Para acalmar policiais federais, ministro diz que aumento para servidores ainda não foi fechado

Anderson Torres disse em reunião que reajuste de 5% a todos os servidores públicos, acordado na semana passada entre Bolsonaro e Guedes, ainda não é certo

Estadão Conteúdo

Policiais Federais realizam operação (Foto: Divulgação/Polícia Federal)

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Para acalmar os ânimos, o ministro da Justiça, Anderson Torres, disse em reunião com policiais na segunda-feira (18) que o reajuste de 5% para todos os servidores públicos, acordado na semana passada entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda não foi fechado — e, portanto, não está afastada a prometida reestruturação das carreiras da segurança pública.

A reunião de Torres com a cúpula da PF (Polícia Federal), da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e do Depen (Departamento Penitenciário Nacional) ocorreu na sala de reuniões do Palácio da Justiça e durou cerca de duas horas e meia. Também marcaram presença deputados ligados à chamada “bancada da bala”, como Sanderson (PL-RS) e José Medeiros (PL-MT).

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O encontro teve pouco efeito prático, mas serviu para as categorias exporem a insatisfação com a proposta de reajuste linear de 5% para civis e militares a partir de julho — que não atende à promessa feita por Bolsonaro aos profissionais de segurança pública de uma reestruturação e um reajuste maior apenas para os policiais.

Policial federal de carreira, o ministro da Justiça se comprometeu a levar a pauta ao presidente.

De acordo com presentes na reunião, delegados federais alertaram o ministro de que manterão a pressão por mudanças reais no plano de carreira da PF e farão assembleia com os sindicatos estaduais, para deliberar sobre as ferramentas que serão adotadas daqui para frente, como greves e abordagens corpo a corpo em parlamentares e auxiliares do governo.

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Base estratégica do presidente

Bolsonaro tem forte interesse em agradar a policiais federais, considerados uma importante base eleitoral do presidente, que é pré-candidato à reeleição. Mas o governo vê o compromisso assumido por Bolsonaro como arriscado, diante da possibilidade de incendiar ainda mais a mobilização de outras categorias, como servidores do Banco Central e da Receita Federal, também insatisfeitos.

Os servidores do BC estão em greve desde o dia 1º e já estão afetando diversas atividades da autoridade monetária, como a divulgação de indicadores. Por determinação da Lei de Responsabilidade Fiscal, qualquer aumento com despesas de pessoal precisa constar da folha de pagamento de julho, antes de 180 dias do fim do mandato presidencial.

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa de Anderson Torres não se manifestou sobre a reunião.