Os melhores investimentos para ganhar com a alta da Selic

O Copom decidiu elevar a taxa Selic para 9% ao ano, dando continuidade ao ciclo de aperto monetário que já dura quatro reuniões. O que isso muda nos investimentos?

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – O Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu elevar a taxa Selic para 9% ao ano, na última quarta-feira (28), dando continuidade ao ciclo de aperto monetário que já dura quatro reuniões. A taxa básica de juros da economia começou a subir em abril deste ano, após um ciclo de afrouxamento monetário que durou mais de um ano e levou a Selic de 12,5% ao menor nível histórico, de 7,25%, em outubro de 2012.

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Com a nova taxa, a remuneração da caderneta de poupança volta a ser definida de acordo com antiga regra, que dita uma rentabilidade de 0,5% ao mês, ou 6,17% ao ano, mais a chamada TR (Taxa Referencial), que atualmente encontra-se muito próxima de zero. A nova regra deste tipo de investimento, que estava vigente até ontem, ditava uma remuneração de 70% da Selic mais a TR.

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A dúvida que fica aos investidores é: com essa mudança, a poupança, considerada um investimento que oferece uma rentabilidade muito baixa, apesar da segurança que oferece e da facilidade de aplicação e resgate, se torna atrativa e uma boa opção de investimento, à frente de outras opções do mercado de renda fixa? Veja a opinião de especialistas.

De acordo com o educador financeiro, Antônio de Júlio, a poupança sobe agora com a alta da Selic para 9% ao ano e para, ou seja, se a taxa de juros subir na próxima reunião de novo, ela não vai passar disso, pois esse é o rendimento máximo que a poupança pode proporcionar, e ele ainda não é atrativo. “Na renda fixa, os títulos do tesouro são os mais atrativos, pois eles acabam sendo mais beneficiados que a poupança com a alta da Selic”, afirmou.

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Para o educador, a melhor opção neste momento são as LTNs, títulos do Tesouro pré-fixados, com um vencimento longo (2017), porque estão oferecendo 11,63% ao ano (dados de quarta-feira, 28) para quem os segura até o vencimento. “As NTN-Fs também estão oferecendo quase 12% ao ano de rentabilidade e representam uma alternativa bem melhor que a poupança, apesar de pagar Imposto de Renda”, disse.

De Júlio explicou que, com título pré-fixados, você sabe o quanto vai ganhar no final (caso segure até o vencimento), ou seja, “não tem coisa melhor”, mas isso só é válido para investidores conservadores. “Já as LFTs, que são títulos pós-fixados atrelados à Selic, diferente do que muitos pensam, não são boas alternativas, pois acredito que o ciclo de aperto monetário já esteja no final. Eu não acredito que a taxa suba mais do que isso, porque a inflação não está tão descontrolada assim. É preciso ter em mente que o horizonte de investimento é mais importante do que o próprio investimento”, completou.

Não adianta olhar só a Selic
O economista e especialista em investimentos e métodos quantitativos, Richard Rytenband, afirmou que não adianta olhar só para o movimento da Selic para tentar identificar os melhores investimentos. De acordo com ele, o certo é fazer uma avaliação da atividade econômica e da postura do Banco Central, para identificar como tudo isso influencia o deslocamento da curva de juros, que chegou ao patamar acima de 12% nos vencimentos mais longos. “O marcador mostrou um risco retorno bom e agora já começa a embicar para baixo, o que indica muitas coisas”, afirmou.

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Segundo Rytenband, com a economia brasileira em processo de desaceleração, mesmo com um número razoável do PIB agora, a curva de juros ficará negativamente inclinada, e, conforme o BC vai aumento o juros, o juros futuros vai embicando pra baixo. “Isso significa que as NTN-Bs de prazo longo, como a 2035, por exemplo, vão ficando cada vez mais lucrativas. O lucro desses títulos, assim como o das LTNs 2017, vai explodir a partir de agora”, disse o especialista.

Ainda de acordo com o economista, a poupança voltar à regra antiga não importa, pois em qualquer investimento de renda fixa você tem que olhar o todo. “Tem que olhar a economia como um todo, a inflação, a curva de juros… Pois a partir disso que começa a ficar claro quais são os investimentos para começar a montar posição e os investimentos para evitar”, finalizou.