Ibovespa tem leve alta, com varejistas compensando queda de petroleiras; dólar vai a R$ 5,43 com temores de recessão

Postura de cautela nos Estados Unidos, crise na Europa e possíveis novos lockdowns na China derrubaram commodities e juros

Vitor Azevedo

B3 Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo (Germano Lüders/InfoMoney)

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O Ibovespa fechou em leve alta de 0,06% nesta terça-feira (12), aos 98.271 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira perdeu boa parte dos seus ganhos na reta final do pregão, acompanhando o que foi visto nos Estados Unidos, mas conseguiu fechar estável.

Em Nova York, os benchmarks não conseguiram manter as suas altas e recuaram. Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram, respectivamente, 0,62%, 0,92% e 0,95%.

“O dia, de maneira geral, foi marcado pela aversão ao risco”, comenta André Moura, sócio da Nau Capital. “O dólar, com isso, continua a se valorizar frente a outras moedas. Há o destaque hoje para o fato de termos acompanhado uma paridade entre dólar e o euro, o que não se via há 20 anos”.

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Investidores nos Estados Unidos continuam se posicionando de forma cautelosa, aguardando a publicação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) e também o início da temporada de balanços no país. O VIX, conhecido como “índice do medo”, subiu 4,01%, aos 27,32 pontos.

Além dos EUA, o temor de que os russos não reiniciem o fluxo do gasoduto Nord Stream 1, fechado para manutenção, pesa no sentimento dos especialistas. No caso de isso acontecer, cresceriam consideravelmente as chances de o Velho Continente enfrentar um cenário de estagflação, com energia mais cara e recuo, ou estagnação, da economia.

A notícia de que a China hoje confinou mais de 300 mil habitantes da cidade de Wugang por conta de um caso da Covid-19, por fim, também aumenta a expectativa de recessão mundial.

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Todo esse cenário de menor crescimento levou a uma queda das commodities, o que impediu que alta do Ibovespa fosse mais acentuada. O preço do petróleo Brent fechou em baixa de 7,38%, a US$ 98,18 o barril. Na China, o preço da tonelada do minério de ferro caiu 4,97% no porto de Dalian, a US$ 105,13.

“Quanto ao Ibovespa, houve uma dispersão grande do índice. Empresas do setor de varejo tiveram altas bastante expressivas enquanto exportadoras de commodities pesaram na performance”, explica Moura.

A maior queda percentual do índice foi das ações da 3R Petroleum (RRRP3), com menos 7,01%. Ao se ver as baixas por peso, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3;PETR4) foram destaque recuando 1,96% e 1,50%, respectivamente.

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Impacto de queda das commodities vai além do Ibovespa

A queda das commodities, além de impactar diretamente as companhias do setor, tem ainda outro desdobramentos dentro do mercado brasileiro.

Em parte, o recuo dos produtos não manufaturados explica também a alta de 1,27% do dólar frente ao real, com a moeda americana fechando a R$ 5,439. O menor valor das commodities prejudica a balança comercial brasileira e é sentida junto da já mencionada maior aversão ao risco no mundo – o DXY fechou em alta de 0,14%, aos 108,17 pontos.

Do outro lado, o recuo das commodities também tirou pressão da curva de juros, com a perspectiva de menor inflação – e impulsionou algumas ações.

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Os DIs para 2023 tiveram seus yields recuando seis pontos-base, para 13,84%, e os DIs para 2025 viram os seus caírem 19 pontos, para 13,05%. Os DIs para 2027 e 2029 viram suas taxas caírem, ambos, 15 pontos, para 12,92% e 13,05%. Os rendimentos dos DIs para 2023 caíram 13 pontos, para 13,12%.

“Estamos vendo que o mercado, ontem e hoje, está precificando uma inflação menor ao redor do mundo por conta das commodities”, afirma André Luzbel, head de renda variável da SVN Investimentos. “Isso explica, em parte, o fato de as companhias de varejo estarem se valorizando”, complementa.

As maiores altas do Ibovespa, foram, justamente, de ações deste setor: as ON da Magazine Luiza (MGLU3) subiram 11,41%, as da Via (VIIA3), 9,44%, e as da Americanas (AMER3), 8,26%.

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Para Felipe Moura, analista da Finacap Investimentos, o setor de varejo, além de ser impactado pela queda dos juros, também vem sendo beneficiado por leituras menores dos índices de inflação e também pelos recentes auxílios econômicos anunciados: ainda hoje, o Congresso Nacional deve votar a PEC dos Auxílios, que deve, de alguma forma, levar fluxo para companhias do setor.

Por fim, André Moura destaca também que a queda das commodities junto da perspectiva de menor inflação está gerando uma rotação de carteiras, com investidores saindo das ações das exportadoras e procurando companhias voltadas ao mercado interno.

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