CCR (CCRO3) e Ecorodovias (ECOR3): os impactos da suspensão do reajuste de tarifas em São Paulo para as companhias

Fluxo de caixa das empresas deve ser pressionado, mas notícia é neutra do ponto de vista de valuation com projeção de rebalanceamento dos contratos

Equipe InfoMoney

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Nesta sexta-feira (1), a CCR (CCRO3) enviou comunicado ao mercado destacando a informação anunciada na véspera pelo governo de São Paulo sobre o não reajuste nos pedágios. O estado decidiu estabilizar, temporariamente, o valor vigente das tarifas de pedágios, deixando de aplicar o reajuste dos contratos de concessão de rodovias, previsto para vigorar a partir de 1°de julho de 2022.

A CCR pediu que o Estado de São Paulo reitere seu respeito a lei e aos contratos de concessão em vigor, visando estabelecer medidas adequadas e imediatas para evitar os desequilíbrios contratuais.

“Caso contrário, as concessionárias adotarão as medidas cabíveis para garantir a aplicação dos direitos contratualmente estabelecidos”, afirmou.

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Na sequência, após o anúncio, a Ecorodovias (ECOR3) afirmou que estudará formas de promover soluções contratuais a serem implementadas já nos próximos dias, a fim de mitigar qualquer desequilíbrio. “A companhia acompanhará as providências do Poder Concedente e analisará as medidas necessárias para resguardar seus direitos e assegurar o cumprimento dos contratos de concessão da Ecovias dos Imigrantes e Ecopistas”, destacou em comunicado.

A Secretaria de Logística e Transportes (SLT) de São Paulo anunciou ontem que não fará os reajustes das tarifas de pedágio que seriam realizados a partir desta sexta em função da atual conjuntura econômica do Brasil e dos altos preços dos combustíveis.

Tanto para CCR quando para a Ecorodovias (ECOR3), os analistas da XP destacaram ver a notícia como: (i) negativa do ponto de vista regulatório e de fluxo de caixa; com o fluxo de caixa de ambas as empresas sendo pressionado no curto prazo; e (ii) neutro do ponto de vista de valuation, pois é intenção do governo reequilibrar totalmente os contratos daqui para frente. O Bradesco BBI também destacou esperar o rebalanceamento dos contratos, mantendo assim recomendação de compra para as ações das duas companhias, com preços-alvo de R$ 16 para CCRO3 e de R$ 13 para ECOR3.

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Pedro Bruno e Lucas Laghi, analistas da XP, lembram que não é a primeira vez que isso acontece em São Paulo.

A última vez que um evento como este ocorreu no estado foi em 2013, durante a gestão de Geraldo Alckmin, e os contratos foram totalmente reequilibrados posteriormente por meio de uma combinação de duas medidas: (i) redução da taxa de concessão variável, de 3,0% para 1,5%; e (ii) autorização para cobrança de eixos suspensos de caminhões.

“Eventos semelhantes também ocorreram no passado, quando o governo optou por utilizar o menor dos dois índices (IGP-M ou IPCA), reequilibrando os contratos ao reajustar as tarifas abaixo dos valores contratuais”, avaliam os analistas.

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Eles apontam que CCR e Ecorodovias estão igualmente expostas às concessões de SP. As operações de ambas as empresas têm grande exposição ao estado, de 46% do lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de 2021 para CCR e 43% para Ecorodovias.

“Portanto, acreditamos que ambas devem ter um impacto relevante no fluxo de caixa resultante da medida (cerca de 8% do Ebitda para Ecorodovias e CCR, em média, assumindo o reajuste que seria de cerca de 12%)”, avaliam.

A expectativa dos analistas é por um reequilíbrio financeiro total. “Acreditamos que as empresas, provavelmente com o auxílio da ABCR (Associação Brasileira de Concessões Rodoviárias), tentarão negociar com a ARTESP [Agência de Transporte do Estado de São Paulo] e o governo um rápido reequilíbrio em caixa e não via extensão de contrato. Isso ajudaria a recompor o fluxo de caixa das concessões e seria especialmente importante para as empresas mais alavancadas do setor. Caso não seja via pagamento à vista, esperamos reequilíbrio através dos outros métodos conhecidos do setor”, apontam.

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Os analistas da XP possuem recomendação neutra para Ecorodovias, com preço-alvo de R$ 12,40, e de compra para CCR, com preço-alvo de R$ 15,60.

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