Fleury: JPMorgan faz rebaixamento duplo após acordo com Rede D’Or fracassar; ação cai

Para os analistas, apesar de manter uma posição estratégica no mercado premium de diagnósticos em São Paulo e contar com forte capilaridade B2B por meio da Hermes Pardini, o Fleury enfrenta desafios estruturais que limitam seu crescimento orgânico

Lara Rizério

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O JPMorgan rebaixou duplamente a recomendação para as ações do Grupo Fleury (FLRY3), que foi de overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para underweight (desempenho abaixo da média do mercado, equivalente à venda), em meio às últimas notícias de que as negociações para que a Rede D’Or (RDOR3) compre a companhia falharam. O preço-alvo é de R$ 15.

Nesta quarta-feira (22), as ações FLRY3 fecharam em queda de 2,69%, a R$ 14,45, após caírem mais de 4% mais cedo.

Os analistas do banco apontam que a empresa continua sendo um ativo estratégico no setor de saúde brasileiro, com forte presença no mercado de diagnósticos premium em São Paulo e ampla capilaridade B2B por meio da Hermes Pardini. No entanto, com os anúncios recentes, acreditam que uma transação envolvendo a empresa se torna menos provável, especialmente considerando que, apesar do potencial de sinergias, a Rede D’Or provavelmente não pagaria um prêmio significativo por um ativo considerado não essencial em suas operações.

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Para os analistas, apesar de manter uma posição estratégica no mercado premium de diagnósticos em São Paulo e contar com forte capilaridade B2B por meio da Hermes Pardini, o Fleury enfrenta desafios estruturais que limitam seu crescimento orgânico. A complexidade de sua governança, dividida entre três grupos de acionistas com acordos interdependentes e direitos de preferência, dificulta qualquer movimentação de controle, tornando improvável uma nova tentativa de aquisição no curto prazo.

A equipe de análise destaca que, mesmo com uma estrutura financeira enxuta e sólida geração de caixa, as principais avenidas de crescimento da empresa tendem a pressionar suas margens. A projeção de crescimento dos lucros nos próximos cinco anos é de apenas 5-6% ao ano, abaixo da média do setor de saúde.

Além disso, o Fleury passou por uma reprecificação significativa desde julho, quando surgiram notícias de fusão com a Rede D’Or. O rendimento de dividendos, que chegou a 12% em março, caiu para cerca de 6-7%, ainda atrativo, mas com menor potencial de valorização. O JPMorgan aponta que outras empresas do setor, como a Hypera (HYPE3) oferecem alternativas mais interessantes, com menor múltiplo de preço/lucro e maior crescimento projetado.

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Com ações negociadas a múltiplos elevados e expectativa de queda de até 11% em relação ao consenso de mercado, o Fleury entra em um momento de revisão estratégica, onde o foco dos investidores deve voltar aos fundamentos e à sustentabilidade de seus resultados, avaliam.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.