Ibovespa cai 1,85% na volta do Carnaval, seguindo mau humor externo; dólar sobe 0,14%

Temos nos Estados Unidos continua sendo que o Federal Reserve irá ter de subir mais o juros por conta de novos dados macroeconômicos

Vitor Azevedo

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O Ibovespa recuou 1,85% nesta quarta-feira (22) de Cinzas, aos 107.152 pontos. O benchmark da Bolsa brasileira recuou, em pregão reduzido e que teve início às 13h (horário de Brasília), não pela ressaca dos investidores após quatro dias de Carnaval, mas sim acompanhando, principalmente, o mau humor do mercado externo dos últimos dias.

Nos Estados Unidos, Dow Jones e S&P 500 recuaram, respectivamente, 0,26% e 0,16%, acentuando as quedas da véspera – quando a Bolsa brasileira não abriu devido ao feriado. O Nasdaq, contudo, avançou 0,13%. Na véspera, porém, os principais índices de Wall Street caíram mais de 2%, o que reverberou no mercado de ações por aqui nesta quarta.

O clima em Nova York é de parcial tensão, com investidores preocupados com uma possível nova alta de juros mais forte pelo Federal Reserve. O temor aumentou após recentes publicações de dados macroeconômicos, como os índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) e a inflação ao produtor (PPI) de janeiro.

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“O mercado americano também não abriu na segunda, por conta de um feriado nacional. Ontem, foi um dia ruim para os ADRs brasileiros, impactado pela movimentação do exterior. Hoje, por fim, o dia começou muito negativo, com a espera pela ata do Fomc [Comitê Federal de Mercado Aberto, na sigla em inglês]”, explica Acilio Marinello, coordenador da Trevisan Escola de Negócios.

De acordo com especialistas, a ata publicada hoje reforçou também a ideia de que o Federal Reserve não está seguro de que a inflação nos Estados Unidos irá desacelerar de forma contínua, apesar da queda dos últimos meses. Isso reforça a perspectiva de que as chances de os juros subirem mais, e ficarem em patamares elevados por mais tempo, são maiores.

“As preocupações do mercado acabaram se concretizando frente à ata do Fomc. O documento trouxe algumas preocupações do Fomc em relação ao comportamento da inflação. Recentes indicadores trouxeram algumas melhorias quanto aos preços, mas o número de novos postos de trabalho teve um ganho robusto e o desemprego continua muito baixo. Isso também caracteriza as pressões inflacionárias, com aumento do consumo”, contextualiza Marinello.

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Os treasuries yields fecharam próximos da estabilidade, após as altas recentes. O para dois anos ficou em 4,697% e 3,925%.

Os maiores rendimentos dos títulos do tesouro americano, considerados os ativos mais seguros do mundo, vêm atraindo capital para os Estados Unidos. O DXY, índice que mede a força do dólar frente outras moedas de países desenvolvidos, subiu 0,37%, aos 104.56 pontos. Frente ao real, a divisa americana comercial ganhou 0,14%, a R$ 5,168 na compra e R$ 5,169 na venda.

O Ibovespa, por fim, também sofreu certa pressão da divulgação do Boletim Focus, com as projeções de inflação para o Brasil subindo para 2023, 2024, 2025 e 2026.

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A curva de juros brasileira, no pós-mercado, operava em alta em toda sua extensão. Às 17h46, as taxas dos DIs para 2024 ganhavam 16,5 pontos-base, a 13,39%, e as dos DIs para 2025, 13 pontos, a 12,67%. Os contratos para 2027 e 2029 iam a 12,92% e 13,31%, com mais 12,5 e 14 pontos, respectivamente. Os DIs para 2031 ganhavam 16 pontos, a 13,44%.

Entre as maiores quedas do Ibovespa, ficaram as ações de companhias de crescimento e ligadas ao mercado interno. Os papéis ordinários da Via (VIIA3) perderam 7,96% e os da Locaweb (LWSA3), 6,51%. As preferenciais da Azul (AZUL4) recuaram 5,65%.

Destaque negativo também para as ações de empresas de proteínas, após pressão por conta da suspeita de doença da “vaca louca” no Brasil. As ações ordinárias da Minerva (BEEF3) e da BRF (BRFS3) recuaram, na sequência, 7,92% e 6,71%.

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