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SÃO PAULO – Fundos dos melhores gestores do país dificilmente podem ser acessados pelos investidores a qualquer momento. Multimercados como o Verde (da Verde Asset) e o SPX Nimitz, e os fundos de ações Dynamo Cougar e Tempo Capital estão fechados há muitos anos porque as limitações de liquidez do mercado brasileiro impedem que as gestoras aceitem mais aplicações a partir de uma certa altura. E os próximos a engordar essa lista podem ser os fundos que estão sob a batuta do supergestor Márcio Appel, sócio e fundador da Adam Capital.
Não há como negar que nos últimos anos, desde que decidiu deixar o comando do Safra Galileo e fundar sua própria gestora de recursos, Appel assumiu a posição de um dos protagonistas do mercado de fundos de investimentos no Brasil. Ainda que à frente do Galileo ele já alcançasse retornos considerados fora da curva, é provável que pouca gente longe do circuito Faria Lima – Leblon – Av. Paulista soubesse de seus feitos. Afinal, naquela época não eram muitas pessoas que podiam se gabar de deixar o próprio dinheiro nas mãos do gestor, já que para isso era preciso ter pelo menos R$ 500 mil para investir.
Agora, cuidando dos recursos de mais de 60 mil cotistas, o nome de Appel é frequentemente citado nas rodinhas de amigos que falam de investimentos, nas mesas de bar, e onde mais o assunto passar por aquela velha pergunta: ‘onde coloco meu dinheiro?’. Ao menos durante os próximos dois anos, a resposta ainda poderá ser “em algum fundo da Adam Capital”. Depois disso, ele já não garante mais. “As coisas estão acontecendo mais rápido do que a gente esperava. É possível que em 24 meses não tenhamos mais nenhum fundo aberto para captação”, disse o gestor para uma plateia composta por profissionais do mercado financeiro no XP Investor Day, evento da XP Investimentos realizado em São Paulo na última quinta-feira (22).
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Uma prova dessa popularidade foi o assédio ao gestor durante o evento. Os pedidos de fotografias e a felicidade dos presentes ao conseguirem um “shaking hands” mostram que Appel atingiu um patamar de pop star, algo difícil nesse meio que costuma ser mais sisudo e formal. “Eu contei no mínimo 20 selfies com ele nos poucos minutos que ficou fora do palco” disse um executivo que estava na platéia.
O primeiro fundo que a gestora abriu para o público foi o Adam Macro, que tem um patrimônio líquido de R$ 12,25 bilhões e está fechado desde o começo do ano passado. Em julho de 2017 a Adam abriu o Strategy, mas com uma peculiaridade nada casual. Sabendo que o mercado de juros brasileiros não comportava a gestão de um volume muito grande de recursos, Appel decidiu não operar estes ativos. “Eu fico surpreso com outros gestores abrindo tantos fundos operando juros Brasil. Esse mercado é limitado”, disse.
No lugar dos juros brasileiros, o Strategy apostou em uma seleção de ações internacionais. Deu certo. No ano passado, a rentabilidade do fundo superou a dos seus irmãos mais velhos, Macro e Advanced (que também está fechado para captação) e fez com que o gestor incluísse a estratégia nestes dois últimos antes do previsto. “Nossa intenção era incorporar [a carteira de ações internacionais] aos outros fundos no final de 2017, mas isso foi antecipado em 3 meses porque o resultado estava sendo muito bom e a diferença de rentabilidade entre eles estava aumentando” disse Appel em entrevista ao InfoMoney em janeiro de 2018.
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Com um resultado tão bom, o fundo atingiu um patrimônio de R$ 10,111 bilhões em fevereiro deste ano, o que provocou o fechamento do veículo de investimento com resgate em 30 dias – mas criou no mesmo momento outro fundo com estratégia idêntica e um prazo de resgate maior, de 60 dias. Para se ter ideia do poder de captação que Appel atingiu, ele conseguiu R$ 3,5 bilhões de clientes novos e antigos nos 18 dias úteis do mês de fevereiro. A tarefa, apesar de ser para poucos, já era esperada. O próprio gestor disse ao InfoMoney cerca de um mês antes que o Strategy poderia atingir os R$ 10 bi em pouco tempo. E a verdade é que quando os investidores souberam da proximidade do fechamento houve uma corrida atrás das cotas – ninguém queria perder a chance de entrar no multimercado que vinha rendendo bem mais do que os concorrentes.
O fato do Strategy não operar com juros locais aumenta e muito a sua capacidade de alocação de recursos – ainda que sejam criados de tempos em tempos veículos de investimento com a mesma estratégia, mas com liquidez diferente. “Espero captar em média entre R$ 1 e R$ 2 bilhões por mês”, disse. “Se a gente fizer isso, talvez dê para chegar entre os 10 maiores hedge funds do mundo”, afirmou o gestor, antes de citar sobre o possível encerramento da captação nos próximos anos.
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A verdade é que além de ter um talento inegável para a gestão de recursos, Appel e seu sócio André Salgado também tiveram um forte tino comercial. Há dois anos, quando criaram a Adam Capital, eles fugiram do modelo elitizado de gestores consagrados que só ficavam disponíveis para clientes milionários e resolveram seguir uma tendência que já vinha se consolidando no mercado brasileiro: deixar o fundo acessível na plataforma das empresas de investimentos. Na XP, por exemplo, o Strategy permite aplicações a partir de R$ 25 mil, muito abaixo dos milhões que já foram necessários para acessar produtos deste nível. Isso faz com que o fundo ganhe uma capilaridade enorme, que contribui para o sucesso do gestor.
A combinação entre acessibilidade e resultados bem acima da média do mercado podem explicar o êxito da Adam Capital. Afinal, Appel lembra que o investidor brasileiro quer mesmo é dinheiro na conta. “Se for para ganhar pouco as pessoas não se mexem”, disse ele. Em tempo: quem investiu no Strategy desde seu lançamento na plataforma da XP, em 30 de junho de 2017, ganhou 17%, equivalente a 312% do CDI.
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