“Dança das cadeiras”, acordão à vista e protestos: confira o resumo político do fim de semana

Novo ministro da Justiça e reuniões do presidente Michel Temer para "salvar" o governo foram os destaques; segunda-feira também começa agitada

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Em tempos de crise política, todos os dias são importantes para o governo e esse final de semana foi mais uma prova disso. Entre sábado (27) e domingo (28), Michel Temer se reuniu com ministros tucanos, escreveu artigo em sua defesa, cobrou uma agenda positiva dos ministérios e foi ver de perto o estrago que os temporais causaram em Alagoas.

Neste meio tempo, muita especulação sobre o processo de eleições indiretas, “danças da cadeiras” no governo e mais um escândalo, desta vez envolvendo esquema de propina em troca de créditos tributários. Perdeu tudo isso? Então confira o resumo político do final de semana:

Final de sexta/sábado
O final de semana na verdade começou na sexta-feira (26) por volta das 16h00, horário de Brasília, quando o mercado foi surpreendido com a carta de demissão de Maria Silvia do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Paulo Rabello de Castro, então presidente do IBGE, assumirá o cargo. 

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Logo pela manhã de sábado, uma enxurrada de notícias envolvendo o cenário político. Começando pela matéria do ‘O Estado de S. Paulo’, relatando que um grupo de parlamentares está articulando uma maneira de fazer a sucessão de Temer na presidência por meio de eleições indiretas em um acordo que envolveria livrar Lula e o atual presidente das investigações de Sérgio Moro na Lava Jato.

Na esteira da Lava Jato, está cada vez mais próxima a delação de Rodrigo Rocha Loures, segundo informações do Radar Online da Veja. Loures pode contar sua atuação em favor do Grupo Rodrimar, alvo de buscas da Polícia Federal, na área de Portos. No governo Dilma, ele usava o nome de Temer para defender interesses dessa empresa.

Em meio a todo esse turbilhão, Temer organizou um almoço no Jaburu com ministros tucanos para convencer o PSDB a ficar na base do governo. Participam do encontro: Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), Bruno Araújo (Cidades), Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional). Pela tarde, o presidente encontrou-se com os caciques do PMDB, que contou com a presença de José Sarney.

A preocupação de Temer em relação a perda de aliados tem fundamento. Com o agravamento da crise política por conta da delação dos donos da JBS, Temer perdeu 4 partidos que apoiavam o governo (PSB, PPS, PTN e PHS), totalizando 66 deputados. Portanto, dos 413 deputados que apoiavam o governo antes das delações, restam 347. Vale destacar que não se trata de uma conta exata, pois alguns desses parlamentares ainda apoiam o governo, mas serve para ter uma dimensão da perda de espaço de Temer.  Por conta deste movimento contrário ao governo, cresce a cada dia a possibilidade de eleição indireta.

Sobre esse último assunto, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, negou que há um acordo entre diferentes partidos para eleger um nome contrário à Operação Lava Jato em uma eventual eleição indireta no caso de afastamento de Temer. Porém, segundo informações de bastidores, Alckmin de fato está apoiando Tasso Jereissati para uma possível eleição indireta, garantindo em troca o apoio à sua candidatura em 2018. Vale lembrar que o senador é um dos nomes para sucessão, que conta ainda com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Falando em eleições, uma pesquisa do jornal ‘Folha de S. Paulo’ relatou que a maioria do Congresso é contra mudar a Constituição para convocar eleições diretas caso o presidente deixe o poder.

Domingo

O domingo começou com uma denúncia do jornal O Globo sobre um esquema de propina em troca de créditos tributários, conforme informações retiradas de uma das delações premiadas da Lava Jato. Tivemos também o artigo de Temer para a ‘Folha de S. Paulo’, qual o presidente se declarou “à serviço das reformas” e reafirmou que o Brasil não vai parar por causa da crise política. Junto à matéria, o jornal afirmou que o presidente está preparando uma agenda positiva para anunciar nos próximos dias na tentativa de minimizar os efeitos da crise política.

Para completar, às 11h00, horário de Brasília, foi iniciado um protesto contra o governo em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro. Os manifestantes ocuparam as ruas com gritos de “fora temer” e “diretas já”, como também contaram com a participação de artistas contrário ao atual governo, como o cantor Caetano Veloso.

Durante a tarde, mais uma vez fomos surpreendidos com a “dança das cadeiras” do governo. Por volta das 14h00, horário de Brasília, foi anunciado a troca do ministro Torquato Jardim do Ministério da Transparência para o comando do Ministério da Justiça, substituindo Osmar Serraglio (PMDB-PR), que estava no cargo desde março. Focado em direito eleitoral, Torquato já defendeu a cassação conjunta da chapa Dilma-Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Por fim, o presidente teria um encontro com a equipe econômica, mas foi às pressas se encontrar em Maceió, com o prefeito da cidade, Rui Palmeira (PSDB), e com o governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB), para discutir a situação das áreas atingidas pelas chuvas. O governo alagoano decretou situação de emergência na capital, onde pelo menos quatro pessoas morreram e mais de mil famílias estão desabrigadas.

Segunda-feira começa agitada

Para não perder o ritmo, a semana começa bastante agitada. Por conta do cancelamento no domingo, o encontro com a equipe econômica ocorrerá nesta segunda-feira (29) às 10h00, horário de Brasília. Para completar a manhã, destaque para a entrevista do novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, ao jornal ‘Folha de S. Paulo’. Ele afirmou que avalia alterar o comando da Polícia Federal e disse que não há crise política no País.

Ainda sobre Jardim, segundo matéria do Valor Econômico, o ministro está traçando um roteiro para o presidente se salvar no TSE e tentar superar a crise. Por conta de toda essa crise política e especulações, os partidos de oposição prometem obstruir as votações em protesto contra o governo Michel Temer e as reformas propostas pelo presidente ao longo desta semana. 

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