vida das pessoas e ser reconhecido por isso”, conclui.

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