6 dias no vermelho para estatais e bancos; CCR desaba com “dedo gordo”

Destaque para forte queda de mais de 3% das ações do Banco do Brasil, que foram pressionadas, além de expectativas políticas, pela notícia sobre o Fundo Soberano do Brasil

Paula Barra

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SÃO PAULO – Em meio às incertezas sobre o cenário eleitoral, as ações das estatais e bancos vivem os últimos seis dias no vermelho, assim como o Ibovespa, que registrou nesta quinta-feira sua sexta queda em sete pregões. O índice encerrou esta sessão em baixa de 1,52%, 55.962 pontos. Hoje, o mercado aguarda pela divulgação da pesquisa Vox Populi, que deve sair no site da “Carta Capital”, enquanto para amanhã é esperado o Datafolha, no Jornal Nacional.

Além dessas ações, chamou atenção hoje também o desempenho das ações da Vale (VALE3; VALE5), que continuam sendo penalizadas pelo preço do minério de ferro – principal produto da mineradora. A commodity renovou nesta sessão seu menor patamar em 5 anos. No mesmo sentido, os ativos da Bradespar (BRAP4), holding que detém participação na mineradora, caem forte hoje. 

Outro destaque nesta sessão também foram os papéis da CCR (CCRO3), que chegaram a desabar quase 6% por conta de um movimento conhecido no mercado como “dedo gordo”. Fora do índice, as ações da Eternit (ETER3) subiram forte um dia depois dos acionistas da empresa aprovarem o desdobramento dos papéis da companhia na razão de 2 para 1. 

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Confira os principais destaques da Bolsa:

Petrobras e bancos
As ações da estatais e bancos vivem os últimos seis pregões no vermelho em meio às indefinições políticas. Hoje, os papéis da Petrobras (PETR3, R$ 18,82, -1,41%; PETR4, R$ 19,84, -1,93%), Bradesco (BBDC3, R$ 36,64, -2,48%; BBDC4, R$ 36,77, -2,39%), Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 36,18, -3,13%), Itaúsa (ITSA4, R$ 9,80
, -2,88%) e os ordinários da Eletrobras (ELET3, R$ 7,04, -0,28%) registraram sua quinta queda em seis sessões, enquanto as ações do Banco do Brasil (BBAS3, R$ 28,92, -3,60%) encerraram em sua sexta baixa consecutiva. Os papéis preferenciais da Eletrobras (ELET6, R$ 10,40, +0,39%) fecharam na quarta queda no mesmo período.

No caso do BB, repercute nas ações ainda a notícia de ontem de que o Fundo Soberano poderia recorrer à uma venda de ações do Banco do Brasil como forma de cobrir o saque de R$ 3,5 bilhões do governo na segunda-feira (22) indicava que essa pressão vendedora poderia derrubar o preço dos papéis do banco na Bovespa. Pois bem, se no pregão anterior a reação destas ações foi tímida – queda de apenas 0,46% -, o movimento desta quinta-feira  sinaliza que as vendas pelo Fundo podem ter começado. O volume financeiro negociado também impressionou: R$ 295 milhões, contra média diária R$ 334 milhões nos últimos 21 pregões. 

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Vale (VALE3, R$ 27,35, -1,05%; VALE5, R$ 24,25, -0,61%)
As ações da Vale foram pressionadas novamente pelo preço do minério de ferro – principal produto da exportadora. A commodity renovou sua mínima histórica e fechou esta sessão em US$ 78,60 por tonelada.

Hoje, uma das suas principais concorrentes, a mineradora global BHP Billiton minimizou a chance de uma recuperação nos preços do minério de ferro, dizendo que as recentes quedas refletem a realidade da oferta e demanda no mercado. A commodity tem visto uma queda quase ininterrupta desde meados de julho, perdendo quase 20% do seu valor. 

CCR (CCR3, R$ 17,50, -4,11%)
As ações da CCR chegaram a liderar as perdas do Ibovespa nesta sessão depois de desabarem quase 6% por conta de um movimento conhecido no mercado como “dedo gordo”. Os papéis da empresa entraram em leilão às 15h (horário de Brasília) e ficaram paralisados por cerca de 10 minutos na Bolsa. Quando voltaram a ser negociados, apresentavam queda de 5,97%, mas em seguida já amenizaram o movimento. As ações encerraram a sessão com queda de xxx%.

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A expressão “dedo gordo” se explica pelo erro de digitação da ordem enviada. Quando uma oferta vendedora muito pesada é enviada, os preços são pressionados para baixo, provocando uma disparada nas ordens de “stop loss” posicionadas pelos traders, o que gera um movimento negativo ainda mais forte. Quando uma oscilação muito atípica acontece, a Bovespa costuma suspender os negócios com este papel, deixando-os congelados como forma de acalmar o mercado e evitar um “efeito manada” por parte dos investidores.

No radar da empresa, tem ainda a notícia de que os membros do comitê do FI-FGTS aprovaram ontem um investimento no grupo no valor de R$ 630 milhões, informou o Valor. O montante será em debêntures para a subsidiária que administra a rodovia Presidente Dutra, entre Rio de Janeiro e São Paulo (CCR Nova Dutra). 

Eletropaulo (ELPL4, R$ 8,85, +1,26%)
Os papéis da Eletropaulo registraram alta de 3%, após novas informações sobre o reajuste nos preços de energia. O reajuste autorizado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), em julho, que era de 18,66%, deve passar para 21,96%, segundo o jornal Folha de São Paulo. Segundo a publicação, a mudança ocorre porque a empresa conseguiu uma liminar na Justiça que a desobriga de pagar aos consumidores R$ 626 milhões que a mesma Aneel havia determinado no início do ano.

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Saraiva (SLED4, R$ 14,21, -3,27%)
As ações da Saraiva caíram pelo 4º pregão consecutivo e atingiram seu menor patamar desde abril de 2009. Somente neste mês, os papéis da livraria apresentam queda de 16,75%. Ontem, a editora fechou a venda de livros no total de R$ 153,9 milhões ao Programa Nacional do Livro Didático de 2015. 

JBS (JBSS3, R$ 9,40, -0,53%)
Os papéis da JBS amenizaram as perdas desta sessão, após terem atingido queda de 2,43% na mínima do dia. No radar do frigorífico, segue a notícia de que o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) tem até o dia 29 para esclarecer ao Tribunal de Contas sobre os investimentos feitos pelo banco na JBS.

Eternit (ETER3, R$ 8,09, +3,85%)
As ações da Eternit subiram cerca de 2,50% no pregão pré-desdobramento. Na quarta-feira, os acionistas da Eternit aprovaram o desdobramento de suas ações na razão de 2 para 1. A mudança tem como base a posição acionária de 25 de setembro, ou seja, as ações passarão a ser negociadas “ex-desdobramento” em 26 de setembro, sexta-feira. 

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Na prática, cada ação da Eternit será desdobrada em duas, com o valor de face do papel sendo dividido pela metade para manter o valor de mercado proporcional – como a ação atualmente é negociada na faixa de R$ 7,80, cada ativo ETER3 passaria a valer R$ 3,90 depois do “split”. Dessa forma, o detentor de ações da companhia no fechamento de quinta-feira “acordará” na sexta com o dobro de papéis na carteira mas com a mesma posição financeira.

Após o desdobramento, o capital social da Eternit passará a ser representado por 179 milhões de ações. Como as ADRs (American Depositary Receipts) também serão desdobradas, a paridade existente entre as ações emitidas e os ADRs continuará sendo de 1:1.