Bitcoin recupera US$ 39 mil, evita queda mais forte e deixa altcoins em compasso de espera em dia de Fomc

Investidores seguem temerosos de que comentários do Fed após reunião do Fomc hoje tragam volatilidade para os mercados

Paulo Barros CoinDesk

(Andre Francois Mckenzie/Unplash)

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Investidores de criptomoedas respiram aliviados na manhã desta quarta-feira (4) em meio ao sobe e desce de preços do Bitcoin (BTC), que caiu para a faixa dos US$ 37 mil na noite de ontem, mas volta a flertar com os US$ 39 mil nas primeiras horas desta manhã. Às 7h15, a criptomoeda era cotada a US$ 38.920, em alta de 1,2% nas últimas 24 horas. Já o Ethereum, refletindo o sentimento de incerteza do mercado, não recupera os US$ 2.900 e é negociado a US$ 2.836, em estabilidade em relação ao mesmo horário ontem.

No radar dos agentes de mercado seguem as preocupações macroeconômicas, principalmente em relação ao possível impacto da decisão do Federal Open Market Committee (Fomc) do Federal Reserve, Banco Central dos EUA, sobre a taxa de juros, que será divulgada hoje. A expectativa é que o Fomc decida pelo aumento em 50 pontos-base, mas investidores temem que comentários de Jerome Powell acerca da duração do aperto monetário possam desencadear volatilidade nos preços.

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“As questões macro, seja a guerra na Ucrânia, questões globais da cadeia de suprimentos e inflação que afeta todos os países, levando o Fed a apertar suas políticas, [fazem com que] ativos de risco geralmente não tenham um bom desempenho”, avalia Kapril Rathi , cofundador e CEO da plataforma de negociação de ativos digitais CrossTower. “Pode-se argumentar que a criptomoeda está praticamente na mesma categoria que [ações de] tecnologia em termos de risco. Vemos uma pressão macro na tecnologia e nas criptomoedas ao mesmo tempo”, explica.

Em relatório, a casa de análise Arcane Research observou que os prêmios de contratos futuros de Bitcoin permanecem baixos, “sinalizando o pessimismo persistente dos participantes ativos do mercado”. Apontou ainda que o Índice de Medo e Ganância do Bitcoin registra “Medo” ou “Medo Extremo” pela quarta semana consecutiva – o período mais longo de temor do mercado neste ano.

Ainda assim, Rathi adota um tom cauteloso, porém otimista, para o final do ano. “Nos próximos seis a nove meses, veremos um papel importante do Bitcoin à medida em que os países lidam com a inflação, então espero uma recuperação no mercado”.

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O trader Tone Vays, ex-JP Morgan, tem opinião parecida. Em conversa com o InfoMoney CoinDesk durante visita ao Brasil no último final de semana, Vays afirmou que ainda espera ver uma nova máxima do Bitcoin este ano. No curto prazo, no entanto, permanece pessimista, e acredita que o preço ainda pode cair para menos de US$ 30 mil antes de se recuperar com mais força.

Um dos indicativos de um possível recuo dessa magnitude é o preço de liquidação de parte dos investidores que comprou Bitcoin antes da máxima histórica registrada em novembro do ano passado. Segundo dados da Glassnode, esses usuários estão “olhando à beira do abismo de posições não lucrativas” e estão se preparando para capitular e vender tudo o que têm, assim como detentores mais antigos fizeram recentemente.

“A atual estrutura de mercado para o Bitcoin permanece em um equilíbrio extremamente delicado, com preço de curto prazo e lucratividade da rede inclinando-se para baixo, enquanto as tendências de longo prazo permanecem construtivas. A capitulação dos detentores de longo prazo parece continuar”, escreveu a Glassnode.

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Um dos preços médios observados pelo mercado é o da Microstrategy, empresa de capital aberto com a maior reserva em Bitcoin. Segundo o último balanço da companhia, a aquisição tem preço médio atual de US$ 30.700, e soma cerca de US$ 5 bilhões – quase 130 mil bitcoins.

O momento de insegurança, por outro lado, ainda não leva traders a liquidarem mais posições em altcoins. Apesar de virem de queda forte nos últimos meses, as principais criptos alternativas ao Bitcoin são negociadas perto da estabilidade na manhã de hoje, caso de Ethereum (ETH), Binance Coin (BNB) e XRP (XRP), por exemplo.

Entre os destaques positivos está o Curve DAO Token (CRV), que sobe quase 16% em meio a uma maior procura de investidores por renda passiva com stablecoins no ambiente de finanças descentralizadas (DeFi). Já na ponta negativa, a Alrorand (ALGO) cai mais de 5% em correção após disparada ontem impulsionada pelo anúncio de que será a blockchain da Copa do Mundo da Fifa este ano.

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Confira o desempenho das principais criptomoedas às 7h15:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Bitcoin (BTC) US$ 38.920,02 +1,2%
Ethereum (ETH) US$ 2.836,63 0%
Binance Coin (BNB) US$ 390,27 +0,6%
XRP (XRP) US$ 0,616545 0%
Terra (LUNA) US$ 86,51 +2,7%

As criptomoedas com as maiores altas nas últimas 24 horas:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Curve DAO Token (CRV) US$ 2,41 +15,7%
Frax Share (FXS) US$ 28,52 +12,9%
Tron (TRX) US$ 0,078068 +10,5%
THORChain (RUNE) US$ 6,74 +6,4%
Waves (WAVES) US$ 13,20 +5,6%

As criptomoedas com as maiores quedas nas últimas 24 horas:

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Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Alrorand (ALGO) US$ 0,670116 -5,1%
Iota (MIOTA) US$ 0,516681 -4,9%
ApeCoin (APE) US$ 14,57 -4,6%
Nexo (NEXO) US$ 2,12 -2,26%
Maker (MKR) US$ 1.447,96 -2,4%

Confira como fecharam os ETFs de criptomoedas no último pregão:

ETF Preço Variação
Hashdex NCI (HASH11) R$ 33,88 -3,75%
Hashdex BTCN (BITH11) R$ 44,89 -0,92%
Hashdex Ethereum (ETHE11) R$ 40,65 -3,85%
Hashdex DeFi (DEFI11) R$ 33,55 -1,03%
Hashdex Smart Contract Plataform FI (WEB311) R$ 34,81 -5,27%
QR Bitcoin (QBTC11) R$ 11,76 -3,2%
QR Ether (QETH11) R$ 9,94 -4,51%
QR DeFi (QDFI11) R$ 5,71 -4,83%

Veja as principais notícias do mercado cripto desta quarta-feira (4):

Microstrategy reporta prejuízo de US$ 170 milhões com reserva de Bitcoin

A MicroStrategy recebeu um encargo de depreciação de ativos digitais não monetários de US$ 170,1 milhões no primeiro trimestre, acima dos US$ 146,6 milhões do quarto trimestre, de acordo com seu último relatório de ganhos.

O prejuízo de ativos digitais reflete a queda no preço do Bitcoin em relação ao preço pelo qual a moeda foi adquirida. De acordo com as regras contábeis dos EUA, o valor de ativos digitais, como criptomoedas, deve ser registrado pelo seu custo e ajustado apenas se seu valor cair. Uma subida de preço, porém, não deve ser reportada, a menos que o ativo seja vendido.

A MicroStrategy registrou perdas totais de ativos digitais de US$ 831 milhões em 2021, contra US$ 71 milhões em 2020.

Os 129.218 BTC da empresa mantidos no final de 31 de março de 2022 foram adquiridos por US$ 3,97 bilhões, refletindo um custo médio por Bitcoin de aproximadamente US$ 30.700, informou a empresa. Ao preço atual do Bitcoin, o valor dessas participações é de aproximadamente US$ 5 bilhões.

Coinbase realiza treinamento para candidatos a vagas no Brasil

A exchange de criptomoedas Coinbase anunciou ontem que realizará um evento virtual com o objetivo de preparar potenciais candidatos para vagas abertas no Brasil. Segundo a empresa, a iniciativa faz parte da estratégia de buscar novos talentos e de contratar cada vez mais profissionais brasileiros, principalmente na área de engenharia, como parte do projeto de expansão dos negócios na América Latina.

“Nosso objetivo é captar novos talentos e, para isso, nada melhor do que sermos receptivos e calorosos com nossos potenciais candidatos. Assim, buscamos promover iniciativas como essas, que nos aproximam das pessoas, para descomplicar o processo de recrutamento e tornar as entrevistas cada vez mais eficazes”, afirma a recrutadora Priscilla Rossi, em nota, ressaltando que a companhia acredita que alguns dos melhores talentos da engenharia estão na América Latina, “região estratégica para nosso crescimento”.

O evento virtual, chamado Cracking the Coding Interview, acontecerá no dia 12 de maio, às 19h. Para participar, é necessário fazer a inscrição prévia no site do evento (coinbasecrackingthecode.splashthat.com). As vagas disponíveis podem ser conferidas no site da Coinbase.

Startup mineira de jogos NFT recebe aporte dos mesmos investidores do The Sandbox

A comunidade de criptojogos Dux anunciou ontem uma rodada de investimento de R$ 10 milhões que contou com a participação da Animoca Brands, empresa especializada em games blockchain e metaverso que é uma das investidoras do The Sandbox (SAND).

A Animoca Brands realizou aporte de R$ 3 milhões. Os outros R$ 7 milhões vieram da Old Fashion Research, um fundo de investimento em blockchain multiestratégia fundado por ex-executivos da Binance. Essa foi a primeira aposta do fundo em uma startup da América Latina.

“Realizamos investimentos em empresas, equipes e ideias inovadoras, que têm o poder de impulsionar o ecossistema de criptomoedas e toda Web 3.0 de maneira positiva e significativa, para a OFR é importante investir em projetos consistentes, e que ajudem o fundo a diversificar seus negócios, principalmente em mercados emergentes e com grande potencial, como é o caso do latino-americano”, afirmou, em nota, Guilherme Bisoli, analista de investimento da Old Fashion Research.

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Paulo Barros

Editor de Investimentos