Tom amistoso do encontro Lula-Trump deve animar mercados, dizem analistas

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente americano Donald Trump se reuniram no último domingo

Felipe Moreira

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante Encontro com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante o 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático - ASEAN em Kuala Lampur, Malásia | Foto: Ricardo Stuckert / PR
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante Encontro com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante o 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático - ASEAN em Kuala Lampur, Malásia | Foto: Ricardo Stuckert / PR

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Apesar de não ter sido anunciado um acordo, o encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente americano Donald Trump em Kuala Lumpur no último domingo deve gerar repercussão positiva para os mercados, devido ao tom amistoso da reunião. A expectativa de desbloqueio de um acordo comercial e revisão das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pode reduzir incertezas para investidores e estimular negociações entre empresas dos dois países.

A reunião, de cerca de 50 minutos, foi descrita pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, como “positiva e descontraída”, e abriu o que o chanceler chamou de “fase prática das negociações”. Lula disse que a conversa com Trump foi “surpreendentemente boa”. Trump, por sua vez, disse que os EUA estão abertos a “avançar rápido na discussão”.

Segundo Ricardo Trevisan Gallo, CEO da Gravus Capital, o encontro entre Lula e Trump é uma oportunidade para reduzir a volatilidade e custos sobre exportadores, mas não garante resultados automáticos. O sucesso dependerá de negociações técnicas bem estruturadas, incluindo rodadas imediatas, carve-outs setoriais e faseamento das tarifas.

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Se avançarem de forma crível, os mercados podem registrar apreciação do real, queda de yields de curto e médio prazo, alta setorial no Ibovespa e retorno de fluxo estrangeiro. O efeito dependerá da credibilidade do acordo e clareza do roadmap; caso contrário, a incerteza permanecerá sobre ativos e investimentos.

Para José Cassiolato, estrategista da Vitrix Capital, embora ainda não se observem impactos imediatos em setores específicos, projeta-se que o eventual alívio das tarifas possa levar à valorização de empresas brasileiras, permitindo a recuperação de parte do prejuízo aferido no momento do anúncio das tarifas.

Do ponto de vista eleitoral, Cassiolato comenta que o desenvolvimento configura mais um passo que fortalece a candidatura de Lula para as eleições de 2026, com potenciais repercussões para o mercado, tanto em termos de expectativas sobre a gestão da política fiscal quanto da trajetória da política monetária.

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Já a 4intelligence, ex-LCA, pontua que “o encontro entre Lula e Trump tende a ser um episódio positivo para o presidente brasileiro, mostrando flexibilidade e pragmatismo diante do eleitorado, que apoiava a negociação com os EUA”.

A análise destaca que, embora ainda não se saiba se haverá ações concretas para reduzir tarifas ou sanções, “Trump parece decidido a resolver os atritos com o Brasil, abrindo caminho para que tanto Lula quanto ele possam ‘cantar vitória’”.