MRV salta 6,6% mesmo após dados fracos na Resia com brilho de operações brasileiras

MRV apresentou resultados mistos no segundo trimestre de 2025, pressionados pelas perdas da Resia, embora as operações brasileiras tenham mostrado recuperação

Felipe Moreira

Rios de Spagna - Parque Rio Ebro - (Foto: MRV)
Rios de Spagna - Parque Rio Ebro - (Foto: MRV)

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As ações da MRV (MRVE3) registraram forte alta nesta quarta-feira (13) após resultados do segundo trimestre de 2025 (2T25), com operação no Brasil em alta e internacional em baixa. A ação da construtora subiu 6,63%, a R$ 6,92.

A companhia reportou, conforme esperado pelo JPMorgan, resultados fracos no 2T25 em 12 de agosto. O prejuízo líquido ajustado somou cerca de R$ 775 milhões, levando a uma contração de 14% no valor contábil em relação ao trimestre anterior, impactado pelo impairment de ativos da Resia agora classificados como mantidos para venda, previamente anunciado em meados de julho. Esse impacto anulou a forte receita e a sólida margem bruta da companhia.

O JPMorgan manteve recomendação de compra para MRV, com preço-alvo de R$ 6.

Análise de Ações com Warren Buffett

A XP avaliou que a MRV apresentou resultados mistos no segundo trimestre de 2025, pressionados pelas perdas da Resia, embora as operações brasileiras tenham mostrado recuperação.

Em contrapartida, a Resia aprofundou suas perdas para R$ 887 milhões, acima da estimativa de R$ 826 milhões, principalmente devido o reconhecimentos de impairment esperados e piora nos resultados financeiros e participações minoritárias.

A XP ressalta que, embora o impacto da Resia tenha pressionado os resultados consolidados, o desempenho robusto das operações brasileiras geraram reação positiva das ações.

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Na avaliação do Santander, a MRV&Co reportou resultados consolidados fracos, refletindo o esperado impairment dos projetos e do portfólio de terrenos da Resia.

As receitas mais fortes que o esperado na MRV Desenvolvimento compensaram o desempenho abaixo do esperado da Luggo, resultando em EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ajustado das operações brasileiras de R$ 479 milhões, 6,9% acima das nossas estimativas. No total, o lucro líquido das operações no Brasil foi de R$ 75 milhões, em linha com nossas projeções, já que impostos e participações minoritárias acima do esperado compensaram os números operacionais positivos.

Ainda assim, o Santander acredita que o mercado deve se concentrar na recuperação das operações no Brasil, em vez de focar no fato de que o lucro líquido da Resia ficou abaixo das estimativas. Com isso, o banco manteve recomendação outperform para MRV, com preço-alvo de R$ 9,50, reconhecendo, porém, que a recuperação das margens brutas e da geração de caixa será fundamental para que a ação continue performando bem.

Já o Morgan Stanley avaliou que os fundamentos de receita da MRV permanecem positivos, mas que os riscos no balanço patrimonial continuam pressionando o lucro por ação e os retornos da companhia. O banco manteve uma postura cautelosa, destacando que o prejuízo líquido do trimestre não se deve apenas ao impairment da Resia, mas também a despesas financeiras mais elevadas, sinalizando uma perspectiva desafiadora à frente.

O Morgan reiterou recomendação neutra e preço-alvo de R$ 7.

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O Goldman Sachs avalia que o lucro líquido veio conforme o esperado, considerando o recente impairment dos ativos da Resia, mas houve surpresa positiva na receita líquida, 9% acima da estimativas do banco e 8% acima do consenso Bloomberg, e no lucro bruto, 12% acima do esperado.

O lucro líquido da MRV Brasil foi de R$ 100 milhões, o primeiro resultado positivo desde o 3T24. Apesar desse desempenho, a margem do backlog permaneceu estável, e o principal ponto de atenção continua sendo a alavancagem, que subiu significativamente: a relação dívida líquida + parcelas de terrenos sobre o patrimônio líquido passou de 0,48 no 1T25 para 0,60 no 2T25, o maior nível desde o 4T22.

A alavancagem total da MRV (dívida líquida + passivo de cessão de crédito/patrimônio líquido) alcançou 198%, ante 171% no trimestre anterior. O desafio central para os próximos trimestres será reduzir significativamente esse indicador, mantendo a classificação Neutra da ação pelo Goldman Sachs.

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O banco americano manteve recomendação neutra e preço-alvo de R$ 6.