Ibovespa sobe 1,4% e recupera os 103 mil pontos após adiamento das tarifas contra a China

Chineses manifestaram a intenção de negociar com os americanos em duas semanas um acordo para pôr fim à guerra comercial

Ricardo Bomfim

Ações em alta (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em forte alta nesta terça-feira (13), com os investidores animados após a notícia de que a China negociará por telefone em duas semanas uma solução para encerrar a guerra comercial com os Estados Unidos.

Como resposta, os EUA adiaram para 15 de dezembro a tarifação em alguns produtos chineses como celulares, laptops, videogames, alguns brinquedos, monitores de computador, alguns itens de calçados e roupas.

Essas mercadorias respondem por aproximadamente US$ 40 bilhões dos US$ 300 bilhões que o presidente Donald Trump anunciou que taxaria. 

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O Ibovespa teve alta de 1,36%, a 103.299 pontos com volume financeiro negociado de R$ 18,152 bilhões.

Mais cedo, a Bolsa caía ainda repercutindo a vitória da chapa Alberto Fernández e Cristina Kirchner nas primárias das eleições argentinas. O presidente Jair Bolsonaro apostou todas as suas fichas em uma recondução de Mauricio Macri à presidência e agora se vê obrigado a montar um plano B para o provável cenário de ter no país vizinho uma gestão hostil

Já o dólar comercial registrou queda de 0,42% a R$ 3,9656 na compra e a R$ 3,9669 na venda. O dólar futuro com vencimento em setembro cai 0,45% a R$ 3,974. 

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O câmbio chegou a subir mais forte pela manhã com a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, que subiu 0,3% em julho, em linha com a mediana das expectativas dos economistas. Em junho, o crescimento fora de 0,3%. 

Como o dado foi forte, analistas temem que diminua as chances do Federal Reserve optar por mudar sua condução da política monetária para uma mais expansionista. 

No mercado brasileiro de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 teve alta de dois pontos-base a 5,40%, ao passo que o DI para janeiro de 2023 variou positivamente um ponto-base a 6,38%. 

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Por aqui, as preocupações com o ritmo da atividade econômica contaminam o mercado financeiro. O ministro da Economia, Paulo Guedes, pediu paciência com o governo do presidente Jair Bolsonaro. Ontem, indicadores publicados apontaram para a possibilidade de uma recessão técnica no segundo trimestre deste ano.

“Deixem um governo liberal ter uma chance, esperem quatro anos. Não trabalhem contra o Brasil, tenham um pouco de paciência. Esperem a vez de vocês”, afirmou Guedes, que participa hoje, logo cedo, da 18ª reunião do conselho governo, com o presidente Bolsonaro, no Palácio do Planalto.

Noticiário Corporativo

A Petrobras (PETR3; PETR4) realizou o pré-pagamento do Termo de Compromisso Financeiro (TCF) FAT/FC no valor de R$ 2,7 bilhões, cujo vencimento se daria em 2028, por conta do Acordo de Obrigações Recíprocas (AOR) que fora celebrado com a Petros e diversas entidades sindicais em 2006, visando uma solução para o reequilíbrio dos planos, ajuste de seus regulamentos e encerramento de litígios judiciais existentes.

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A EcoRodovias (ECOR3) e controladas da concessionária celebraram acordo de leniência com o Ministério Público Federal (MPF) – Procuradoria da República no Paraná, que será levado à homologação da 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF e da Justiça Federal de Curitiba.

Pelo acordo, a EcoRodovias e ECS vão pagar multa de R$ 30 milhões; a Ecovia vai arcar com R$20 milhões de obras e R$ 100 milhões de redução tarifária; e a Ecocataratas vai a arcar com R$ 130 milhões em obras e R$ 120 milhões de redução tarifária.

A companhia aérea Azul (AZUL4) informou que irá começar a operar a ponte aérea em 29 de agosto, com 34 operações diárias entre os aeroportos de Congonhas, em São Paulo, e Santos Dumont, no Rio de Janeiro, ampliando a concorrência no maior mercado doméstico do país.

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Entre os resultados corporativos, a Eletrobras (ELET6) anunciou lucro de R$ 5,6 bilhões no segundo trimestre, cifra 4,2 vezes superior à reportada no mesmo período do ano passado. Já a Itaúsa (ITSA4) registrou um lucro líquido de R$ 2,435 bilhões, alta de 19%.

A varejista Magazine Luiza (MGLU3) encerrou o segundo trimestre deste ano com lucro líquido de R$ 386,6 milhões, aumento de 174,7%. A Cosan (CSAN3) apresentou lucro de R$ 418,3 milhões, revertendo perdas de um ano atrás. A Rumo (RAIL3) também reverteu perdas e lucro R$ 185 milhões

A Estácio (YBUQ3) teve queda de 14% no lucro, para R$ 201,8 milhões.

Argentina e Mercosul

A derrota do presidente Mauricio Macri nas eleições primárias provocou pânico no mercado financeiro do país, com efeitos negativos também para o Brasil. O índice Merval, o principal da Bolsa de Buenos Aires, caiu 37,9% ontem, embora tenha subido 10% hoje e recuperado parte das perdas. 

As preocupações derivam da interpretação de que a vitória da chapa opositora, de Alberto Fernández e Cristina Kirchner, nas primárias “põem em xeque a política econômica do governo Macri e o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI)”, avaliou a empresa de serviços financeiros INTL FCStone.

Há também um temor de que medidas intervencionistas – amplamente utilizadas no período dos ex-presidentes Nestor e Cristina Kirchner – sejam retomadas, como o controle de acesso ao dólar e a concessão de subsídios em serviços como transporte e energia.

Os bancos já dão quase como certa a vitória kirchnerista. Em relatório, o estrategista Tiago Severo, do Goldman Sachs, afirmou que o resultado é “quase irreversível”.

Sobre o Mercosul, um acordo firmado em julho pelos membros permite que o Brasil não dependa da Argentina para colocar em vigor o tratado de livre-comércio negociado com a União Europeia.

O acerto, feito na última reunião de chefes de Estado do bloco, realizada na Argentina, foi proposto pelo governo de Mauricio Macri e permite que, após a assinatura formal do acordo e o aval do Parlamento Europeu, as novas regras tarifárias passem a valer para o país que obtiver aprovação do texto pelo seu Congresso.

Até então, um acordo comercial negociado pelo Mercosul só poderia vigorar depois de o texto ter passado pelas casas legislativas de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

A medida vale somente para os temas econômicos e comerciais, que estabelecem, por exemplo, a eliminação das tarifas de importação. Os capítulos com acertos políticos e de cooperação, que envolvem compromissos na área ambiental, estão fora. Esses só passam a valer após aprovação pelos parlamentos de todos os membros da União Europeia e do Mercosul.

A medida tornou-se um “seguro” para o Brasil diante das chances cada vez maiores de vitória da chapa da oposição, formada por Alberto Fernández e a ex-presidente Cristina Kirchner.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.