Bradesco rebaixa ação do Magazine Luiza prevendo contratempos

Fim da Lei do Bem, reforço de competidores e possibilidade de alta da Selic são os fatores mencionados pelo banco  

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Após valorização de 15.367,7% nos últimos 32 meses, o Magazine Luiza (MGLU3) foi rebaixado para classificação “neutra” pelo Bradesco BBI nesta quarta-feira (8). O banco prevê alguns contratempos para a varejista e optou por classificar a ação como neutra graças também ao que vê como um otimismo excessivo do mercado.

Na última segunda-feira (6), o Magazine divulgou resultados trimestrais muito acima das expectativas do mercado, com aumento de 95% nas vendas com relação ao ano anterior. Ainda assim, o BBI observa que a empresa deve passar por contratempos a partir dos próximos meses.

“Para o segundo semestre de 2018, fatores externos (como a fraca recuperação econômica) podem enfraquecer o momento do Magazine”, escrevem os analistas Richard Cathcart e Helena Villares. Eles veem também que um resultado “desfavorável” nas eleições “ainda que seja difícil ver risco ao upside mesmo com um cenário eleitoral visto como positivo pelo mercado”.

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Já em 2019, preocupa os analistas o fim do incentivo fiscal criado pela Lei do Bem – que concede isenção em produtos, como smartphones a empresas que realizam pesquisa e desenvolvimento em inovação tecnológica. Também para o ano que vem, os analistas acreditam que diminuirá o número de concorrentes com problemas operacionais e esperam que as taxas de juros subam “gradualmente”. Isto “deve engolir (ainda que marginalmente) o crescimento dos ganhos por ação. Tudo em um cenário ‘bullish’ do mercado”. Para o BBI, após as eleições existe possibilidade de contração da taxa preço/lucro (PE, na sigla em inglês) para 43 vezes – o que indica otimismo excessivo.

O banco não ignora os resultados positivos e o trabalho bem feito da varejista nos tempos recentes, citando êxito em marketplace e atendimento ao cliente. Apesar disso, acredita que as estimativas de crescimento teriam de ser “excessivamente otimistas para alcançar um upside significativo (próximo a 15%) para o preço-alvo”. Se mantivessem as estimativas atuais, o banco esperaria preço-alvo entre R$ 165 e R$ 170 para 2019/2020. “Dados os resultados que vimos do Magazine em 2017/18, isso não está fora de questão”, escrevem. Ainda assim, seu cenário-base é outro.

Para 2019, o BBI mantém, portanto, preço-alvo de R$ 155, o que significaria um prêmio preço/lucro de 32x, ante 31x vistos atualmente. “Com expectativas otimistas, alguns contratempos no horizonte e ações negociadas a múltiplos, rebaixamos nosso rating de Outperform para Neutral”.

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Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney