Mesmo com inflação em alta nos EUA, Julius Baer recomenda não investir em ouro e prata agora

Avaliação é de que, em um cenário pós-pandemia, menor demanda por ativos de proteção da carteira deve levar à queda nos preços desses metais

Mariana Zonta d'Ávila

(Petrovich9/Getty Images)

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SÃO PAULO – Com o avanço da vacinação nos Estados Unidos e indicadores econômicos sinalizando o início de uma retomada da atividade, o momento pode não ser o melhor para investir em metais preciosos, como ouro e prata. A avaliação é de Carsten Menke, estrategista do banco suíço Julius Baer.

Segundo Menke, o aumento da inflação – fator que tende a estimular a demanda por moedas como as mencionadas para fins de proteção – visto na economia americana é transitório, já foi antecipado e é bem compreendido pelo mercado financeiro.

Além disso, mais do que um pico de alta nos preços hoje, os indicadores refletem preços depreciados de um ano atrás, quando os lockdowns impostos para minimizar as contaminações pelo coronavírus levaram a uma pausa na atividade econômica, escreveu Menke, em relatório divulgado na quinta-feira (15).

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O banco ainda avalia que a inflação atual pode ser considerada um bom aumento dos preços, derivado de uma recuperação da economia pós-pandemia, o que pode ser visto nos dados mais recentes de preços do consumidor e do produtor dos EUA.

Em março, a inflação ao consumidor no país registrou alta de 0,6% na comparação com fevereiro, a maior desde agosto de 2012, segundo o Departamento do Trabalho.

Já o Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) do país subiu 1% em março e ficou bem acima da previsão dos analistas consultados pelo The Wall Street Journal, de alta de 0,4%.

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Para os próximos dois meses, o banco suíço espera dados ainda maiores de inflação, mas afirma que não é motivo para preocupação ou para investir em ouro ou prata, mesmo com a avaliação de que esses metais funcionem como uma proteção contra o aumento dos preços.

E com uma demanda menor por ativos considerados um “porto seguro” em momentos de maior incerteza, seus preços devem recuar, diz.

Na avaliação do estrategista, apenas uma “inflação ruim”, como a originada pela perda de confiança nas moedas globais (em especial o dólar), como por um cenário de grandes incertezas, poderiam ser favoráveis para os preços de ouro e prata. Este, contudo, não é o cenário-base da Julius Baer, embora o banco veja um dólar mais enfraquecido no horizonte.

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A avaliação está em linha com a revelada nesta entrevista de Shrenick Shah, gestor do JP Morgan Asset Management à frente da área de estratégia macro, que disse ter excluído a posição em ouro, à medida que as expectativas de rendimentos dos juros reais aumentaram.

Queda à frente

Para o ouro, a expectativa da Julius Baer é de que os preços caiam abaixo de US$ 1.700 por onça nos próximos 12 meses. Já para a prata, a projeção é de quedas ainda mais acentuadas.

Em 2020, em meio às incertezas provocadas pela pandemia, o ouro teve valorização da ordem de 56%. Desde o pico, em 6 de agosto de 2020, quando a onça troy (equivalente a cerca de 31 gramas) chegou a ser negociada a US$ 2.063,19, o metal acumula desvalorização de 14,5%, até quinta-feira (15).

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Já a prata encerrou o último ano com ganhos de 48%. Desde a máxima, em 10 de agosto de 2020, quando a onça troy chegou a ser negociada a US$ 29,15, o metal tem queda de 11,3%.