Ibovespa descola do exterior e fecha em alta pela primeira vez no ano; dólar fica abaixo de R$ 5,70

Investidores voltaram a repercutir possível alta de juros nos Estados Unidos ainda no primeiro trimestre

Mitchel Diniz

B3 Ibovespa Bolsa de Valores de São Paulo (Germano Lüders/InfoMoney)

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O Ibovespa teve dificuldades, mas conseguiu fechar em alta pela primeira vez no ano, ainda que distante da máxima do dia.

O principal índice da Bolsa brasileira chegou a subir mais de 1% na sessão de hoje, testando o patamar dos 102 mil pontos, mas acabou cedendo à pressão negativa vinda do exterior. Já as Bolsas em Nova York voltaram a recuar com a perspectiva de alta de juros nos Estados Unidos em março, após o tom mais hawkish do Banco Central Americano (Federal Reserve) na ata de sua última reunião de política monetária.

Segundo Juan Espinhel, especialista de investimentos da Ivest Consultoria, o mercado de ações no Brasil começou o ano repercutindo questões fiscais depois que o governo decidiu prorrogar a desoneração da folha de pagamento de empresas de 17 setores. “Tentamos recuperar essa queda de três dias seguidos na sessão de hoje, mas o mercado lá fora domina, já que o estrangeiro tem grande representatividade na nossa Bolsa e o tom mais hawkish do Federal Reserve atrapalha”, explica. Na véspera, o Ibovespa caiu 2,42% repercutindo o documento da autoridade monetária americana.

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Ontem, o BC americano sinalizou que o ciclo de aperto monetário deve ter início mais cedo do que se pensava, diante da escalada da inflação que chegou aos maiores patamares em 40 anos. A manutenção das taxas de juros próximas a zero e as compras de títulos públicos e de hipotecas impactaram o balanço da autoridade monetária.

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Espinhel acredita que o Ibovespa corre o risco de perder os 100 mil pontos, apesar da a Bolsa estar barata. “Os fundamentos das empresas são bons, mas tem a perspectiva de alta de juros lá fora jogando contra e a eleição aqui no Brasil em 2022”, diz o especialista.

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As ações ligadas a commodities, que seguraram o Ibovespa em alta durante uma boa parte do dia, também perderam fôlego nas últimas horas de negociações. A exceção foram os papéis da Vale (PETR4), o maior volume do Ibovespa hoje, e que fecharam em alta de 2,02%, ajudando a Bolsa a terminar o dia no azul.

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O Ibovespa fechou em alta de 0,55%, aos 101.561 pontos. O volume negociado no dia ficou em R$ 26,2 bilhões. O Ibovespa futuro para feveiro de 2022 subia 0,71%, aos 102.380 pontos, nos últimos negócios.

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O dólar comercial, por sua vez, fechou próximo das mínimas do dia: a moeda americana recuou 0,56%, a R$ 5,679 na compra e R$ 5,680 na venda. O dólar futuro para fevereiro era negociado em baixa de 0,33% a R$ 5,716 próximo ao encerramento dos negócios.

Na sessão estendida, os juros futuros voltaram a apontar para uma postura menos agressiva do Banco Central brasileiro nas próximas reuniões do Copom. O DI para janeiro de 2023 recuou 14 pontos-base para 11,97%; o DI para janeiro de 2025, caiu 11 pontos-base, para 11,32%; e o DI para janeiro de 2027 recuou dez pontos-base, para 11,22%.

Os indicadores domésticos continuam apresentando fragilidade. Desta vez, foi a produção industrial referente a novembro que teve variação mensal negativa de 0,2% – o mercado esperava por um avanço do indicador e não retração.

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Nos Estados Unidos, os índices fecharam com leve baixa. Depois do tombo da véspera com a divulgação da ata do Fed, as ações de tecnologia ensaiaram uma recuperação hoje, mas voltaram a ceder. A Nasdaq fechou em leve baixa de 0,13%, aos 15.080 pontos. O S&P 500 terminou a sessão com queda de 0,1% e o Dow Jones recuou 0,47%.

As Bolsas europeias repercutiram hoje a ata do BC americano, pois estavam fechadas quando o documento foi divulgado no final da tarde de ontem. As piores performances do dia foram as ações do setor de tecnologia – na percepção dos investidores, juros mais altos diminuem a atratividade dessas empresas, que tendem a ser impactadas por maiores custos de dívida.

O índice pan-europeu Stoxx 600, que reúne empresas de 17 países do continente, fechou em baixa de 1,3%.

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No segmento de commodities, o petróleo reagiu à crise política que tem gerado protestos no Cazaquistão, país produtor da matéria-prima. Por enquanto, não há indícios de que a produção esteja sendo afetada. Mesmo assim, o barril do petróleo WTI para fevereiro fechou em alta de 1,82%, a US$ 79,27. O do Brent, referência para a Petrobras, subiu 1,72%, a US$ 82,19.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados