Eu escolho a minha notícia

Será que os meios de comunicação tradicionais (incluindo os digitais) conseguirão de reinventar e se tornar novamente atrativos?

Equipe InfoMoney

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Renato Acciarto é jornalista

No final da década de 1970, da minha infância lembro-me do momento cerimonioso das 8 horas, para assistir ao Jornal Nacional. 

O boa noite de Sergio Chapelin marcava que o momento da brincadeira havia acabado e era preciso o silêncio para meus pais se atualizarem com o que estava acontecendo no mundo. Naquela meia hora, a Globo veiculava as notícias que ela julgava mais importantes para o brasileiro.

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A TV naquele momento era o veículo de informação mais democrático e o JN o mais disparado em relevância, praticamente a única fonte de informação da esmagadora maioria da população.

Quatro décadas depois, muita coisa mudou, principalmente com a chegada da internet. Fatos que ganham as ruas quase que em tempo real causaram um desequilíbrio principalmente para os veículos de comunicação impressos, que ficaram com o peso de contarem uma história diferente na manhã seguinte. Os jornais com isso ganharam “cara de ontem” da noite para o dia.

O consumidor de informações nessas quatro décadas viu muita mudança no tocante as mídias (meios digitais, mídias sociais) mas é nos últimos tempos que ele tem dado o seu passo mais marcante.

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Muito além das diferentes ferramentas de comunicação, hoje o grande desafio é poder dar ao leitor/telespectador a notícia que ele/ela quer ouvir.

Explico.

Cada leitor/telespectador tem diferentes interesses no tocante aos temas. E com a proliferação de fontes de informação, ele começou a ser mais seletivo e com isso, cada vez mais, está mais reticente a meios impositivos de comunicação. Não é você que escolhe as notícias mais importantes para mim, eu é que opto pelo que eu quero ler/ouvir.

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Quem diria, até os canais a cabo perdem seguidamente espaço para o Youtube. Daí a necessidade de se aproximar mais do meu consumidor. Na linguagem, mais informal, dar a impressão de uma conversa mais aberta, amigável. A televisão já tem feito isso na maioria de seus telejornais (o que ainda não se aplica para os telejornais do horário nobre, que permanece durões, nos quais os apresentadores ainda em tom professoral continuam presos a uma bancada).

Mas não é só isso. Não basta apenas ser mais informal nas chamadas e reportagens. Elas têm que ser mais humanizadas, contar histórias a partir das pessoas. Até as de Economia.

A notícia informativa está perdendo espaço no interesse do leitor/espectador. A comunicação de massa tem que começar a falar e contar também sobre tribos. Micromundos que devem ser apresentados. Para isso, tem de haver uma grande transformação na formação da reportagem. Os meios de comunicação têm que deixar de serem pautados apenas pelos fatos do dia. Eles têm que gerar histórias únicas, nas quais não há fato aparente se não houver um mergulho naquela realidade.

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Me diga o que eu não sei e não o que já está nos portais.

O jornalismo tem as cinco perguntas de ouro, que a partir delas de prepara uma reportagem. O que, Quem, Como, Onde e Por quê?

Será que o “Por quê?” não tem sido deixado de lado em reportagens extremamente rasas travestidas de meramente informativas? A distância desses microcosmos, ou dessas tribos, por parte da mídia tem sido em minha opinião seu maior carrasco. Dá espaço aos bloggers, influenciadores digitais que contam as histórias ou detalham aquele assunto de interesse para determinado público.

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Será que os meios de comunicação tradicionais (incluindo os digitais) conseguirão de reinventar e se tornar novamente atrativos?

O desafio está posto, mas saiba que daqui para a frente, eu escolho a minha notícia.