Vitória de Temer teve custo de pelo menos R$ 13,2 bi, diz jornal – mas cifra não “assusta” mercado

Em levantamento, Valor destacou três iniciativas de "pacote de bondades" do governo para agradar parlamentares; contudo, agentes de mercado devem "relevar" o que chama de "escorregões" na área fiscal, se Temer seguir adiante com a Previdência 

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – A vitória obtida na última quinta-feira (3) teve um custo alto para os cofres públicos e vai doer para o setor privado, de acordo com levantamento feito pelo jornal Valor Econômico. O jornal aponta que apenas três iniciativas de um “pacote de bondades” recente para agradar aos parlamentares – a liberação de emendas, o refinanciamento de dívidas de produtores rurais e o aumento dos royalties da mineração – somam uma conta de R$ 13,2 bilhões. O enfraquecimento político também pode gerar frustrações na arrecadação federal, com um atraso na reoneração da folha de pagamento e mudanças no projeto do Refis.

Dos R$ 4,15 bilhões dos empenhos de emendas parlamentares, 95% ocorreram entre junho e julho, período coincide com as vésperas da votação da denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Temer na CCCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e, logo em seguida, no plenário da Câmara. Nos primeiros dois dias de agosto, o valor empenhado supera toda a liberação de janeiro a março. Já o peso para o setor privado vem da Medida Provisória que muda os royalties da mineração e  deve elevar em R$ 1,5 bilhão as receitas de prefeituras e Estados produtores. O reforço no caixa agradou especialmente a bancada de Minas e Pará, aponta o jornal.

Em entrevista para o jornal, Ricardo Ribeiro, analista da MCM Consultores, diz que agentes de mercado devem “relevar” o que chama de “escorregões” no fiscal, se Temer seguir adiante com a Previdência (na visão de alguns analistas de mercado, a vitória do governo de ontem apontou para maior força para passar as reformas estruturantes). Mas no fim, se a reforma não passar, a análise tende a ser mais negativa. Já para Christopher Garman, diretor para mercados emergentes da Eurasia, é exagerada a visão de que o governo abriu mão do controle fiscal para sobreviver, ressaltando ainda que o efeito das emendas sobre a meta fiscal é pequeno e que o Funrural não reduz a arrecadação – porque esse é um caixa que não estava entrando. Contudo, ressalta que suas condições e o momento da aprovação tenham sido usados politicamente.

Newsletter

Infomorning

Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.