O relatório que “ajudou” os 4 principais bancos a perderem quase R$ 24 bi hoje na Bovespa

Analistas rebaixaram recomendação para Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil e Santander Brasil para underperform, assim como o Itaúsa, enquanto mantiveram recomendação neutra para Banrisul

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Além do cenário político, que fez o Ibovespa registrar queda superior a 4% nesta terça-feira (13) em meio ao cenário político de turbulência, um fator adicional fez com que as ações dos bancos tivessem uma forte queda nesta sessão, registrando uma perda acumulada de R$ 23,66 bilhões apenas hoje. 

O Credit Suisse rebaixou a recomendação para as ações de diversos bancos, Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 27,97, -5,35%), Bradesco (BBDC3, R$ 25,16, -5,59%; BBDC4, R$ 22,68, -5,46%), Banco do Brasil (BBAS3, R$ 16,97, -8,32%), Santander Brasil (SANB11, R$ 14,12, -8,90%) e Itaúsa (ITSA4, R$ 7,68, -4,36%) de neutro para underperform (desempenho abaixo da média do mercado), enquanto o Banrisul (BRSR6, R$ 5,79, -7,51%) teve a recomendação neutra mantida. Os papéis dos quatro principais bancos – Itaú, Bradesco, BB e Santander – tiveram forte baixa nesta sessão, acumulando uma perda de valor de mercado de cerca R$ 24 bilhões apenas na sessão desta terça-feira, com o banco suíço vendo um cenário bastante desafiador para as instituições financeiras. 

Apenas para os papéis do Itaú, a perda de valor de mercado é de cerca de R$ 8,15 bilhões, com o valor de mercado passando de R$ 172,2 bilhões para R$ 164,1 bilhões, enquanto a perda de valor de mercado para o Bradesco foi de R$ 7,3 bilhões, de R$ 127,8 bilhões para R$ 120,54 bilhões. O Banco do Brasil perdeu R$ 4 bilhões, passando a um valor de mercado de R$ 48,6 bilhões, enquanto o Santander Brasil perdeu R$ 3,8 bilhões. 

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No relatório do Credit, o preço-alvo dos papéis do Itaú foi reduzido de R$ 37,00 para R$ 30,00, o do Bradesco de R$ 35,00 para R$ 26,00, o do BB de R$ 27,00 para R$ 19,00, do Santander de R$ 16,00 para R$ 15,00, da Itaúsa de R$ 10,60 para R$ 8,20 e do Banrisul de R$ 12,00 para R$ 7,00. 

Os analistas do banco suíço, Marcelo Telles, Lucas Lopes, Alonso Garcia e Victor Schabbel destacam que a deterioração mais rápida do Brasil em termos macroeconômicos se traduziram numa perspectiva muito mais desafiadora para os bancos brasileiros.

Eles destacam que, em 2016, com três anos da performance acumulada do PIB atingindo o pior nível deste 1983 no próximo ano, este pode ser o ambiente mais desafiador operacionalmente em 15 anos. Assim, somada a maior taxação, os analistas estão cortando a expectativa para o preço sobre lucro para 2016/2017 em 19% em média, o que implica em queda de 15% no lucro no próximo ano. A visão deles é de que o mercado está superestimando a NII (receita líquida de juros) e subestimando o crescimento das provisões em 2016. 

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Os analistas acreditam que o mercado está falhando em explicar a deterioração dos fundamentos da indústria, com expectativa de que todos os bancos (sem exceção) tenham ROEs (retorno sobre patrimônio líquido) abaixo de seu custo de capital ao longo dos próximos dois anos. O valuation não estaria barato. O cenário só mudaria com uma melhora súbita no cenário político no Brasil, que aumentaria a confiança do mercado em uma política fiscal sustentável e melhores perspectivas de crescimento a longo prazo, traduzindo-se em menor custo de capital próprio.

“Enquanto o portfólio de cliente dos bancos e o mix de produtos mudaram para melhor e o crescimento do crédito desacelerou significativamente ao longo dos últimos três anos, acreditamos que isto não é suficiente para evitar um grande aumento no custo do risco uma vez que a penetração de crédito é muito mais elevada do que a níveis históricos e a prolongada magnitude da desaceleração econômica é de níveis sem precedentes em mais de 30 anos”, afirmam os analistas. O time de análise do banco avalia que há todos os ingredientes para um ano fraco sem precedentes à frente: assim, a deterioração mais rápida do Brasil traduz-se numa perspectiva muito mais desafiadora para os bancos brasileiros. 

Segundo os analistas, seguindo um desempenho positivo de 12% no acumulado do ano e apesar da alta qualidade de gestão e da eficiência, o rebaixamento do Itaú deveu-se em meio a um valuation e a pior relação risco-retorno. Os anos que se seguem, 2016 e 2017, serão os que o retorno sobre o patrimônio líquido finalmente encontrará o custo de capital.

O mesmo cenário pode ser apontado para o Bradesco que, apesar da boa gestão e a compra – vista como construtiva – do HSBC Brasil, enfrentará um cenário mais desafiador no âmbito macroeconômico. Os analistas cortaram a perspectiva de lucro por ação em 28% para os próximos dois anos.

Já para o Banco do Brasil, a menor lucratividade e maior alavancagem operacional reforçam um cenário de pior relação risco-retorno e motivam uma queda de 26% do preço-alvo. Além disso, o banco estatal segue sendo mais vulnerável frente os seus pares do setor. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.