Temos um “culpado”: o que estava por trás da queda do Ibovespa no começo do mês?

"Como não houve mudança nos fundamentos de longo prazo, acredito que os preços estão extremamente atraentes nos níveis atuais", afirma Marcio Appel, gestor da Adam Capital

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Em meio a euforia pelo ritmo de queda da Selic adotado pelo Banco Central e novo topo histórico cravado em 78.024 pontos, não faltavam projeções que outubro seria mais um mês de fortes ganhos para o Ibovespa, mas o índice empacou sob a região de 77 mil pontos e os investidores começaram especular sobre esse súbito desinteresse do mercado por novas altas, mesmo em meio ao cenário bastante favorável. Até que chegou novembro e a queda de 3.500 pontos da abertura do dia 1º até o fechamento de 14 de novembro, quando o índice cravou mínima em 70.825 pontos, abriu a temporada de caças as bruxas para encontrar um “culpado” deste movimento.

Muito se especulou sobre a derrocada do mercado, com alguns apontando o fracasso de Michel Temer em avançar com a agenda de reformas como gatilho para as vendas, enquanto outros colocavam na conta de Donald Trump e as dificuldades de aprovar sua esperada reforma tributária no Senado norte-americano. No final das contas, quem estava por trás da queda do Ibovespa no começo do mês eram os investidores estrangeiros, que aproveitaram para realizar parte dos lucros após alta de 100% do mercado desde 2016, conforme explica Marcio Appel, gestor da Adam Capital, em entrevista exclusiva ao InfoMoneyconfira a reportagem completa.

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Com 47% de participação nas negociações na bolsa brasileira, acompanhar as movimentações dos estrangeiros sempre foi um bom indicativo sobre a tendência do Ibovespa, tendo em vista que cerca de metade de todas as transações efetuadas partem desses investidores. Não por acaso, verificar o ritmo de compras e vendas dos estrangeiros neste mês ajuda explicar (e muito) o desempenho do índice até 14 de novembro, quando cravou mínima em 70.825 pontos. Segundo dados publicados pela B3, o saldo dos investidores estrangeiros no segmento Bovespa entre os dias 1º e 14 de novembro, período que o Ibovespa recuou 5%, ficou negativo em R$ 2,96 bilhões. Para se ter uma ideia, nestes nove dias de negociação, apenas em 8 de novembro o saldo entre compras e vendas ficou no positivo (R$ 15,2 milhões).

Data Saldo do Investidor Estrangeiro Ibovespa (Fechamento)
01/11/2017 – R$ 258,1 milhões 73.823 pontos
03/11/2017 -R$ 217,2 milhões 73.915 pontos
06/11/2017 -R$ 339,5 milhões 74.310 pontos
07/11/2017 -R$ 962,6 milhões 72.414 pontos
08/11/2017 +R$ 15,2 milhões 74.363 pontos
09/11/2017 -R$ 340,2 milhões 72.930 pontos
10/11/2017 -R$ 345,6 milhões 72.165 pontos
13/11/2017 -R$ 215,4 milhões  72.475 pontos
14/11/2017 -R$ 294,9 milhões 70.826 pontos

Por conta de sua influência no mercado, quando os estrangeiros não operam, o volume na bolsa brasileira diminui bastante e a tendência é que ela fique sem um “norte”. Por isso, na próxima quinta-feira (23), quando será comemorado o dia de Ações de Graça nos EUA, os investidores devem esperar por um marasmo na bolsa, assim como na sexta-feira (24), quando a bolsa norte-americana encerrará seus negócios mais cedo – a partir das 16h00 (horário de Brasília).

Recíproca verdadeira

Seguindo essa mesma lógica, no dia 16 de novembro, quando o mercado disparou 2,38% e revelou a força de compra presente na faixa de 71 mil pontos (veja mais aqui), o saldo foi positivo em R$ 187,1 milhões, comprovando que os investidores estrangeiros aproveitaram a queda das ações e melhores preços para encherem o carrinho: “como não houve mudança nos fundamentos de longo prazo, acredito que os preços estão extremamente atraentes nos níveis atuais”, afirmou Marcio Appel.

Apesar do resultado positivo na última quinta-feira, o saldo no acumulado deste mês ainda está negativo em R$ 2,77 bilhões, resultado de R$ 45,6 bilhões na compra e R$ 48,3 bilhões na ponta vendedora. Se encerrar no campo negativo, esse será o segundo mês consecutivo de queda, já que em outubro o saldo ficou negativo em R$ 1,8 bilhão.