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Um “call óbvio” para a queda da Selic não é mais tão óbvio assim, aponta Credit Suisse

As ações de shopping centers subiram forte em um cenário de queda da Selic - mas agora, o Credit Suisse não vê mais tanto espaço de alta
Por  Lara Rizério
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

SÃO PAULO – Um dos que mais se beneficiam da queda da Selic e “um call óbvio” em meio ao ciclo de corte de juros promovido pelo Banco Central iniciado em outubro passado, o setor de shopping centers pode não ser mais tão atrativo quanto já foi. Pelo menos é o que aponta o Credit Suisse em relatório nesta segunda-feira, ao fazer uma revisão geral do setor em meio a forte alta dos últimos meses. 

“O setor de shoppings passou por uma forte reclassificação nos últimos meses e teve uma performance de 65% desde o inicio de 2016, principalmente em função do fechamento da curva de juros”, destacam os analistas do banco suíço Nicole Hirakawa, Luis Stacchini e Vanessa Quiroga, apontando que agora o “call não parece mais tão óbvio”.

Neste sentido, os analistas optaram por atualizar vários indicadores e revisando BR Malls (BRML3) de outperform (exposição acima da média) para neutro, além de voltar a cobrir Multiplan (MULT3) com recomendação neutra e tendo a Iguatemi (IGTA3) como a única recomendação outperform dentro do setor, em parte devido ao valuation interessante quando comparado à qualidade do portfólio. 

As ações de shopping centers subiram forte em um cenário de queda da Selic uma vez que elas possuem fluxo de recebíveis ligado à taxa pré de longo prazo. Em um período de queda da Selic, receber em taxa prefixada e pagar em pós-fixada é uma boa forma de lucrar. Vale destacar que um teste de sensibilidade do BTG Pactual de janeiro indicava ainda qu,e para cada redução de 100 pontos-base da Selic, empresas do setor podem ganhar até 10% de FFO (Funds From Operations).

O corte de juros é positivo para elas, portanto, porque a geração de fluxo de caixa dessas empresas fica maior com a queda de juros, uma vez que elas operam com alto índice de alavancagem. 

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Os analistas também destacaram um cenário para cada companhia, apontando que apenas Iguatemi e Multiplan conseguiram trazer players de alta qualidade para o portfólio de lojas em 2016, em um ambiente em que a capacidade  das companhias de atrair locatários de alta qualidade diminuiu de forma relevante. 

Desta forma, após o rali de 20%, os ativos BRML3 foram rebaixados e o preço-alvo foi cortado de R$ 15,00 para R$ 14,50:  “atualizamos nosso modelo para incorporar recuperação mais lenta de aluguéis, novas estimativas macroeconômicas e venda de 33% no Itaú Power Shopping por R$ 107 milhões”. No caso da Iguatemi, o potencial de valorização é de 18% em relação ao fechamento da última sexta-feira , com um preço-alvo de R$ 37,50 por ação. No caso da Multiplan,  os analistas incorporaram o recente aumento de capital, aquisições e resultados do quarto trimestre, com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 69,00, indicando cerca de 6% de potencial de valorização frente o fechamento de sexta: “os varejistas mais robustos da base da empresa ajudam nos momentos de economia mais difícil”, apontam os analistas. 

Ainda há potencial para mais altas?

Voltando a falar sobre o setor em geral, o trio de analistas reitera que o duration (forma de cálculo do prazo médio de um fluxo de caixa que leva em conta o valor do dinheiro no tempo) longo e a maior alavancagem fez do setor um dos principais players de juros do Ibovespa. 

De acordo com os analistas, o duration varia entre 14 e 16 anos e ainda deixa espaço para uma “nova pernada” caso ocorra uma diminuição da expectativa de juros de longo prazo. “Porém, acreditamos que com o juros de longo prazo rodando a 5,2% e com a inflação perto de 4,7%  o espaço de convergência nas expectativas não parece óbvio. Como base de comparação, vale destacar que uma nova compressão de 100 pontos-base nas taxas de juros reais, nível que nos parece otimista, poderia levar a cerca de 15-20% de potencial de valorização para as ações”, aponta o Credit. 

Contudo, cabe lembrar que o mercado já precifica uma chance de 100% do Copom (Comitê de Política Monetária) cortar os juros em 100 pontos-base na reunião que acontece em 12 de abril. E, após uma reunião do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, com alguns especialistas, começa a ganhar força a chance da autoridade monetária cortar a Selic em 125 pontos já no próximo encontro. 

“Quem participou de reunião na sexta-feira com Ilan ficou com cabeça de queda de mais de 1 pp”, disse Paulo Petrassi, da Leme Investimentos, para a Bloomberg sem citar nomes. Os investidores começam a aumentar as apostas em um corte mais acelerado diante da avaliação de que as expectativas de inflação seguem ancoradas.

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Ou seja, caso as estimativas para a taxa de juros passem a cair ainda mais, ainda há espaço para maiores valorizações. Através do link a seguir (clique aqui), você pode conferir quais são as ações que mais se beneficiam do cenário de queda de juros.  Dentre os setores, estão as imobiliárias, empresas do setor de consumo e varejo, empresas endividadas e de concessões e infraestrutura.

O Credit Suisse vê pouco espaço para as empresas do setor de shopping centers subirem. Contudo, em meio às estimativas de um corte ainda maior na Selic, o mercado pode ver ainda mais espaço para as empresas do setor e outras beneficiárias com o corte da Selic subirem. Neste sentido, o RTI (Relatório Trimestral de Inflação) a ser apresentado pelo BC na próxima quinta-feira será um evento a ser monitorado pelo mercado – e que pode indicar até quando o rali vai continuar. 

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Lara Rizério Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.

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