Ibovespa ganha força com exterior e fecha em alta após sessão volátil; dólar sobe 1,3% por Fed e DIs caem com ata do Copom

Mercado encerra sessão com ganhos graças a sinalizações de política monetária no exterior

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa ganhou força do exterior no final do pregão e fechou em alta após uma sessão bastante volátil. Lá fora, os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq avançaram 0,52%, 1,05% e 1,71% respectivamente. Em destaque ficaram as ações da Amazon, que tiveram ganhos de 5,1% depois de recomendação de compra da Bernstein.

Também contribuiu para o otimismo nos Estados Unidos a fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, de que o banco central americano irá apoiar a economia do país por quanto tempo for necessário. Ele discursou no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos EUA, o primeiro de três dias de depoimentos ao Congresso nesta semana.

Aqui, o clima de aversão a risco com preocupações a respeito da capacidade do Tesouro de honrar compromissos fiscais limitou a recuperação posterior à forte baixa da véspera.

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O Ibovespa teve leve alta de 0,31%, aos 97.293 pontos com volume financeiro negociado de R$ 20,079 bilhões. Em um dia de muita oscilação, o índice chegou a subir 0,7%, na máxima, aos 97.684 pontos e a cair 0,62% na mínima, aos 96.390 pontos.

Por outro lado, o presidente do Federal Reserve de Chicago, Charles Evans, trouxe uma forte pressão compradora ao dólar ao dizer que as taxas de juros dos EUA podem subir antes que a meta de inflação média de 2% seja atingida.

O dólar comercial subiu 1,26% a R$ 5,4674 na compra e a R$ 5,4682 na venda. Já o dólar futuro para outubro avança 1,11%, a R$ 5,476 no after-market.

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No mercado de juros futuros, o grande driver da sessão foi a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central nesta manhã. No documento, o Copom reiterou que, devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para corte de juros, se houver, deve ser pequeno.

Segundo análise da XP Macro, a ata do Copom foi neutra, repetindo em grande parte a comunicação anterior. “No parágrafo 16 o Comitê eliminou a parte em que discutia a limitação do forward guidance (FG) em emergentes, reforçando a confiança no mecanismo”, ressaltaram os analistas da corretora. Para a XP, o foco a partir de agora será o risco de mudança no regime fiscal.

O DI para janeiro de 2022 caiu seis pontos-base a 2,91%, o DI para janeiro de 2023 perdeu quatro pontos-base a 4,35%, o DI para janeiro de 2025 recuou dois pontos-base a 6,30% e o DI para janeiro de 2027 variou negativamente um ponto-base a 7,28%.

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Com o reforço da mensagem mais dovish (favorável a manter a política monetária afrouxada para estimular a economia) da ata do Copom, as apostas em elevações de juros nas próximas reuniões se esvaziaram, provocando um ajuste na curva dos juros futuros.

O mercado também ficou atento ao discurso do presidente Jair Bolsonaro na 75ª edição da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Bolsonaro defendeu a postura adotada por seu governo no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus e rebateu críticas internacionais à política ambiental brasileira.

Também no cenário doméstico, foi noticiado que o reforço para o Renda Brasil poderá vir de cortes na máquina pública. Segundo o Estado de S.Paulo, o presidente Jair Bolsonaro tem sido aconselhado pela sua equipe a rever os custos com servidores ou condicionar o programa à aprovação de novas iniciativas. Entre elas, estaria a criação de um novo imposto.

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Já no radar internacional, o avanço do coronavírus na Europa continuou sendo assunto. Foram registrados 300 mil casos na última semana. A segunda onda de contaminação em França, Espanha, Alemanha e Reino Unido pode levar a região de volta ao lockdown, indicando que o continente vive a fase mais delicada da epidemia desde meados de maio.

Agronegócio

Na véspera, o presidente Jair Bolsonaro comemorou a ampliação da cota de açúcar que o Brasil poderá exportar a mais para os Estados Unidos. No entanto, segundo a Folha de S.Paulo, o aumento da cota já era esperado desde abril.

O setor sucroalcooleiro não celebrou a medida. Em nota, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única) afirmou que a medida tem sido praxe e não representa “qualquer avanço estrutural para um maior acesso do açúcar brasileiro àquele país”, segundo o Estado de S.Paulo.

No noticiário nacional, também chama atenção a informação de que o Brasil é um dos países que mais sentem a inflação da Covid. Segundo a Folha de S.Paulo, um estudo do economista argentino Alberto Cavallo, professor da escola de negócios da Universidade Harvard, comparou a inflação causada pela crise sanitária com a variação capturada pelos índices de preços ao consumidor.

Entre 18 países analisados, o Brasil mostrou a maior disparidade entre a inflação da Covid e o IPCA. O Brasil aparece no topo da lista porque apresentou uma combinação entre alta forte nos preços de alimentos (9% anuais em maio) e queda no custo de transporte (de 2,5%).

Radar corporativo

No noticiário de empresas, um dos destaques foi a declaração da Totvs de que o comitê especial independente da Linx tem trabalhado para retardar, ou mesmo impedir, a análise da proposta da Totvs para unir as empresas, com o objetivo de favorecer a proposta feita pela Stone. Além disso, a Ultrapar Participações e a Cosan confirmaram que estão disputando a compra da Refinaria Presidente Getúlio Vargas da Petrobras, no Paraná.

Maiores altas

Ativo Variação % Valor (R$)
IRBR3 6.28466 5.75
MRVE3 3.72671 16.7
CSNA3 3.38879 16.78
CYRE3 2.76195 23.44
SBSP3 2.4173 48.3

Maiores baixas

Ativo Variação % Valor (R$)
BTOW3 -3.79708 94.25
EMBR3 -2.83019 6.18
SUZB3 -2.39027 47.37
JBSS3 -2.13136 22.5
CVCB3 -1.93705 16.2

Outro destaque é a notícia de que a Petrobras deve adiar a oferta dos 37,5% ainda detidos pela petroleira na BR Distribuidora até que haja uma melhoria das condições do mercado de capitais, de acordo com o Valor Econômico. Ao mesmo tempo, a B2W homologou um aumento de capital de R$ 4 bilhões, enquanto a B3 anunciou pagamento de proventos.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.