Líder de nova ‘superbancada’ da Câmara, PSDB começa a sair do isolamento político

Nas sombras, ao seu estilo silencioso, Alckmin opera para se consolidar como único candidato da centro-direita reformista nas eleições

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A conformação da maior frente parlamentar da Câmara dos Deputados, com 11 partidos e controle de 39% dos assentos da casa, evidencia o início de uma volta por cima do PSDB, ausente de posições de destaque na política nacional desde a conclusão do processo de impeachment de Dilma Rousseff, o crescimento dos atritos internos e os efeitos das delações de executivos do grupo J&F.

Desde a última quarta-feira, o partido passou a liderar um bloco composto por siglas importantes do chamado “centrão”, como PSD, PR, PRB, PTB e Solidariedade. Também fazem parte do grupo PPS, PV, PROS, PSL e PRP. Boa parte do movimento exige créditos ao atual líder da bancada tucana na casa, deputado Nilson Leitão (MT), e do presidente do partido, o governador Geraldo Alckmin, presidenciável pela sigla.

Apesar de o novo bloco não representar a formalização de uma coalizão para as eleições presidenciais que se aproximam, o episódio pode servir como uma demonstração da força política tucana e o início de uma de suas mais severas crises, cujo ápice ocorreu com a derrocada do senador Aécio Neves (MG), nome que seria o natural candidato tucano ao Palácio do Planalto em outubro.

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Na prática, o campo de atuação do bloco pode ser limitado em termos de influência sobre a agenda legislativa, a menos que haja uma significativa construção de unidade. Para os tucanos, contudo, o movimento coloca os parlamentares da legenda em posição favorável à conquista de relatorias setoriais importantes na Comissão Mista de Orçamento, que determinará a alocação de recursos do primeiro ano do próximo governo. Se tal perspectiva se confirmar, o PSDB terá desbancado em parte siglas como MDB e PP, que normalmente controlam este tipo de agenda.

Embora não empolgue nas pesquisas de intenção de voto, Geraldo Alckmin tem feito movimentos importantes nos bastidores da política. O governador paulista está cada vez mais confiante de que PPS e PTB deverão estar com ele na corrida presidencial. Além disso, o PSD, de Gilberto Kassab, também caminha para um acerto, o que também pode vir a ocorrer com o DEM futuramente. O PV é outro de tende a consolidar aliança com o tucano. A consolidação de alianças é condição vital para a viabilização de candidaturas à eleições majoritárias, sobretudo em uma disputa com menos recursos para campanha devido ao impedimento do financiamento empresarial.

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Muita água ainda precisa passar debaixo da ponte, mas, nas sombras, ao seu estilo silencioso, o governador tucano vem operando para se consolidar como único candidato da centro-direita reformista nas eleições presidenciais, a contragosto do presidente Michel Temer, que intensificou ações com vistas à disputa por sua sucessão. Ainda há muitos erros para o PSDB reparar antes de confirmar um candidato competitivo para a corrida de outubro, mas importantes nós já foram desatados e o partido já começou a sair do isolamento político em que se meteu. Basta lembrar a briga de poucos meses atrás entre Tasso Jereissati (CE) e Marconi Perillo (GO) durante a derrocada de Aécio Neves.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.