Temer “joga a toalha” e novo rali do mercado parece cada vez mais distante

Temer admite que reforma da Previdência pode não passar em seu mandato, nem mesmo um texto mais enxuto

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Depois da recuperação acompanhada no pregão passado, o Ibovespa acelerou as perdas neste começo de tarde e registrava baixa de 2,32%, aos 72.583 pontos, às 14h24 (horário de Brasília) desta terça-feira (7), pressionado após o governo colocar em xeque o andamento da reforma da Previdência, fato que altera diretamente a percepção dos investidores quanto a um novo movimento de alta do mercado.

No final da tarde de segunda-feira (6), Temer se reuniu com líderes da base aliada para discutir o andamento da pauta do plenário da Câmara dos Deputados, vital para o andamento da reforma da Previdência. Porém, o chamado do presidente não foi completamente atendido, já que os líderes do PP, PTB e inclusive PSDB, partido que está criando um racha no governo, não compareceram ao encontro. O presidente admitiu que a reforma pode não passar em seu mandato, nem mesmo um texto mais enxuto, mas um eventual revés não inviabiliza seu governo e que seguirá trabalhando pela aprovação, mesmo que projeto tenha de ser complementado pelo próximo presidente.

Os próprios líderes partidários não garantiram que a proposta, em tramitação no Congresso, seja aprovada ainda este ano em vista da falta de capital político, que foi gasto por Temer para se salvar das duas denúncias de Rodrigo Janot. O descontentamento de grande parte da base aliada tem relação à situação do PSDB no governo, que, mesmo sem apoiar Temer condicionalmente, ainda possui voz nos ministérios, enquanto os aliados do “centrão”, que votaram a favor do presidente na Câmara, estão “a ver navios”.

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Ressentidos por estarem fora do governo depois de livrar o presidente das denúncias de Janot, a base aliada pretende sabotar projetos do governo na Câmara para pressionar Temer fazer uma reforma ministerial e acomodar os aliados do “centrão”, de acordo com matéria da Folha de São Paulo. Com o circo pegando fogo, o próprio Rodrigo Maia aconselhou Temer a reorganizar a sua base aliada para aprovar as reformas, assim como destravar as pautas do Congresso, mas o presidente segue ancorado no PSDB.

Com a reforma da Previdência em xeque e a iniciativa dos parlamentares para manter os reajustes do funcionalismo público, que apresentaram mais de 236 emendas para mudar a proposta original, fatores que colocam o ajuste fiscal em risco, o mercado está sem um gatilho para buscar o topo histórico em 78.024 pontos, movimento que poderia vir dos juros, mas o Banco Central na ata da última reunião deixou claro que o ritmo de cortes dependerá dos esforços do governo para aprovar a reforma da Previdência – veja mais aqui.

Por conta do aumento das incertezas, o dólar futuro com vencimento em dezembro registrava valorização de 0,97%, aos 3.291 pontos, enquanto os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 sobem 2 pontos-base, cotados a 7,29%, enquanto de 2021 subiam 9 pontos-base, aos 9,37%.

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Destaques do mercado

Do lado negativo, destaque para as ações da Smiles (SMLS3), que recuam após apresentar resultado abaixo do esperado pelo mercado (veja mais aqui), enquanto os papéis da Eletrobras (ELET3; ELET6) sobem após Temer enviar ao Congresso o projeto de lei para aprovação da privatização da empresa.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 USIM5 USIMINAS PNA 8,08 -8,91 +97,07 184,06M
 SMLS3 SMILES ON 75,58 -8,38 +81,82 106,94M
 GOAU4 GERDAU MET PN 4,88 -6,69 +1,67 47,21M
 BBAS3 BRASIL ON 31,53 -4,80 +14,68 251,89M
 CCRO3 CCR SA ON 16,71 -4,68 +8,40 791,79M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ELET3 ELETROBRAS ON 21,25 +2,56 +0,63 81,67M
 KROT3 KROTON ON 17,70 +1,67 +35,60 93,02M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 24,28 +1,17 -0,39 56,65M
 EMBR3 EMBRAER ON 16,42 +0,98 +4,01 49,27M
* – Lote de mil a??es
1 – Em reais (K – Mil | M – Milh?o | B – Bilh?o)

Eleições 2018

Enquanto isso, as movimentações sobre 2018 seguem no radar. Após o economista Adolfo Sachsida, pesquisador do IPEA, aparecer como um dos conselheiros econômicos informais do presidenciável Jair Bolsonaro, a colunista Mônica Bergamo, da Folha, destacou possíveis nomes aventados caso o apresentador Luciano Huck se candidate. Segundo a coluna, Huck fala em ter Joaquim Barbosa e até mesmo Geraldo Alckmin em ministério de notáveis. Porém, ele não se decidiu sobre a candidatura.

Segundo o Valor Econômico, o deputado Jair Bolsonaro considera o economista Mansueto Almeida, que está à frente da Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, como um bom nome para o Ministério da Fazenda caso vença a eleição presidencial. A matéria ainda comenta as conversas entre Bolsonaro e o economista Adolfo Sachsida, na qual o deputado se mostra favorável a um BC independente, a uma Reforma Tributária com simplificação de tributos e ao tripé macroeconômico.

Na última segunda-feira, Sachsida negou que tenha sido contratado para dar aulas ao presidenciável Jair Bolsonaro, deputado federal pelo PSC, conforme noticiado no jornal O Estado de S. Paulo: “eu tenho conversado com o deputado Bolsonaro e trocamos muitas ideias sobre economia. Nessas conversas, o deputado expõe suas ideias e ouve as minhas. Em geral, concordamos muito sobre a importância de um governo liberal na área econômica, um governo nos moldes de Ronald Reagan e Margareth Thatcher”, afirmou o economista.

Agenda econômica

No Brasil, o indicador de destaque é a produção de veículos de outubro da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), que será revelada às 11h20. Já nos EUA, atenção para o discurso de Janet Yellen às 17h30, repercutindo a nomeação de Jerome Powell como presidente do Fed.

Vale destacar que, nesta terça, acontece o “Fórum Mackenzie de Liberdade Econômica”, promovido pelo Centro Mackenzie de Liberdade Econômica e o UM BRASIL, plataforma multimídia da FecomercioSP. Um dos principais destaques será o painel “Economias Liberais”, moderado pelo editor-chefe do InfoMoney Thiago Salomão, que contará com a presença do economista e filósofo Joel Pinheiro da Fonseca – filho de Eduardo Giannetti da Fonseca -, do secretário de Gestão da prefeitura de São Paulo e ex-CEO do Lide, Paulo Uebel, além do pesquisador do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), Samuel Pessôa. Confira mais clicando aqui. 

Bolsas mundiais

Em um dia relativamente fraco de indicadores nos EUA, o dólar volta se fortalecer no exterior em linha com a alta da taxa de retorno dos Treasury bonds, enquanto os índices acionários se valorizam principalmente pelas commodities. As ações europeias sobem acompanhando altas nas bolsas asiáticas, com ações de energia sendo favorecidas pelo petróleo, que se sustenta acima dos US$ 57 em meio a receios sobre estabilidade política na Arábia Saudita.

Às 14h26, este era o desempenho dos principais índices:

*Dow Jones (EUA) +0,13%

*S&P 500 (EUA) +0,15%

*Nasdaq (EUA) +0,05%

*CAC-40 (França) -0,16%

*FTSE (Reino Unido) -0,31%

*DAX (Alemanha) -0,11% 

*Hang Seng (Hong Kong) +1,39% (fechado)

*Xangai (China) +0,80% (fechado)

*Nikkei (Japão) +1,73% (fechado)

*Petróleo WTI -0,27%, a US$ 57,22 o barril

*Petróleo brent -0,53%, a US$ 63,93 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +3,08%, a 469 iuanes