XP vê oportunidades para setor de infraestrutura no país e destaca ação da Hidrovias do Brasil como preferida

Com recomendação de compra para HBSA3, a XP estima preço-alvo de R$ 9,20 por ação, o que implica potencial de alta de 51,3%

Mariana Zonta d'Ávila

Hidrovias do Brasil (Foto: Divulgação)

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SÃO PAULO – De olho em grandes oportunidades, como novos projetos no horizonte, expansão da produção e exportação de grãos, bem como diante de uma expectativa de retomada econômica, a XP Investimentos iniciou nesta terça-feira (29) a cobertura do setor de infraestrutura do Brasil na Bolsa.

Em relatório publicado hoje, os analistas destacam que veem um grande pipeline de projetos do governo, da ordem de R$ 300 bilhões em novos investimentos, como uma “oportunidade crível de crescimento para as operadoras listadas”.

A avaliação é de que a atividade recente forte, apoiada por R$ 110 bilhões em investimentos leiloados desde 2017, corrobora para uma viabilidade da agenda em andamento, diversificação dos modais de transporte e ainda, permite uma competição saudável, mediante melhores termos e incentivos governamentais.

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Neste contexto, o nome preferido dos analistas dentre os papéis listados na B3 para se beneficiar de um cenário positivo para o segmento é Hidrovias do Brasil (HBSA3).

Com recomendação de compra, a XP estima um preço-alvo de R$ 9,20 por ação, o que implica potencial de alta de 51,3% em relação ao fechamento de segunda-feira (28).

Segundo o time de análise, Hidrovias é a maneira mais barata de se expor às perspectivas de crescimento de grãos do Centro-Oeste do Brasil, tendo ainda o nível de valuation mais atrativo do setor de infraestrutura, da ordem de 13,6% da TIR alavancada real, contra cerca de 9,4% para o principal comparável, a Rumo.

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O cálculo da Taxa Interna de Retorno (TIR) alavancada real é a métrica preferida da XP para comparação entre operadores de infraestrutura, uma vez que o cálculo leva em consideração a geração de caixa das companhias, bem como sua comparabilidade com alternativas de renda fixa.

“Adicionalmente, observamos que a Hidrovias negocia com um desconto de 20% em múltiplos EV/EBITDA para a Rumo, quando acreditamos que um prêmio é merecido, devido ao perfil de geração de caixa, e maior visibilidade de receita com contratos de longo prazo”, escrevem os analistas, em relatório.

Concessões rodoviárias: CCR é destaque

No setor de concessões rodoviárias, a preferida da XP é CCR (CCRO3), dado o valuation mais barato, o balanço sólido e a governança corporativa aprimorada, com a substituição da construtora Andrade Gutierrez pela IG4 Capital no grupo de controle da empresa.

“Vemos a CCR sendo negociada a uma TIR alavancada (para o acionista) real implícita atrativa de 10%, contra 4,1% dos títulos de dez anos indexados à inflação no Brasil”, escreve o time de análise.

A XP iniciou a cobertura de CCR com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 15,60 por ação, o que implica potencial de alta de 16,3% ante o fechamento de segunda (28).

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Ainda que o cenário base não considere crescimento da empresa por meio de novos projetos, os analistas afirmam que a CCR está bem posicionada para participar do grande pipeline de leilões de rodovias, com potencial de valorização adicional de 25% caso ganhe novos projetos.

“Vemos a CCR como o player mais bem posicionado em mobilidade urbana para conquistar projetos com retornos atrativos”, escrevem, lembrando que a CCR tem dominado os recentes leilões de metrôs e trens de passageiros.

Ainda entre as empresas de concessões rodoviárias, a XP inciou cobertura para Ecorodovias (ECOR3) que, assim como a CCR, está bem posicionada para se beneficiar de novos leilões, com o balanço da companhia fortalecido após a conclusão do seu follow-on, em junho.

O nível mais caro de valuation, contudo, impede que os analistas tenham uma visão mais otimista do papel. Desta forma, a XP tem posição neutra em Ecorodovias, com preço-alvo de R$ 12,40 por ação, o que implica potencial de alta de 3,8% em relação aos níveis atuais.

Ferrovias 

Assim como a Hidrovias do Brasil, outro nome que tende a se beneficiar do grande potencial da região Centro-Oeste brasileira para produção e exportação de grãos é a Rumo (RAIL3), segundo a XP.

No relatório, a casa destaca que os papéis apresentam uma perspectiva positiva de demanda no longo prazo e recomenda compra para a empresa, com preço-alvo de R$ 23 por ação – o que implica potencial de alta de 17,3%.

“Vemos a Rumo sendo negociada com uma TIR alavancada (para o acionista) real implícita da ordem de 9,4%, contra 4,1% dos títulos indexados à inflação de dez anos no Brasil (e contra cerca de 13,6% da Hidrovias do Brasil). Além disso, observamos que a Rumo é negociada com um desconto de cerca de 20% para seus pares globais em termos de EV/EBITDA para 2022E”, escrevem.

Terminais portuários

Ainda no setor de infraestrutura brasileiro, os analistas da XP avaliam que os terminais de contêineres têm mostrado um perfil de crescimento resiliente no país, e tanto o Tecon Santos (da Santos Brasil) quanto o Porto de Itapoá (da BRZ Infra Portos) estão bem posicionados geograficamente e estrategicamente, com ativos premium dentro de seus conglomerados.

Para a XP, o único ativo da BRZ Infra Portos (BRZP11), o Porto de Itapoá, está bem posicionado para capturar a demanda futura na região Sul do Brasil. “Em nosso cenário base, esperamos que a atual capacidade do porto de 1,2 milhão de TEUs [medida de um contêiner de 20 pés] se expanda em 50% para 1,8 milhão até 2024. Esse plano de investimentos implica em uma grande vantagem competitiva para o Porto de Itapoá”, escrevem.

Segundo o time de análise, a recomendação de compra para BRZ Infra Portos e a posição neutra em Santos Brasil deve-se ao valuation: enquanto BRZP tem 13,2% de TIR alavancada real, STBP apresenta uma TIR de 7,5%.

“A fraca evolução da cota do BRZ Infra Portos desde o surto da pandemia (-30% desde fevereiro de 2020) destacou-se de seu desempenho financeiro positivo. Vemos o valuation atual como atrativo tanto em termos absolutos quanto relativos”, escrevem. O preço-alvo dos analistas para BRZP11é de R$ 120, alta de 53% em relação ao fechamento de segunda-feira (28).

No caso de Santos Brasil (STBP3), contudo, apesar das expectativas positivas para receita e lucro, os analistas veem o mercado já precificando um forte crescimento de EBITDA implícito no múltiplo (da ordem de 15 vezes o EV/EBITDA estimado para 2021), com expectativa de que os múltiplos normalizem progressivamente e convirjam para a média histórica da empresa, de cerca de dez vezes – em linha com o preço-alvo estimado pela XP, que é de R$ 8,50, valor 7% menor em relação ao fechamento da véspera.

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