Analistas revisam projeções para CCR após acordo crucial com governo de SP: “foco agora é no futuro”

Na visão do mercado, acordo mitiga riscos regulatórios e permite que companhia foque em projetos futuros

Mariana Zonta d'Ávila

Publicidade

SÃO PAULO – A CCR (CCRO3) anunciou na segunda-feira (29), após o fechamento do mercado, que assinou um acordo preliminar sobre disputas judiciais com o estado de São Paulo envolvendo aditivos de concessões acertados em 2006.

Pelo acordo, controladas da companhia se comprometeram ao pagamento total de R$ 1,2 bilhão ao governo paulista. O pagamento, dividido em R$ 352 milhões pela AutoBAn, R$ 263 milhões pela SPVias e R$ 585 milhões pela ViaOeste, deverá ocorrer em 15 dias.

Assim, o  acordo prevê encerramento das ações judiciais envolvendo os contratos aditivos e confirma prazo da concessão das rodovias dos Bandeirantes e Anhanguera (AutoBAn) até o final de janeiro de 2037, segundo a CCR. Houve ainda reajustes dos reequilíbrios econômico-financeiros pendentes.

Continua depois da publicidade

A notícia foi vista como positiva pelo mercado. Os papéis CCRO3 abriram o pregão desta quarta com alta de 5% na B3. Por volta das 11h, as ações subiam 1,5%, a R$ 13,50.

Na avaliação do Itaú BBA, a negociação marca um ponto crucial para a CCR, não só desbloqueando valor para a companhia, como também mitigando riscos regulatórios e “abrindo um terreno fértil para futuras alterações contratuais”.

Em relatório publicado nesta manhã, a analista Thais Cascello escreve que o valor presente líquido (VPL) estimado por ação, de R$ 3,50, veio acima do esperado pela casa, de R$ 3,00 por papel.

Continua depois da publicidade

Neste contexto, os analistas revisaram para cima suas projeções para a companhia e rolou o preço-alvo estimado para 2022, esperando que novos projetos representem catalisadores importantes para a ação no futuro.

A casa manteve recomendação de outperform (acima da média do mercado) para a companhia, com preço-alvo de R$ 16,50 para 2022, com possibilidade de o papel chegar aos R$ 19 em meio a novos projetos, o que implica potencial de alta de 43,1% ante o fechamento de terça-feira (29).

“Nossas estimativas são justificadas principalmente pela atraente taxa interna de retorno (TIR) no valor de mercado, que atualmente está em 9% reais, comparado com um retorno da ordem de 4% pago pelos títulos públicos atrelados à inflação (Tesouro IPCA+) com prazo de 14 anos”, escrevem os analistas.

Publicidade

Leia também:
XP vê oportunidades para setor de infraestrutura no país e destaca ação da Hidrovias do Brasil como preferida

O anúncio também foi visto como positivo pelo Credit Suisse, que destaca que o acordo agrega um valor substancial aos acionistas, com um valor presente líquido (VPL) estimado de R$ 8,2 bilhões.

Na visão dos analistas, além de retirar parte do risco do investimento, a negociação permite que a companhia mude todo seu foco para projetos futuros.

Continua depois da publicidade

Segundo o time de análise do Credit Suisse, a transação confirma a visão otimista para a companhia e justifica o preço-alvo estimado de R$ 21,50, que implica potencial de alta de 61,9%.

A casa escreve, contudo, que esperava que mais compromissos de investimento fossem adicionados às concessões, enquanto nenhuma taxa inicial seria paga pela CCR. “Também esperávamos que a AutoBAn fosse prorrogada até 2035, com prorrogações nas outras concessões também, incluindo Renovias, que não foi incluída neste contrato e será liquidada separadamente”, escrevem.

De acordo com o time de análise, a estrutura do contrato, com muito menos compromissos de Capex (despesas de capital) e um pagamento antecipado, deixa esses investimentos anteriormente esperados como uma possibilidade para o futuro, por meio de possíveis novos aditamentos.

Publicidade

Em meio ao anúncio do acordo, o Bradesco BBI manteve sua recomendação de compra para os papéis de CCR e introduziu um novo preço-alvo para 2022, de R$ 22. A estimativa implica potencial de alta de 65,7% ante o fechamento de terça (29), e engloba o rebalanceamento de contrato e o efeito de rolagem do preço-alvo para o ano seguinte.

Já a XP Investimentos estima R$ 8,5 bilhões de valor presente líquido para a CCR, o que representa R$ 4,20 por ação, um pouco abaixo do esperado pelos analistas, de R$ 4,60.

“Apesar do leve downside de cerca de 3% para nosso preço-alvo, vemos o anúncio como uma grande notícia positiva, e o principal catalisador que esperávamos para a convergência das ações para seu valor justo”, escrevem os analistas, em relatório.

A XP tem recomendação de compra para CCR, com preço-alvo estimado de R$ 15,60 – 17,5% de potencial de upside em relação ao fechamento do pregão anterior.

As estratégias dos melhores investidores do país e das melhores empresas da Bolsa, premiadas num ranking exclusivo: conheça os Melhores da Bolsa 2021