Oi (OIBR3,OIBR4): Recuperação judicial é caminho mais adequado para sustentabilidade da empresa, diz CEO

Rodrigo Abreu também falou sobre a diluição de participações acionárias, que deve deixar os credores com 80% da companhia

Mitchel Diniz

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O presidente da Oi (OIBR3;OIBR4), Rodrigo Abreu, defendeu a decisão da companhia de entrar com um segundo pedido de recuperação judicial. Segundo ele, esse é o caminho mais adequado para a sustentabilidade da empresa no médio prazo. “Nunca é o desejo de uma companhia, mas não pode ser ignorado como um instrumento importante para o processo de reestruturação”, disse ele durante teleconferência sobre os resultados do quarto trimestre de 2022, divulgados com mais de dois meses de atraso.

“É sempre complexo, difícil e doloroso, mas o nosso foco tem sido a reestruturação de dívidas financeiras e passivos onerosos”, afirmou o executivo. Abreu disse que todas as etapas da primeira recuperação judicial da Oi foram executadas com sucesso, incluindo separação estrutural, redução de custos e ampliação da base de usuários de fibra óptica. “Mas não significa que tudo está resolvido após o término de uma RJ”, ressaltou o CEO. “Nossa comunicação sempre enfatizou que havíamos cumprido com as etapas, mas tínhamos muito desafios a enfrentar”.

Abreu enumerou três desses desafios: a reestruturação da dívida bilionária da companhia, a necessidade de migrar a concessão de telefonia fixa de operadora para autorizada e o desenvolvimento do negócio da nova Oi, focada em fibra óptica.

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Credores vão ser principais acionistas da companhia

Na teleconferência, Abreu e os demais executivos da Oi deram mais detalhes sobre a segunda recuperação judicial da companhia. Um ponto que chamou a atenção dos investidores que participavam da apresentação foi a diluição da base acionária, resultado da conversão de dívida em participação no capital social da companhia. A Oi prevê que os credores fiquem com 80% da sociedade e os outros 20% vão pertencer aos atuais acionistas.

“A conversão de parte significativa da dívida em ações da companhia é um passo crítico para reduzir a alavancagem da empresa”, disse Abreu. “Ainda que haja diluição, os atuais acionistas vão ter uma empresa mais sustentável, com investidores institucionais relevantes, alinhados aos interesses de quem já está na base acionária”.

Venda da V.tal já estava prevista

Conforme o plano de recuperação judicial apresentado no último sábado (20), a Oi pretende se desfazer de mais uma parte da V.tal, antiga InfraCo, rede neutra de da qual a empresa detém, hoje, fatia de pouco mais de 34%. Em junho do ano passado, a empresa já havia vendido uma parte de sua participação para pagar dívidas e fundos geridos pelo BTG Pactual passaram a ter o controle do ativo.

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No novo plano de recuperação judicial, a companhia prevê a venda de 14,6% dessa participação remanescente por R$ 14,4 bilhões em 2026 e 2027.

Na teleconferência, Rodrigo Abreu explicou que o plano sempre foi vender a V.tal para reduzir dívida, dando entender que a companhia planeja quer se desfazer de toda sua participação no futuro.

“A expectativa é que a V.tal continue se apreciando e ganhe valor significativo para que a Oi, no futuro, após vencidas todas as barreiras regulatórias, venda sua participação e consiga liquidar parte da dívida, melhorando o valuation  da companhia”, explicou Rodrigo Abreu.

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A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) afirma que a empresa precisa manter, no mínimo, 20% de participação na rede neutra, para que tenha pelo menos um assento no conselho de administração da V.tal. Uma parte dos ativos da empresa veio de privatizações das “teles” estatais e são considerados bens reversíveis, utilizados na prestação do serviço público de telefonia fixa. Por esse motivo, a Oi, por ora,  não poderia se desfazer de toda a participação da V.tal.

“A V.tal não gera resultado de caixa para a companhia, porque ainda não paga dividendos. Se desfazer do ativo não implica em uma redução de receita para a Oi, porque continuaremos usando a infraestrutura da rede neutra. O que se espera é que a V.tal expanda seus negócios, tenha clientes importantes, para ganhar valor e que a gente possa vender nossa participação”.

Leia mais: Ao se desfazer de negócios estratégicos, Oi corre o risco de se igualar a operadoras regionais de banda larga

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Arbitragem deve ser concluída no segundo trimestre

Atualmente a Oi tenta ser ressarcida pela União sobre um prejuízo alegado de R$ 53 bilhões, relacionado a manutenção da rede de telefonia fixa. O processo está sendo arbitrado pela Anatel e deve ser concluído no segundo semestre deste ano, de acordo com o CEO da empresa.

“Pela primeira vez que será possível estimar, com mais precisão, o quanto a companhia vai receber [da União]”, afirmou Rodrigo Abreu. O executivo disse ainda que a companhia segue buscando a migração de concessão, de operadora de telefonia fixa para autorizada.

“Não existe uma Oi sustentável sem resolver a questão do negócio legado”, disse o executivo. “Os resultados negativos precisam ser endereçados para a Oi alcançar uma sustentabilidade de longo prazo”. A manutenção da rede de cobre da telefonia fixa continua gerando prejuízos para a companhia, praticamente ofuscando o crescimento das receitas obtidas com seu novo core business.

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Prejuízo da companhia aumentou no quarto trimestre

A Oi reportou prejuízo líquido de R$ 17,6 bilhões no quarto trimestre de 2022, um aumento de 396,3% em relação ao prejuízo de R$ 3,559 bilhões registrados um ano antes. De acordo com a Oi, o resultado foi impactado pela redução das receitas de operações descontinuadas, após a conclusão das alienações total da UPI Ativos Móveis e parcial da UPI InfraCo, conforme previsto no Plano Estratégico de Transformação da companhia.

A receita líquida nas operações da Nova Oi apresentaram crescimento de 5,6% na base anual. O incremento da performance na base anual foi garantido pelos resultados dos negócios core, como Oi Fibra e Oi Soluções.

“A companhia se encontra numa difícil situação financeira. Com uma dívida de R$44,3 bilhões, seguindo a versão mais recente da lista de credores, o resultado acaba sendo secundário aos imbróglios judiciais, venda de ativos e renegociação com os credores dentro históricos”, escreveram os analistas da Guide Investimentos.

Os analistas apontaram preferirem não se expor à empresa, dando preferência por bons cases e oportunidades de investimento com risco x retorno mais atrativo.

“A empresa apresentou mais um resultado decepcionante, abaixo das nossas expectativas. Porém, é positivo o fato de a recuperação judicial ter sido aprovada pelo conselho”, escreveu a equipe de análise da Genial Investimentos.

“No entanto, devido à atual situação da empresa, com baixa geração de caixa e perspectivas incertas para o futuro, além de uma relação dívida líquida/Ebitda de 48,2 vezes, estamos alterando nossa recomendação de manter para vender e reduzindo o preço-alvo de R$2,30 para R$ 1,40”, apontaram os analistas sobre a ação OIBR3.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados